Em 1987, um curioso título saiu para o Famicom, o Nintendo 8-bits japonês: Getsu Fuma Den era um RPG de ação, com ótimos gráficos e uma jogabilidade diferenciada para a época. O jogo tinha uma mistura de Castlevania II: Simon’s Quest, The Goonies II e o primeiro Tartarugas Ninjas.
Foi com total surpresa que a Konami anunciou uma continuação direta do título, já que o primeiro nunca saiu do Japão (só ganhando tradução através de fãs). Porém, mais do que valeu a pena. GetsuFumaDen: Undying Moon, feito em parceria com a GuruGuru é um ótimo metroidvania, com elementos de roguelite que prendem o jogador o fazendo não largar o controle enquanto não terminar o jogo.
Fazendo um paralelo, o jogo lembra em seu sistema Dead Cells e um pouco Rogue Legacy.
O jogo estava em early access no Steam, quando de surpresa foi confirmado para Nintendo Switch em uma Nintendo Direct, estando disponível logo após a apresentação. O jogo está disponível para ambas as plataformas e são idênticos em seus elementos.
O jogo é um daqueles que deixam uma marca no jogador: com seu estilo gráfico único, dificuldade acima da média e uma trilha sonora que vai desde clássicos japoneses até um inesperado Heavy Metal nos chefões do jogo.
A história do jogo
Em Getsu Fuma Den, o jogo de Famicom, é mostrado como no primeiro ano da Era dos Demônios o lorde demônio Ryukotsuki escapou do inferno e planejou conquistar o mundo da superfície governado pelos três irmãos Getsu. Esses irmãos lutaram contra Ryukotsuki, cada um empunhando uma das três Espadas Pulsantes Espirituais passadas pelo clã por gerações. Independentemente de seus esforços, os irmãos foram derrotados pelo demônio e apenas Fuma, o mais novo dos três, sobreviveu. Jurando vingança pelo assassinato de seus irmãos, Fuma se aventura em Kyoki-to para recuperar as três Espadas Pulsantes roubadas e convocar os espíritos de seus irmãos para derrotar Ryukotsuki.
Já se passaram 1.000 anos desde que o primeiro líder do clã Getsu derrotou o lorde demônio Ryukotsuki, levando os demônios de volta ao inferno e restaurando a ordem no mundo. Mas quando o lorde demônio Ryukotsuki retorna abruptamente e recomeça o inferno, um novo herói deve enfrentar a ameaça.
Escolhidos para liderar e proteger a terra dos vivos, devemos utilizar o arsenal e os poderes sobrenaturais do clã Getsu enquanto descemos às profundezas do inferno para erradicar a fonte de todo mal e proteger os seres vivos.
Muita ação com muita exploração
O jogo tem ação frenética, com muitos combates seguidos onde não adianta simplesmente apertar os botões, os movimentos tem que ser pensados para cada inimigo. Com um estilo 2D com vastos níveis, um mapa a ser explorado e inimigos mortais, o jogador deve recolher itens e ganhar experiência antes de tentar derrotar os chefes de cada área.
O jogo tem como elemento roguelite em que cada vez que se morre, o jogador perde tudo e as fases mudam. As áreas são aleatórias, se modificando a cada morte do jogador, tendo que se reiniciar o progresso a cada vez que se ressuscita, se mantendo apenas melhorias que gradualmente vão fortalecendo o protagonista.
O jogo parece ser simples em um primeiro momento, mas seu sistema quando dominado possui uma grande profundidade. O protagonista pode saltar, esquivar e atacar, porém, com o progresso no jogo vários power-ups irão permitir saltos duplos, esquivas e ataques especiais.
Equipamentos irão também surgir, alguns mais úteis do que outros, porém todos devem ser analisados conforme o perfil do jogador. O jogador deverá tentar combinações variadas de equipamentos de forma que seja mais a sua forma de jogar.
É importante frisar que as armas tem ataques completamente diferentes uma das outras. A lança perfura e dá menos dano, com ataques rápidos, enquanto uma clava tem um ataque lento, porém poderoso. A escolha da arma correta pode levar a vitória ou derrota contra um dos chefões do jogo e até mesmo inimigos comuns das fases.
Os gráficos são lindíssimos
O jogo utiliza uma estética conhecida no Japão como Ukiyo-e, que eram pinturas e gravuras feitas a mão por artistas do Japão feudal demonstrando como era a vida cotidiana na época. Porém, o jogo mistura este estilo a inimigos bizarros do folclore japonês, como Onis e Kappas, além de muitos morto-vivos. Isto faz o jogo ter uma atmosfera única, mesmo que por vezes a tela fique um pouco confusa com tantas cores e movimentos.
As cut-scenes utilizam gráficos do próprio jogo e nem precisaria ser diferente, já que o estilo já remonta a este tipo de narrativa.
Difícil? Siiiim
Como está virando tradição, jogos no estilo roguelite são considerados mais difíceis que outros lançados na mesma época. Isso está, na verdade, atrelado mais a adaptabilidade aos padrões do jogo do que a dificuldade em si. Nos anos 80 e 90 jogos eram considerados muito difíceis, mas eram feitos assim para que durassem mais. E muitos eram adaptações dos arcades, que eram feitos para os jogadores gastarem muitas fichas neles, trazendo a dificuldade das máquinas para os consoles.
Com um pouco de treino e conseguindo avançar nos níveis, pegando novas armas, GetsuFumaDen começa a ficar mais “tranquilo” para ser jogado, assim como jogos da série Souls. Inimigos que antes precisavam de 2 a 3 golpes para morrerem, começam a ser liquidados com apenas um e o jogador consegue avançar com menos dificuldade.
Vale a pena?
Vou responder com um MUITO. GetsuFumaDen valeu cada centavo e minuto investido no jogo. Trilha sonora espetacular, gráficos lindíssimos, jogabilidade afiada e uma história que dá vontade de cada vez mais curtir e avançar.
E lembrando que a versão completa do jogo traz o original em 8-bits, que vale a pena ser jogado pela curiosidade e por ser um ótimo jogo. Sinistro, brutal e com gráficos que mais parecem uma animação, GetsuFumaDen já entrou para o hall dos melhores jogos no estilo roguelike.
GetsuFumaDen: Undying Moon está disponível para PC via Steam e Nintendo Switch e ambas as versões são idênticas entre si.