A sucessão de Augusto Aras no comando da Procuradoria Geral da República (PGR) está gerando intensos debates e especulações em Brasília. Aras, conhecido por seu alinhamento com o governo Bolsonaro, surpreendeu muitos ao buscar redefinir sua imagem após a eleição do presidente Lula. O Procurador Geral da República atua perante o Supremo Tribunal Federal, sendo o Chefe do Ministério Público Federal e representante dos interesses da União, tendo poder de fiscalizar a execução e o cumprimento da lei em todos os processos sujeitos a seu exame. Nas próximas semanas, o presidente Lula indicará seu substituto, que integra um dos cargos mais estratégicos do governo.   *Texto com a colaboração de Jeulliano Pedroso, analista político

Quem pode ser escolhido para a vaga?

Augusto Aras se notabilizou pelo alinhamento ao governo do presidente Jair Bolsonaro, que foi quem lhe indicou, Levantamento de O Globo mostra que 95% das manifestações da PGR no STF foram favoráveis ao Governo Bolsonaro entre as 184 peças processuais. Contudo, após a eleição de Lula, buscou trabalhar pela própria recondução, alterando entendimentos e se alinhando ao próprio governo, como ao questionar a capitalização da Eletrobras, realizada em 2022. Aras conta com a simpatia do centrão e o afeto do Senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, e do também baiano Rui Costa, ministro da Casa Civil, e ressalta o passado político de familiares na construção do PT. Porém, a despeito de seus esforços, não deve ser conduzido. Seu mandato se encerra em setembro, e o presidente Lula deve indicar um novo nome após o retorno da reunião da Cúpula do G20. Sem a recondução de Aras, os principais candidatos são: Antonio Carlos Bigonha – ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República. Tem posição progressista, vocalizou duras críticas a Operação Lava Jato e conta com a simpatia de alas mais ideológicas do PT; Carlos Frederico Santos – é aliado de Aras, sendo responsável pelo caso dos investigados nos atos de 8 de janeiro e foi quem pediu recentemente a relação das pessoas que seguem ou que interagiram com as redes do ex–presidente Jair Bolsonaro; Mario Bonságlia – Doutor em Direito, é subprocurador geral da República e único que está na lista tríplice do Ministério Público, posição que também esteve nas indicações da presidente Dilma Rousseff e Michel Temer. Paulo Gonet – é vice-procurador-geral eleitoral. Foi responsável por defender a inelegibilidade de Bolsonaro no julgamento do TSE. Conta com o apoio dos Ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes (com quem já teve vínculo no Instituto de Direito Público) e Alexandre de Moraes, o que faz dele o favorito. Independentemente do escolhido, o próximo Procurador-Geral da República enfrentará desafios significativos em um momento de sucessivas derrotas do chamado Lavajatismo no STF, uma tendência que Lula buscará manter com sua indicação.

Luan Sperandio Colunista
Colunista
Analista político e Diretor de Operações do Ranking dos Políticos, uma das organizações mais influentes do Congresso Nacional.