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Review: Horizon Burning Shores é mais uma obra-prima da Guerrilla

DLC é curta, porém fantástica (e necessária)

Foto: Playstation/Sony

Quando a Guerrila Games lançou a DLC de Horizon Zero Dawn em 2017, intitulada The Frozen Wilds, ela parecia desconectada do plot principal, causando certo estranhamento. Embora estivéssemos em uma nova região, conhecendo a tribo Banuk e toda a sua nova cultura, a trama se passava em um momento anterior ao final do game. Ficava aquela sensação parecida com os filmes de Dragon Ball Z, que não eram canônicos e não tem como encaixar em lugar nenhum.

Já em Burning Shores, a DLC recém lançada de Horizon Forbidden West, esse problema não acontece, com a história se desenrolando DEPOIS do final do game principal. Essa exploração da trama do universo do jogo faz com que a expansão seja muito mais “obrigatória”, já que está trazendo elementos que serão importantes para o próximo game da franquia, o tornando canônico E necessário.

ALERTA DE SPOILERS – Siga por sua conta e risco

A história de Burning Shores começa quando Sylens diz a Aloy que ainda existe um remanescente dos Zeniths na Terra, Walter Londra, que está fazendo de tudo para construir uma nave e escapar da Terra antes da chegada de Nêmesis, a ameaça revelada no final do segundo game, que promete destruir o planeta.

Aloy então se vê no “Burning Shores”, que nada mais é do que sobrou de Los Angeles. Por lá, enquanto procura por Londra, ela se envolve em uma trama envolvendo a tribo dos Quen e uma de suas fuzileiras, de nome Seyka. Assim, Aloy parte numa jornada procurando Londra, enquanto ajuda Seyka a encontrar alguns membros desaparecidos de seu povo, incluindo sua irmã — logo descobrindo que as duas tramas se conectam.

Foto: Guerrilla Games

O problema da história, no entanto, é que embora seja interessante em matéria de preencher os pontos, é fraca em narrativa e desenvolvimento. Aloy se envolve com poucos personagens além de Seyka, algumas subtramas são apenas arranhadas para sumirem logo depois em alguma missão secundária de pouca relevância, e a própria trama principal se mostra pouco criativa. Acredito que a história poderia ser mais completa se não fosse em uma DLC.

Talvez essa DLC, que é ótima, pudesse ser melhor ainda se esta trama fosse levada para um novo jogo, podendo a elaborar ainda mais.

Exploração e visuais de cair o queixo

O visual paradisíaco de Burning Shores faz com que essa expansão se beneficie absurdamente da qualidade gráfica que Horizon oferece. Se Forbidden West já era um jogo graficamente lindíssimo, sua expansão eleva o nível ainda mais. Por contar basicamente com ilhas, e não com a massa de terra que é o mapa do jogo base, Burning Shores oferece uma sensação de liberdade que a franquia não havia fornecido até hoje. E com as montarias aéreas disponíveis desde o início, a DLC se torna o ápice do que a série pode oferecer em matéria de exploração.

Lembrando que Burning Shores é exclusivo do PlayStation 5 e a Guerrilla não precisou se limitar no que iria mostrar para poder levar também para o PlayStation 4. A régua foi passada por cima, o que eleva o patamar gráfico desta DLC aos mais altos níveis.

Voar por aí não é a única forma de aproveitar a beleza do Burning Shores, já que temos também a inserção de uma espécie de barco a motor que também torna a experiência muito agradável e divertida, especialmente pela quantidade de mar que temos aqui. Em diversos momentos, chega a ser mais divertido viajar pelas ondas do que nas costas de um Heliodo ou de uma Asa-Marinha.

E por falar em Asa-Marinha, sim, temos algumas novas máquinas, mas são poucas. O já citado Asa-Marinha, aliás, não passa de um Heliodo capaz de mergulhar e se mover por baixo d’água.

A maior parte das criaturas, armas e armaduras são reaproveitadas do jogo original. Mas isso é normal e esperado: lembrem-se que é uma DLC, não um novo jogo completo.

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No entanto, Burning Shores não poupou na batalha final, que é, disparada, a melhor de toda a série. Não é segredo para ninguém a essa altura (considerando a própria key art da expansão) que enfrentamos um Hórus, ou “Diabo Metálico”, como os tribais o chamam – simplesmente a maior de todas as máquinas da Praga Faro, o enxame rebelde de máquinas de guerra que causou a extinção de toda a vida na Terra. A batalha é dividida em muitas fases, uma mais criativa do que a outra, conseguindo equilibrar muito bem um gameplay divertido e preciso, com uma sequência de ação alucinante, digna dos melhores blockbusters cinematográficos. Ponto altíssimo da expansão.

Amor (e mais spoilers) à frente

Ao longo do jogo, é perceptível que, embora o foco de Aloy esteja em encontrar Londra, ela vai cada vez mais se dedicando a Seyka, sem que ela mesma consiga entender o motivo. No material de divulgação de Burning Shores, a atriz Ashly Burch, intérprete de Aloy, já havia definido a nova personagem como “o par” da nossa protagonista ruiva – embora não tivesse ficado claro se ela falava romanticamente ou se simplesmente apontava o fato de Seyka ser tão curiosa e obstinada quanto Aloy.

Foto: Guerrilla Games

A DLC também dedica espaço ao coração de Aloy, já que nos jogos ela mal tem tempo para relacionamentos por conta da urgência da missão em que a nossa guerreira estava concentrada. Com Seyka, Aloy mostra seu lado mais humano e mulher, se apaixonando pela personagem e dando ao jogador opções de engatar ou não neste relacionamento.

Eu achei apenas um pouco apressada a forma como isso foi mostrado: Aloy merecia um jogo inteiro tendo esta trama sendo develada conforme o jogo passasse. A DLC pode ser fechada em 8 a 10 horas, sendo um tempo bastante curto para a elaboração do romance.

VEREDITO FINAL

Burning Shores é maravilhoso, porém se limita em seu próprio tamanho. Por ser uma DLC, é a mesma sensação quando vemos um filme tendo a certeza que ele deveria ser, na verdade, uma série. 

O jogo deixa um gostinho de “quero mais”, com grandes momentos acontecendo. O grande acerto é que é uma continuidade válida e que faz parte canônica, sendo necessária para um próximo jogo. Ponto para a Guerrilla Games por isso, que fez o certo. 

Foto: Guerrilla Games

O vilão é fraco (na minha opinião) por ser muito caricato e previsível e a história é curta demais para o desenvolvimento do romance entre Aloy e Seyka. Novamente: questões essas que poderiam ter sido exploradas em todo um terceiro jogo da série.

Mas os pontos fortes desta DLC colocam no chinelo qualquer tentativa absurda de querer falar que seria um caça-níquel. A Guerrilla prova mais uma vez que é mestra em criar gráficos impressionantes, juntamente de momentos incríveis e inesquecíveis para nós gamers apreciarmos e ficarmos nas lembranças por muito tempo. 

Para quem é fã de jogos de ação, aventura e, principalmente, quem gosta da série Horizon, Burning Shores é completamente imperdível.

NOTA: 9/10