Playstation 5 na vertical dá problemas? Veja o que sabemos sobre isso

Como tudo que envolve o console mais popular do mercado, a “notícia” se espalhou como fogo de palha e rapidamente foi parar nas manchetes dos principais sites do mundo. E não era para menos, uma possível falha de design detectada por um técnico comum colocaria em xeque a engenharia por trás do último console da linha PlayStation. Será?

Bom, com aproximadamente 30 anos de experiência em tecnologia, graduado e pós-graduado, atuando profissionalmente como tecnólogo, consultor, professor universitário entre outros ramos e especialmente atento a todo tipo de hardware de consumo, dou o meu ponto de vista sobre o tema. Ressaltando que assim como o “técnico”, essa é uma opinião e até que a Sony se pronuncie, se é que vai se pronunciar, não existem verdades sobre a questão.

Vamos à análise:

O fabricante indica que, sendo parte do design físico do produto, a possibilidade de usar ele tanto na vertical quanto na horizontal. Não há nenhuma recomendação para que o mesmo não seja usado em uma das posições, então o console, pode, sim, ser usado na vertical. Caso apresente algum tipo de problema a garantia deve ser acionada normalmente e não levado a um “técnico”.

Dito isto, desde a primeira vez que a Sony apresentou o hardware do PS5 e como ele foi montado, eu observei e discuti em grupos nas redes sociais sobre que ele não era amigável a substituição de algumas peças ou manutenção por parte de técnicos comuns como eu ou o “Ben Montana”. Essa conclusão acontece por dois detalhes da montagem que torna o trabalho necessário muito mais especializado e difícil, para não dizer impossível.´

O primeiro ponto é que o controlador e chips de memória do poderoso SSD onde o Sistema Operacional do PS5 é iniciado não é uma peça solta e substituível, ele é soldado no corpo da placa mãe do aparelho e para complicar ainda mais, são chips e controladores especiais, extremamente específicos, o que significa que se um dos chips der defeito, a troca seria inviável por não haver reposição no mercado e mesmo se houver como extrair de outro console “morto”, o trabalho seria realmente muito complexo e claro, bem caro.

Foto: Facebook/twitter

O segundo ponto vai diretamente de encontro a questão levantada pelo “Ben”, o metal líquido usado como interface térmica entre o chip e o grande dissipador de calor é inserido ali num ambiente de fábrica, por robôs calibrados para índices de precisão que humanos nunca vão alcançar manualmente. Assim a quantidade e uniformidade é garantida. Claro que não podemos excluir problemas de calibração em alguma unidade ou lote, às vezes, acontece, mas não será o padrão.

Observe as imagens aqui na matéria e veja que existe uma ranhura de contenção para que o metal líquido fique como numa caixa selada, ali, na proporção certa, não vão sobrar espaços com ar quando o console entra em uma orientação diferente, nem será colocado demais para que o selo não se vede completamente e assim, como sai da fábrica, é minha opinião que o console pode ser tranquilamente usado na vertical.

A opção de usar metal líquido é cara e de difícil implementação e a Sony não usaria essa alternativa sem um estudo rigoroso do seu efeito a longo prazo, logo, o problema começa a fazer mais sentido, do meu ponto de vista, considerando onde ele está aparecendo, ou seja, nas assistências técnicas.

O selo seria rompido a medida onde o “técnico” vai remover o dissipador para ter acesso à placa, e uma vez que se altera o estado original, não existe, a meu ver, a possibilidade de uma pessoa acertar exatamente a quantidade certa de metal liquido para evitar problemas ao mover o console nas orientações vertical e horizontal novamente. Além disso, o metal pode escorrer no momento em que o “técnico” começa a manipular o dissipador ou na última vez em que alguém manipulou o console para uma limpeza.

Foto: Sony/Playstation

O problema do PS5 começa quando se tenta desmontar e mexer no console, como se ele fosse um hardware montado como os Playstation das gerações passadas, mas, na verdade, ele não é feito para esse tipo de manutenção.

Minha recomendação a você que tem um PS5 é uma limpeza preventiva nas aberturas, manter o aparelho protegido da poeira, e a menos que seja uma situação de “tudo ou nada”, nunca remover o dissipador de calor do aparelho, já que será impossível recolocar o metal liquido “garantidamente” na mesma quantidade que a fábrica além de manter o selo vedado de fato poder se tornar outro desafio. Se houver 1 décimo de gota de Metal líquido a menos, uma área com ar e sem contato se forma e o console pode esquentar mais do que deveria, se houver a mais, o selo não veda e o metal pode esborrar causando o problema. Ou seja, o PS5 não é um console para se fazer manutenções comuns.

Note que o Metal Liquido, diferente de uma pasta térmica ruim, não precisa ser trocado de tempos em tempos, ele não perde sua capacidade condutiva e nem evapora, sequer sofre alterações em seu estado químico ao longo do tempo, então não se justifica pensar em “trocar” o material. Inclusive aproveito para dizer que se você usa uma pasta térmica de ótima qualidade, o tempo de vida útil dela (desde que você não remova o dissipador) também é de muitos anos e provavelmente você trocará de PC ou pelo menos de processador, antes de precisar trocar a pasta térmica.

Então em resumo, é minha opinião que o console não apresenta problemas sendo usado na vertical, e que muito do que estamos vendo por aí provavelmente são consoles já “futucados”. Claro que você sempre pode dar um azar e pegar um lote com algum problema de fábrica, mas nesse caso, faz mais sentido acionar a Sony que levar a qualquer um. O PS5 não é um console que precisa ou deva passar por manutenções periódicas, e remover seu dissipador é um problema pelas razões mencionadas acima. O console não foi pensado para ser mexido por qualquer um ou sem equipamentos adequados e você deve evitar fazer isso a menos que já seja uma situação de perda do aparelho.

Um abraço, e se ficaram dúvidas não deixem de perguntar no nosso instagram: https://www.instagram.com.br/gamesfolhavitoria