Um jogo desenvolvido por capixabas com enredo sobre a escravidão será apresentado durante o Mercado de Indústrias Culturais Argentinas (Mica), em Buenos Aires, na Argentina.
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O game se passa em São Mateus, na segunda metade do século XVIII, uma época em que escravos lutavam pela liberdade. O jogador assume o personagem de Akin Adebayo, que lutou para fugir para o quilombo.
“Você é o personagem de Akin Adebayo, personagem principal. Ele representa uma pessoa que foi liberta pela Zacimba Gaba, uma princesa africana que existiu realmente e foi escravizada em solo espirito-santense. Ela abordava os návios negreiros em alto mar na próximidade de São Mateus e libertava as pessoas de dentro do navio”, contou o desenvolvedor do game, Leonardo Zamprogno.
De acordo com o historiador Leandro Quintão, o jogo explora a capoeira, uma forma de luta e resistência criada pelos escravos para se protegerem da violência e punição dos colonizadores portugueses.
“A capoeira é tombada como Patrimônio Histórico da Cultura Imaterial, ela tem valor muito significativo para a nossa história, para a história do Espírito Santo, para a história do Brasil e até para a história mundial, porque representa resistência negra em relação à dominação da escravidão”, disse.
“Capoeira: o jogo” foi idealizado por uma empresa capixaba de desenvolvimento de jogos eletrônicos e disponibilizado em 2021. Desde então, o game chamou a atenção dos gamers e desenvolvedores. Foram mais de 45 mil downloads.
“Capoeira” foi premiado em exposições voltadas ao Universo Geek e participará do Mica 2023, um evento voltado ao empreendedorismo criativo, que acontecerá em Buenos Aires, na Argentina.
“É muito interessante pela questão da troca cultural. A América Latina precisa estar realmente mais integrada culturalmente, tem umas certas richas antigas que não tem o porquê resistirem. Isso vai integrar a parte cultural como um todo”, comentou Zamprogno.
A história do game é real e inspirada na obra “Os últimos zumbis”, que relata o momento histórico dos escravos do Vale do Cricaré.
“É a aproximação do aluno com a história de São Mateus, que tem uma importância muito grande no período colonial no Espírito Santo. Foi uma região disputada com a Bahia, com a sua produção de farinha de mandioca, a presença de escravos. Ainda temos um pequeno sítio histórico na área urbana de São Mateus, na região do antigo porto. Esse jogo tem a possibilidade de aproximar o aluno da história regional”, disse Quintão.
*Com informações do repórter Lucas Henrique Pisa, da TV Vitória/Record TV