A sexagem do mamão tem rendido muitos benefícios aos agricultores do Espírito Santo. Desenvolvido na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), resultado do pós-doutorado das pesquisadoras Fernanda Arêdes e Marcela Boechat, o estudo veio para atender a demanda dos produtores da fruta quanto à identificação sexual das plantas que, até então, só era possível meses após o plantio das mudas.

Tecnologia permite sexagem de mudas de mamão ainda no viveiro

Fernanda explica que a proposta é substituir a sexagem tradicional do mamoeiro pela sexagem molecular, assim como fazem as grávidas quando querem saber antecipadamente o sexo do feto. O mamoeiro produz plantas femininas e hermafroditas. Para atender a preferência dos consumidores, os produtores de papaya cultivam apenas as plantas hermafroditas, que produzem um mamão de formato oval, que além de favorecer seu acondicionamento nas caixas, possuem mais polpa. No entanto, ainda de acordo com Fernanda Arêdes, para saber qual mamoeiro é hermafrodita, o produtor planta de três a quatro mudas por cova e espera de cinco a seis meses, até a planta florescer, pois só pela flor é possível saber quais são hermafroditas. Isso porque morfologicamente as plantas são idênticas e só se diferenciam quando emitem os botões florais. A geneticista explica que além do desperdício de tempo, na sexagem tradicional o produtor desperdiça insumos, água e mão de obra, e ainda precisa descartar pelo menos 67% das plantas para ter uma lavoura comercial com apenas plantas hermafroditas. Pela sexagem molecular, é possível analisar as plantas na fase de viveiro, a partir de um pequeno pedaço da primeira folha da muda do mamoeiro, que nasce antes do primeiro mês após a semeadura. O resultado é conhecido em apenas três horas, bem diferente do método tradicional, que é preciso esperar até o quinto ou sexto mês.

Produtores de mamão já usam tecnologia no Espírito Santo

“Começamos bem no início, com um produtor que acreditou no potencial da tecnologia. Fizemos a primeira lavoura de 8,3 hectares. Com isso, vimos o benefício com a muda hermafrodita, que tem o valor comercial”, explicou o Cícero Covre, que é engenheiro agrônomo e dono do viveiro Santa Fé, que aplica a tecnologia em Pinheiros, no norte do Espírito Santo. A germinação da muda hermafrodita dura pelo menos doze dias. Do viveiro, milhares de mudas vão direto ao campo para ser plantada na terra dos agricultores capixabas. Um investimento certeiro.

Stefany Sampaio
Stefany Sampaio

Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

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