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Eletronic Arts quer que você use sua voz nos seus personagens

Electronic Arts, gigante por trás de The Sims, Dragon Age e FIFA, patenteou a ferramenta; advogados avaliam que uso de voz pode ser questionado judicialmente

Rômulo Justen

Redação Folha Vitória
Foto: Maxis/Eletronic Arts

De acordo com os contornos da nova tecnologia da EA, denominada "GERANDO FALA NA VOZ DE UM JOGADOR DE UM VIDEOGAME", envolve "inserir, em um módulo sintetizador, dados de entrada que representam o conteúdo da fala". O módulo sintetizador grava brevemente o áudio da fala do jogador e depois gera o áudio usando um conversor de voz.

Para replicar a voz do jogador para o personagem do jogo, o conversor de voz no centro da patente combina um codificador de características acústicas com o áudio do jogador, resultando na voz do jogador sendo destacada no jogo.

Foto: Reprodução

A tecnologia patenteada pela EA permitirá que o jogador treine o sintetizador quando fornecer a ele várias amostras de voz. Isso garantirá que a voz do jogador seja mais precisa e realista no jogo. De acordo com as notas da patente, esse método pode capturar elementos não verbais da fala, como tom, emoções e ênfase.

"O codificador de características acústicas e o decodificador de características acústicas são inicialmente treinados antes de adicionar a voz de um novo jogador e são subsequentemente refinados quando o jogador adiciona sua voz e fornece amostras de fala."

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A patente também menciona que o texto pode ser usado como dados de entrada. Isso permitirá que os usuários digitem o diálogo que desejam que seu personagem diga. Embora ainda não esteja claro como esse recurso será incorporado.

O sistema é atualmente apenas um conceito patenteado, então a EA não divulgou quais jogos integrarão esse recurso de voz. Ainda não há uma atualização ou data de lançamento, portanto, fique atento para futuras informações.

Implicações na justiça

Para Marcelo Mattoso, especialista no Mercado de Games e eSports, a tendência é que aumente a imersão nos games com essa nova tecnologia, mas acredita que pode haver questionamentos na Justiça.

"Na prática isso já acontece em jogos online em tempo real que utilizam chat de voz. Sob o aspecto jurídico, o ponto sensível aqui seria a autorização de uso dos direitos de voz do usuário. Com certeza os termos de uso do jogo deverão prever esse tipo de situação, mas, mesmo assim, pode ser debatido judicialmente, já que a maioria desses termos vem por adesão e não podem ser modificados", diz Marcelo.

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"Os direitos autorais terão impacto na medida em que a gravar e reproduzir a voz implica direitos de autor sobre o conteúdo do que foi falado e direitos conexos sobre a forma como aquilo está sendo falado e, potencialmente, sobre a própria gravação. Assim como na questão dos direitos de imagem, o uso da voz precisa de autorização e o usuário pode cobrar para autorizá-lo, mas, provavelmente, isso será resolvido de antemão já nos termos de uso do jogo, que são um contrato vinculante e podem trazer uma autorização desse tipo embutida neles", ressalta Luiz Fernando Plastino, advogado especialista em Propriedade Intelectual, Privacidade e Proteção de Dados e Doutor em Direito Civil pela USP.

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A privacidade também é um ponto que deve ser amplamente discutido com essa tecnologia patenteada. 

"A voz pode, dependendo do contexto, ser considerada um dado pessoal além de tudo, sujeito à LGPD e outras leis de privacidade e proteção de dados. Os usuários precisam saber que a voz dele está sendo gravada e como ela será usada. Se houver algum tipo de uso que não seja informado e justificado, pode haver consequências relacionadas à privacidade, independentemente dos direitos autorais ou outros tipos de direitos. Quanto às ferramentas, é possível ver alguma forma de gerar um banco de dados de vozes com o consentimento dos usuários. Também existem algumas iniciativas no mundo todo para regulamentar a "venda" de dados por lei, mas isso ainda é discutível", explica Luiz Fernando.

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