Depois de se unir, aprimorar suas técnicas de cultivo e acessar projetos para obtenção de recursos e conhecimento, um grupo de agricultoras familiares de cacau no Espírito Santo se prepara para um novo desafio: a criação de uma agroindústria coletiva. O objetivo é produzir nibs de cacau, cacau em pó e manteiga de cacau, agregando valor à produção e conquistando novos mercados.
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Objetivo é produzir nibs de cacau, cacau em pó e manteiga de cacau
A iniciativa faz parte do coletivo Mulheres do Cacau, formado por 65 produtoras que atuam em cinco municípios capixabas. Em Linhares, 17 mulheres integram a associação local, que está em fase de captação de recursos para viabilizar a estruturação da agroindústria.
Segundo a presidente da entidade, Matilde Aparecida Garabelli Venturin, a ideia surgiu a partir da necessidade de maior autonomia para as produtoras, que já dominam o cultivo e beneficiamento do cacau, mas buscam avançar na comercialização de produtos derivados.
“Nosso objetivo é oferecer um produto minimamente processado, sem adição de ingredientes, atendendo tanto o mercado varejista quanto programas institucionais, como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que prioriza alimentos sem aditivos como o açúcar”, explica Matilde.
Para concretizar esse projeto, o grupo aguarda a aprovação final de um financiamento da Petrobras, que destina recursos para comunidades inseridas na área de atuação da petrolífera. A proposta já recebeu parecer favorável.
A trajetória do coletivo Mulheres do Cacau teve início em 2019 e ganhou força com o apoio do programa Elas no Campo e na Pesca, do governo estadual, e de instituições como o Incaper e o Imaflora. Por meio desses projetos, as agricultoras tiveram acesso a capacitações, intercâmbios e incentivos, como a doação de estufas e estruturas para fermentação do cacau.
Com a expectativa positiva para a obtenção do recurso, as produtoras aguardam a confirmação da parceria para dar início à estruturação da agroindústria, que deverá ser instalada em Linhares. A conquista pode representar um avanço significativo para a valorização do cacau capixaba e o fortalecimento da participação feminina na cadeia produtiva do setor.
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