A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) ocupa o topo do ranking mundial de instituições que mais publicaram artigos científicos sobre a cultura do café conilon/robusta (Coffea canephora) entre 2012 e 2024. No âmbito do café de forma geral (incluindo conilon e arábica), a Ufes também tem destaque, sendo a quarta maior publicadora global. Esse reconhecimento reflete a importância do Espírito Santo, maior produtor de café conilon do Brasil, como polo de inovação e pesquisa na área.
Avanços científicos elevam a produção de café conilon no Espírito Santo
Segundo o professor e pesquisador da Ufes, Fábio Partelli, o protagonismo da universidade está diretamente ligado às características regionais. “A Ufes lidera globalmente as publicações sobre café conilon, reflexo de ser a principal espécie cultivada no Espírito Santo. Quando falamos de café em geral, estamos na quarta posição mundial, o que mostra nossa relevância na área”, destacou. De acordo com dados da base Scopus, das 1.185 publicações científicas sobre café conilon no mundo, mais de 500 foram assinadas por instituições brasileiras, sendo 206 pela Ufes. Esses estudos resultam, principalmente, de trabalhos de iniciação científica, dissertações e teses conduzidos por estudantes e orientados por professores da instituição. “Grande parte desses resultados está associada ao trabalho de estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado. A pesquisa gera conhecimento acadêmico e, muitas vezes, desenvolvimento tecnológico, que retorna para os cafeicultores em forma de inovação”, explicou Partelli. Esse avanço científico tem gerado impacto direto na produtividade. No final da década de 1990, o Espírito Santo colhia 2,5 milhões de sacas de café conilon em 310 mil hectares. Atualmente, a produção supera 10 milhões de sacas, com uma área reduzida para 280 mil hectares, segundo a Conab. Aumentar a produtividade em uma área menor é um marco da eficiência tecnológica desenvolvida pela Ufes e aplicada pelos produtores. Nos últimos anos, foram registradas sete novas cultivares de café conilon, com mais cinco previstas para lançamento nos próximos três anos. Essas variedades atendem diferentes demandas, como resistência a climas frios, alto teor de cafeína ou maior potencial produtivo. “A última cultivar registrada apresenta um alto potencial produtivo. Isso permite que os agricultores identifiquem quais materiais são mais eficientes e adequados para suas áreas”, ressaltou Partelli. Para o cafeicultor Eliseu Bonomo, de São Mateus, o impacto da Ufes vai além da ciência e chega diretamente ao campo. “O campus de São Mateus é um dos projetos mais importantes para o norte do Espírito Santo. Graças às pesquisas sobre clones de café, manejo de pragas, doenças e irrigação, nosso trabalho como produtores ficou mais eficiente. Sem a universidade, nossa produtividade não seria tão alta”, afirmou Eliseu.