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Review: Final Fantasy VII Rebirth me fez voltar um mundo amado

Reencontro com personagens icônicos e expansão narrativa marcam a continuação do remake. As promessas foram cumpridas.

Rômulo Justen

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Final Fantasy VII Rebirth/Games Folha Vitória / Rômulo Justen/Square Enix

Termina-se o primeiro jogo e terminamos deixando pra trás uma paisagem poluída, opressiva, escura e cinza demais. E ao sair, encontramos um céu azul, animais e um mundo gigantesco a ser descoberto.

Junto a grama, dutos de mako se espalham pelo horizonte, contrastando com a natureza. E agora é hora de continuar a jornada atrás de Sephiroth, entre lapsos de memórias, histórias mal-contadas e um grupo bem diferente entre si.

Final Fantasy VII Rebirth, que estará disponível no PlayStation 5 em 29 de fevereiro de 2024, é a segunda parte de um dos jogos mais esperados dos últimos tempos: um remake do que é considerado por muitos o melhor jogo de todos os tempos, o Final Fantasy VII de 1997.

Rebirth segue o sucesso de Final Fantasy VII Remake de 2020, amplamente considerado uma recriação bem-sucedida da primeira seção do jogo original, e cujas mudanças fundamentais na história (e na estrutura do jogo) original são tão perigosas quanto fascinantes.

Rebirth continua na mesma linha, mostrando que é a versão mais indulgente de um jogo amado por milhares de jogadores durante quase 3 décadas já. E posso dizer que este jogo, ao cobrir momentos cruciais da narrativa original, é um momento chave de acerto ou erro para a trilogia. Rebirth vem mostrar que não é apenas um remake, mas sim um Final Fantasy VII, mesmo que com muito respeito ao original.

O jogo é colossal, com muita, mas muita coisa para se fazer. Estou com 70 horas de jogo e ainda tenho muito o que finalizar no game. E isso é um ponto interessantíssimo: você pode deixar a história principal do jogo de lado, fazer side-quest e voltar quando achar necessário.

Isso cria um fator de "quero jogar" ainda maior. Um RPG de fantasia steampunk levado ao máximo, com toda magia da série e muitas referências, inclusive muitas das quais não estavam no jogo original. E isso tudo é muito bem-vindo para a construção do que deve ser um verdadeiro remake, e não uma simples remasterização.

Um mundo aberto muito mais lógico do que o original

Ao começar saindo nas pradarias, a primeira região do jogo, o game não te dá muito direcionamento. Ele te deixa explorar um pouco da extensa área aberta. E a visão é linda e impressionante. E aí começa a tocar aquela música, uma nova versão da música original do mapa mundi de Final Fantasy VII.

E sinceramente, naquele momento ali eu me senti de volta a um lugar que eu tanto explorei lá em 1997. Só que dessa vez um mundo muito mais lógico, com inimigos no mapa, sem load time e ainda podendo ver todo grupo andando junto.

Foto: Reprodução/Final Fantasy VII Rebirth/Games Folha Vitória / Rômulo Justen/Square Enix

E aí começam a aparecer os objetivos: o androide Chadley reaparece em Rebirth para te dar orientações e objetivos secundários para aquele mundo gigantesco. Torres de comunicação, inimigos para se combater e obter informações, cristais, cavernas... tem um pouco de tudo neste grandioso mapa do jogo.

E eu que adoro esse tipo de side-quest e gosto de ficar fuçando tentando achar detalhes escondidos, fiquei apaixonado por tanta coisa para se fazer. E pode contar que caso você também resolva completar esses objetivos, eles podem levar um tempo considerável de jogo, mas que deixam seu grupo mais forte e preparado para os desafios que virão.

Quase todas essas atividades são feitas ao lado dos personagens principais de Final Fantasy VII: Aerith, Tifa, Yuffie, Barret e Red XIII ao seu lado, com 3 ficando na linha de frente e os outros na retaguarda. Vê-los se preparando nas batalhas, se posicionando é quase como ver um filme de como seria uma batalha com os absurdos poderes do jogo.

70 horas e contando...

Muitas atividades secundárias do jogo são encontradas no próprio mapa, sem esforço. E essa exploração é bem fácil de se fazer, ainda mais quando conseguimos os veículos e montarias. Por exemplo, temos os chocobos no jogo e eles tem como se fosse um "ponto de ônibus" em que você pode descansar além de liberar um ponto de viagem rápida. Seria o antigo item "Tent" que agora é só um travesseiro. E notem que no ponto tem um símbolo desenhado que é justamente o formato do "save point" do jogo original.

E agora a sensação de atravessar uma grande região, um grande território é muito mais prazeroso do que no jogo original. Naquela época, jogos de RPG tinham algo em comum que era engraçado: um grande mundo, com pequenas cidades com pequenas populações. A escala era necessária na época por conta das limitações de hardware dos consoles, então era o "normal".

Foto: Reprodução/Final Fantasy VII Rebirth/Games Folha Vitória / Rômulo Justen/Square Enix

Em Final Fantasy VII Rebirth o mundo tem a escala normal, com montanhas altíssimas, construções de tamanho correto e cidades populosas e cheias de vida. Simplesmente o poder da geração atual sendo utilizado para que isso funcione da maneira certa.

Quem a tempos atrás jogou o Final Fantasy VII original e depois viu Midgar no filme Final Fantasy VII: Advent Children, tem a noção exata do que imaginávamos com o que está sendo mostrado hoje em dia. Sim, a espera valeu (MUITO) a pena. E mesmo com todas essas mudanças, o jogo continua familiar, deixando aquele gostinho de "já estive aqui antes".

A história da história

Final Fantasy VII Rebirth continua o que o Remake fez e altera diversos momentos da históra do original. Mas tudo isso com total sentido, respeito e necessidade. Você sente muito mais que a Shinra é um império do mal, que Cloud tem problemas com seu passado e o significado de Aerith na história toda. A Avalanche é um grupo sério e com tentáculos, não apenas um pequeno grupo de arruaceiros.

Isso dá muita coesão narrativa a história e amarra pontas, muitas das quais ficaram soltas no jogo original, novamente, por conta do próprio limite técnico da época. Final Fantasy VII já era em 3 cds e, muitos dos momentos chaves da história eram feitos com gráficos em tempo real, o que não conseguia passar toda dose de drama que era necessário. Pra época foi maravilhoso (ainda mais contando que estávamos vindo dos 16 bits), mas em uma era que jogos se aproximam de filmes em detalhes gráficos, estas mudanças são muito bem-vindas.

Foto: Reprodução/Final Fantasy VII Rebirth/Games Folha Vitória / Rômulo Justen/Square Enix

Tudo isso nos leva a um jogo denso, com muito o que fazer e muito a se ver também. O jogo contém longas cenas em CG, muitas conversas entre os personagens (o que particulamente amo) e momentos dramáticos e outros mais leves e com pitadas de comédia.

Uma coisa é certa: as próximas semanas serão de muito ataques de pessoas descontentes com determinadas alterações na trama. Por isso, recomendo que quem estiver jogando, guarde pra sempre nas memórias o Final Fantasy VII original e jogue Rebirth como uma nova experiência. Rebirth é um retrabalho, não uma adaptação 1:1 do jogo original.

Se prepare para rir e para chorar. É um jogo que é uma montanha-russa de emoções, e isso falando no bom-sentido.

Mini-games in-game

Final Fantasy VII Rebirth tem muitos mini-jogos, o que deixa o jogo mais leve e divertido. Uma coisa que eu sentia falta em novos jogos era um jogo como o de cartas de Final Fantasy VIII (que acho um dos melhores mini-games até hoje).

Foto: Reprodução/Final Fantasy VII Rebirth/Games Folha Vitória / Rômulo Justen/Square Enix

Há para todos os gostos: jogo de cartas colecionáveis, um jogo de tabuleiro (hilário e com easter eggs), diversos jogos envolvendo chocobos, outro que trazem os moogles para Final Fantasy VII (no original eram chamados de Mogs) e diversos outros.

Foto: Reprodução/Final Fantasy VII Rebirth/Games Folha Vitória / Rômulo Justen/Square Enix

Basta procurar no mapa e muitas side-quest envolvem os mini-games, o que torna ainda mais delicioso por serem novas conquistas a serem conseguidas no game.

O combate é maravilhoso

Rebirth continua o estilo de combate dos novos jogos de Final Fantasy, misturando estratégia em tempo real com ações em menus. Você controla um personagem ativamente, enquanto os outros dois são controlados pela CPU, mas pode tomar o controle deles na hora que quiser.

E ao escolher uma habilidade, magia ou uso de item, o tempo para por um momento (ficando mais lento) para que você possa escolher a ação e o alvo. Isso mistura bem o antigo sistema de turnos de Final Fantasy VII original com os novos jogos. O ataque básico não precisa de barra de ação ser consumida para ser feito, porém atacar impensadamente simplesmente leva a uma derrota rápida, já que é necessário bloquear, aparar, desviar e contra-atacar para as lutas serem bem sucedidas.

E Rebirth traz novas Habilidades de Sinergia, em que dois personagens fazem ataques conjuntos ou mesmo utilizam habilidades para ganhar vantagens. E até mesmo as animações são lindas e cinematográficas, deixando os combates ainda mais emocionantes.

E o jogo é recompensador: quanto mais você joga, mais você entende mais dos combates e como se posicionar melhor, atacar melhor e até mesmo decidir quais magias serão necessárias para cada inimigo. 

Gráficos lindos, FPS nem tanto assim

Comecei o jogo decidindo se iria jogar no modo "desempenho" ou no modo "gráficos". Preferi o modo com gráficos melhores, pois não tenho problemas pra jogar com 30 fps e queria realmente ver os gráficos no máximo.

E valeu a pena: o jogo é lindíssimo e ficou melhor ainda após o patch lançado pela Square Enix ontem (21). Algumas texturas, principalmente quando próximo, ficam um pouco lavados, mas acho que isso perto de toda grandeza do jogo e de todos os detalhes se torna muito pequeno. E o jogo todo, nos mapas locais (você passa de um ponto a outro em determinadas circunstâncias) não tem nenhum sinal de load, nem nas batalhas, nem para entrar em uma cidade, por exemplo.

Foto: Reprodução/Final Fantasy VII Rebirth/Games Folha Vitória / Rômulo Justen/Square Enix

Quer entrar em uma loja? Ela está aberta na cidade, você vai do mapa, entra na cidade e entra na loja, sem um único ponto de load time entre cada seção. E isso realmente é incrível e mostra o quanto isso faz a diferença nos dias de hoje (lembro do Neo Geo CD nessas horas, com seus loads intermináveis).

Ver os chocobos balançando suas penas, personagens variados, cidades cheias, batalhas lotadas de partículas voando para todos os lados é algo lindo de se ver. Junto com Final Fantasy XVI, Final Fantasy VII Rebirth é um dos jogos mais bonitos do PlayStation 5. E é muito bom ver a Square Enix voltando a ser campeã nesse aspecto, já que seus jogos nos consoles anteriores sempre eram sinal de gráficos lindos e inovadores (ah, Final Fantasy X...)

O som tá baixo? Deixa mais alto... ou não!

Um problema que ainda me incomoda é o som do jogo. Mas espera, vou me expressar direito: o ajuste do som do jogo. As músicas são lindas, os diálogos estão ótimos (apesar de eu achar a voz do Barret forçada demais no inglês) e inclusive neste jogo eu coloquei a dublagem em inglês para poder entender o que eles estão falando durante as batalhas.

Foto: Reprodução/Final Fantasy VII Rebirth/Games Folha Vitória / Rômulo Justen/Square Enix

Mas aí vem justamente o problema do ajuste: Final Fantasy VII Rebirth utiliza também o som do Dual Sense para nos dar informações durante alguns eventos e algumas batalhas. Mas o som tem uma variação que ainda está difícil de conseguir achar o ponto certo. Durante a exploração é um som, nas batalhas fica muito alto e aí fica difícil de ouvir o que está sendo falado no Dual Sense.

Acredito que com pequenos patches a Square Enix consiga ajustar isso, mas enquanto isso não acontece, se acostume com explosões que surgem do nada em algumas batalhas.

Veredito

Final Fantasy VII Rebirth é uma onda de nostalgia ao mesmo tempo que surpreende a cada novo evento. É como assistir uma novela, em que você tem uma noção geral do que pode acontecer graças as suas lembranças, mas tem diversas (ótimas) surpresas com novos rumos que são tomados e que podem ou não chegar ao que o jogo original contou em 1997.

Os personagens tem muito de sua personalidade do original, aonde só tinhamos legendas para ler e agora todos tem vozes do jeitinho que imaginávamos. E por isso comparei o jogo, em muitos momentos, a assistir um filme: como a qualidade visual e sonora disponível hoje em dia é altíssima, a história pode ser contada com uma infinidade de detalhes.

Foto: Reprodução/Final Fantasy VII Rebirth/Games Folha Vitória / Rômulo Justen/Square Enix

Final Fantasy VII foi um dos jogos que mais joguei no primeiro PlayStation, inclusive tenho amigos que jogaram a versão International em japonês (uma versão que só saiu no Japão e trazia alguns novos inimigos e dungeons, além de correções e atualizações que saíram na versão ocidental). Jogar Final Fantasy VII Rebirth me faz querer explorar cada vez mais o mundo do jogo, entender as diferenças desta versão para a original e me aprofundar em seus sistemas, que se misturam e atualizam com os dos jogos mais atuais da série.

O jogo traz diversos momentos sérios, dramáticos e também muitos divertidos, com humor e leveza. Rebirth é um jogo que nos faz ficar pensando nele enquanto estamos realizando outras atividades, como por exemplo, eu escrevendo neste momento esta análise e olhando para o PlayStation 5 em modo de descanso com o jogo ali já me esperando.

Rebirth com certeza é um jogo que será ainda muito falado nas próximas semanas, bem mais do que a primeira parte, Remake, foi. E sinceramente, espero que seja, pois é um jogo grandioso e que merece ser falado, debatido e comemorado pela comunidade gamer. A Square Enix demorou, mas está entregando um jogo com qualidade altíssima e muito além do que o original foi. Se um jogo representa a verdadeira definição de Remake, é Final Fantasy VII Rebirth.

NOTA: 10/10

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