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Skorpion Gamer: de jogador a empresário

Skorpion recebeu o /GAMES em seu estande na BGS22 para um papo sobre a trajetória do Marcos até se tornar o Skorpion Gamer.

Fagner Martinelli Ferreira da Fonseca

Redação Folha Vitória

Hoje vamos falar sobre um jovem que transformou seus hobbys em negócio e levou para a internet diversão e alegria para milhões de pessoas, com preparo, assumindo responsabilidades e fundando uma empresa de sucesso.

Foto: Folha Vitória / Divulgação
Rômulo, Skorpion e Fagner em frente ao estande do influencer na Brasil Game Show 2022

Vamos conhecer o Marcos Antônio Pasinatto, mais conhecido como Skorpion Gamer. Encontramos Pasinatto para uma entrevista durante a Brasil Game Show de 2022, e tivemos um papo sobre sua vida, descobrindo um pouco mais sobre o jovem empresário e como foi essa trajetória de sucesso. Acompanhe a entrevista com o Marcos e descubra mais sobre o Skorpion:

Fagner: Olá Marcos, hoje o /GAMES quer saber um pouco mais sobre o você começou, vamos focar um pouco mais no Marcos e falar da sua trajetória, talvez até antes do canal de games, quando e como você começou a pensar em gerar conteúdo para a internet?

Skorpion: Eu comecei a gravar para o YouTube a mais ou menos 10 anos atrás, foi o meu primeiro vídeo, de 2013/14 foi quando realmente iniciou, então eu criei um vlog chamado “Quadrivlog”, eu gostava muito de andar de moto e o quadriciclo, eu tinha uns 13 anos e isso remetia a adrenalina, quadriciclo divertia muito e fazia parte esse sentimento de adrenalina, e que até casa um pouco com GTA não é?

Mas houve mais, a minha trajetória não começa apenas na internet, ela vem de uma vontade anterior, nessa época eu olhava para apresentadoras de TV, até a Xuxa por exemplo, e falava com a minha mãe que eu queria fazer a mesma coisa, queria apresentar programas, já tinha ali uma fagulha, uma “veia artística” para ser apresentador. Minha irmã por exemplo, também tentou esse caminho, mas na televisão, e na época fazer TV era bem mais difícil, precisava ter muitos contatos, era um ambiente bem mais restrito que a internet, o que limitou as opções dela.

Então essa é uma vocação presente na família, vocês já tinham esse tipo de intenção mesmo antes do YouTube, houve alguma preparação nesse sentido?

Sim, na minha época, começando, eu fiz quatro anos de teatro, estudando de verdade e me preparando, foi aÍ que eu comecei no YouTube, que me abriu muitas portas. Eu comecei na área de vlogs e depois passei para os games que foi onde tudo aconteceu.


Você se preparou realmente para o YouTube então, com o teatro e o vlog sendo base para o que viria depois?

Sim, me preparei para o YouTube e nem sabia que estava me preparando para o YouTube (risos). A Arte e o teatro também eram hobbies.


A trajetória que você seguiu é um pouco diferente da de muitos streamings que já eram jogadores e simplesmente se inseriram no YouTube, você teve esse lado técnico, estudando teatro e testando no vlog antes de efetivamente crescer na internet. Na verdade, o seu caso não foi de um jogador que aconteceu no streaming, mas de um artista que aconteceu como jogador no streaming?

Sim, realmente (risos). Mas eu sempre gostei de games, desde muito criança, com cinco anos por exemplo eu era viciado no game do Tarzan. O jogo era maravilhoso, eu chegava a fazer a missão do elefante de olhos fechados! Então eu sempre gostei de jogos e é o conteúdo que mais casou, a internet que é meu público, com os jogos que é o que eu realmente gosto.


E o GTA foi o primeiro jogo que você tentou fazer streaming você começou o conteúdo de games com ele?

Olha, sabe que foi. Meu primeiro vídeo, 11 anos atrás, foi de GTA, mas não com uma atitude profissional, eu postei alguns, mas deixei lá, aÍ fui para o vlog e só depois voltei para o game.


AÍ quando você voltou para o game já veio pensando em desenvolver algo profissional, já via GTA como um trabalho?

Olha, na época eu até vinha com uma atitude mais profissional, mas eu era muito jovem, pensava sim nisso como um trabalho, mas não imaginava que se tornaria uma realidade. Nessa época youtuber ainda não era uma profissão, não se pensava em viver desse tipo de atividade. Apesar disso, já encarava como um trabalho, eu queria muito, mas não achava que iria virar realidade.

E quando virou realidade? Quando “a chave virou” para você e percebeu que estava dando certo?

Foi por volta de 2016, nessa época começou a entrar uma grana, todo mundo começou a me assistir e ai percebi que tinha se tornado algo mais sério. Na real eu demorei mais de três anos para chegar em 1000 inscritos, ai eu lancei um vídeo que foi muito compartilhado, muita gente comentando, ai cheguei a 100.000 inscritos em 7 dias. Ou seja, levei mil dias para chegar a mil inscritos e sete dias para chegar a cem mil inscritos. Foi ai que deu a “virada de chave” mesmo. Vi que muita gente estava compartilhando meu conteúdo, facebook e instagram com muita repercussão, meu nome aparecendo em todo lugar... ai sim eu pensei “agora eu acho que deu certo”.


Nesse momento você trabalhava em alguma coisa? Como era a vida antes?

Não, eu só estudava, nesse momento eu tinha 13 anos, meu primeiro vídeo eu postei com 9 anos então eu ainda tinha uma vida de um garoto comum que estuda e mora com os pais. Comecei muito cedo.


Então você estava em que ponto na escola quando fez a opção de priorizar o trabalho? Você estava fazendo outras coisas na vida pessoal?

Ensino Médio, estava no primeiro ano do ensino médio, e havia essa viagem que meus pais queriam me dar de presente, estavam guardando dinheiro para esse momento já a vários anos. E eles me perguntaram se eu ainda queria fazer a viagem ou investir o dinheiro em pegar um equipamento melhor para o que eu estava fazendo no YouTube. Ou seja, a diversão da viagem que eu sempre quis ou o investimento no trabalho no qual eu estava me dedicando, e a minha decisão foi investir.


Desde então eu já vinha trocando minha vida pessoal pela profissional, que é o meu sonho, ainda é o meu sonho que eu estou vivendo hoje. Transformar os games, gravar, jogar e levar alegria para as pessoas. - Marcos Antônio Pasinatto - Skorpion Gamer

Esse protagonismo nos vídeos, estando a frente de uma marca de sucesso no YouTube, é justo dizer que houve essa formação que resultou no Skorpion Gamer, com o teatro, mas que também tem essa vocação ali, essa vontade de trabalhar nesse segmento desde o início certo?

Sim, a minha irmã, que também fez teatro, foi para o Direito, se formou, fez mestrado e hoje está no YouTube. Comigo foi ainda mais direto porque eu comecei muito cedo e “na minha vez” já era possível pensar em trabalhar apresentando conteúdo na internet, apesar de que pouca gente acreditava, até eu mesmo, era um momento em que você passava a depender menos de uma empresa de TV para ter esse tipo de relação com o público.


E como foi a luta para chegar e o sentimento ao chegar a um milhão de inscritos?

O primeiro milhão de inscritos era a minha meta, eu queria muito, eu assistia vídeos de outros youtubers fazendo unboxing da placa deles e eu colocava para mim que “eu quero, eu quero e eu quero” e que essa era uma meta que eu tinha que alcançar.

Foi um dos meus momentos mais emocionantes, na época tudo era mais amador também, hoje estamos mais profissionais, passamos dos 6 milhões de inscritos no YouTube e somando todas as redes sociais temos mais de 8 milhões, somos muito mais profissionais hoje. Mas para falar a verdade, trabalhar na internet o “caseiro” é o que funciona então não se preocupem se não tem muito a disposição hoje e querem começar na área, hoje com um celular e criatividade você consegue fazer quase tudo.

Pensando no YouTube como um caminho para a profissão, para a época e idade em que você começou, deve ter sido difícil em casa, como foi explicar para os seus pais que ser YouTuber era viável, que poderia dar certo profissionalmente?

Meus pais sempre me apoiaram em tudo e isso é uma coisa boa, eles não diziam “tanto faz”, eles me apoiavam no que eu queria fazer, incentivavam, mas dez anos atrás você não tinha referências profissionais nesse meio, para os pais, era difícil entender que era possível ter uma trajetória profissional no YouTube, então não havia investimento, porque era difícil acreditar, estamos falando de uma época e mercado muito diferentes. Mas eles sempre incentivaram.


E enquanto empresa, quando você sentiu que haviam responsabilidades nesse sentido, que você estava construindo um negócio, quantos anos você tinha e como você via o seu trabalho dentro e fora das telas naquele momento?

Eu tinha 15 para 16 anos, eu estava no primeiro grau da escola, e já haviam famílias que dependiam do meu trabalho porque a empresa é formada por profissionais de diversas áreas, é o emprego e o sustendo dessas pessoas, e esse foi um grande fator de motivação também, eu também tive e tenho responsabilidades para com eles, naquele momento eu já entendia a seriedade do que eu estava construindo e as responsabilidades que vinham junto.

E além disso, eu também entendia a minha responsabilidade como comunicador, sobre o que eu estava produzindo e quem era o meu público na época, essa parte foi importante para a qualidade do meu conteúdo e para o crescimento do canal e da empresa que criei ao redor desse conteúdo. É uma grande responsabilidade criar algo que vai ser assistido e pode influenciar tanta gente.

Todas essas responsabilidades, por mais que também sejam perigosas, são responsabilidades que eu gosto de ter, e me preparei para ter, então consigo administrar muito bem esse lado.


Acredito que nem tudo tenha sido natural, especialmente começando muito cedo deve ter havido momentos difíceis e por mais que você seja realmente bastante maduro em relação a carreira, ainda não tinha essa experiência com exposição ao público, e os problemas que podem vir dessa exposição, muitos até desistem por causa disso certo?

É interessante ver como o mundo dá voltas, realmente eu comecei muito cedo e tive alguns problemas com isso. Quando eu estava no sexto, sétimo, oitavo ano de escola, ainda começando mesmo, era comum brincadeiras e zoação com o que eu fazia. Esse tipo de bullying aconteceu na época.

Me lembro de uma aula de informática em que uma pessoa chegou antes, escolheu um frame de um dos meus vídeos onde eu parecia estranho, e é normal que se você procurar uma imagem só no meio de um vídeo inteiro você ache uma posição ou expressão que te faça parecer esquisito, e a pessoa colocou no fundo de tela de todos os PCs da sala para me zoar. Hoje essas mesmas pessoas me procuram com outros objetivos, ai percebemos que “o mundo não gira, capota” (risos).


E nesses momentos o apoio e a presença dos pais foi importante para você persistir?

Sim, como somos abençoados tendo pais com a mente aberta, já vi muitos talentos indo embora porque os pais limitaram as possibilidades deles nesse meio. Eu sempre fui um bom aluno, fui orador da turma, mas não era o momento de eu seguir para um curso superior, eu queria olhar ao redor e não só em uma direção, e foi isso que eu fiz, enxerguei outros caminhos e segui por eles.


Seguindo nesse outro caminho você escolheu ser o “empresário”, como foi essa virada de chave, porque como você disse, nesse ponto haviam famílias dependendo da Skorpion Gamer, era uma empresa e você ainda era um adolescente certo?

É mesmo muita responsabilidade, fazer um estande como esse na BGS 2022 mesmo é algo que você só consegue com muita gente envolvida, então eu tive que amadurecer mesmo mais cedo. Me abster de coisas que são comuns a outras pessoas da minha idade e focar no negócio. E isso envolve todos os aspectos da minha vida, você perde festas, passeios e outros tipos de interação, e como resultado fica mais focado só no trabalho, exemplo disso é que eu fui ter a minha primeira namorada só agora com 20 anos.

Você amadurece mais cedo e aprende mais rápido sobre como é a vida e as responsabilidades envolvidas, os anos passam mais rápido. Mas tudo isso me tornou uma pessoa mais forte, passar por tudo isso, com muitas coisas boas mas também com muito perrengue, muita luta para atingir os objetivos. 

Com 15 anos você ter a responsabilidade de manter uma empresa que sustenta famílias de pessoas com 30 ou 40 anos é um choque, e ai ou você aguenta e segura ou para e desiste. Eu já fiquei em cima desse muro, mas hoje, graças e Deus, estou aqui.


Quando essa responsabilidade toda chegou, imagino que tenha sido difícil gerir o lado emocional quase tanto quanto o profissional, nesse ponto, quem era o apoio, você conversava em casa, era alguma pessoa de fora?

Acho que muita coisa eu aprendi “apanhando”, mas os meus pais me ajudaram muito também. Quando as dicas eram relacionadas a empresa, apesar de ambos serem empresários, eram dicas difíceis de traduzir para o nosso mundo, aqui as coisas mudam totalmente e em uma velocidade muito grande, em um negócio como o deles, eles têm um formato que funciona a 20 anos, aqui, o meu negócio muda totalmente diversas vezes. Mas sim, aquelas conversas sempre ajudaram muito, essa figura de apoio, são meus pais.


Bom nós agradecemos por você ter dedicado um tempo para falar com os leitores do /GAMES no Folha Vitoria, para conhecermos um pouco mais da pessoa por trás do Skorpion Gamer e dessa trajetória de sucesso que você vem traçando até aqui. É importante para nós mostrarmos que o negócio na área dos games geram empresas de sucesso em diversos seguimentos desse mercado que hoje, já supera a soma de grandes nichos como a Música, o Teatro e o Cinema.

Eu fico agradecido e para mim também é importante posicionar o gamer e esse mercado para as grandes marcas de outros seguimentos hoje. O mercado de games gera investimentos mais rápidos por parte dos consumidores, é uma relação direta entre anuncio e venda ligada ao trabalho que eu e outros influenciadores fazemos e são oportunidades muitas vezes são negligenciadas por marcas que não entendem a dinâmica e o tamanho do mercado de games no Brasil e no mundo.

Gostou da entrevista? Fique olho aqui no /GAMES no Folha Vitória para nossas entrevistas realizadas durante a Brasil Game Show 2022.