Gastronomia

Vídeo: veja a história curiosa da torta capixaba e o segredo da receita

Um dos principais pratos da cultura gastronômica do Espírito Santo, a torta capixaba é destaque durante a Semana Santa

Torta capixaba-o que é-como fazer
(Foto: Leonardo Silveira/PMV)

A torta capixaba é um dos pratos mais conhecidos da culinária do Espírito Santo. O prato é produto de um mix especial de culturas, tanto dos colonizadores europeus quanto de índios e africanos.

Na confecção da torta são usados diversos frutos-do-mar, como siri desfiado, camarão, ostra e sururu, além de bacalhau e palmito. O prato é tradicional por ocasião da Semana Santa e feito na maioria das casas dos moradores de Vitória e dos demais municípios capixabas. Independente do credo religioso do capixaba, é a tradição secular que fala mais alto. 

A torta é um prato tão presente na história do Estado que até Pero Vaz de Caminha comentou nas cartas sobre o hábito dos índios de comerem uma mistura de frutos-do-mar com palmito.

Em entrevista ao Folha Vitória, o historiador Adilson Vilaça diz que a mistura indígena não era a torta como conhecemos agora, mas com certeza foi o que podemos chamar de “tataravô” da atual. 

Foi somente por volta do século XIX que a torta como conhecemos começa a tomar forma. Os portugueses já tinham o hábito de comer frutos-do-mar e, com a forte influência que a igreja católica possuía sobre o povo lusitano, o hábito de não comer carne na Semana Santa era seguido à risca.

Foi nessa época que os portugueses tiveram a ideia de acrescentar o marisco e o bacalhau à mistura feita pelos índios. Nascia a torta capixaba.

E, como filha da terra, a torta permaneceu no Estado e se tornou, junto a moqueca, um dos pratos típicos mais famosos. Adilson também acrescenta que, como a cultura de saborear tortas não é algo natural ao cotidiano do brasileiro, a torta capixaba é uma das únicas tortas com características brasileiras no país. Ela representa a junção dos colonizadores portugueses com os brasileiros.

Torta capixaba é tradição na Sexta-Feira da Paixão

A torta é comida na Sexta-Feira da Paixão como uma tradição trazida de Portugal. O prato é produzido com elementos nativos do Espírito Santo e leva ingredientes retirados da Costa do Estado.

Ela também agrega outros elementos como bacalhau, azeite, cebola, que são originais da cozinha portuguesa. É um prato completamente capixaba, porque, além de conter os ingredientes nativos, é feito na famosa panela de barro de Goiabeiras, na capital do Estado.

No bairro existem as famosas paneleiras de barro, que enriquecem culturalmente ainda mais o preparo da torta. Desde a sua origem nas tribos indígenas, que habitaram o litoral do Estado há mais de 400 anos, até os dias atuais, a técnica de confecção e a estrutura social das artesãs pouco mudaram.

A tradição de cozinhar e servir a torta na panela de barro não acontece por acaso, segundo as paneleiras, a panela é mais que um utensílio, é quase um tempero especial.

Segundo elas, a torta capixaba original deve ser feita na panela de barro de Goiabeiras, pois deixa o alimento mais saudável e mantém a temperatura da comida, além de acrescentar sabor ao alimento. A iguaria é a grande estrela do tradicional Festival da Torta Capixaba, que acontece na Ilha das Caieiras, em Vitória.

Receita e os segredos da torta capixaba

Ingredientes

Cebola, alho, azeite doce, azeitona, limão, coentro, cebolinha verde, tomate a gosto;

  • ½kg de palmito natural previamente cozido;
  • 200g de siri desfiado e cozido;
  • 200g de caranguejo desfiado e cozido;
  • 200g de camarão cozido;
  • 200g de ostra cozida;
  • 200g de sururu cozido;
  • 200g de badejo desfiado e cozido;
  • 500g de bacalhau desfiado e cozido.

Observação: Para cozinhar esses ingredientes, fazem-se as moquecas de cada um e retira-se todo o caldo, deixando-os o mais seco possível.

Modo de Preparo

1. Prepare um refogado com cebolas, alho, pimenta, azeite doce, azeitonas e limão.

2. Leve-o ao fogo com o palmito natural e espere até desaparecer a água e ganhar consistência.

3. Junte, depois de limpos, desfiados, cozidos e espremidos, os ingredientes acima, mexendo até evaporar a água. Retire para esfriar um pouco. Misture uma parte da espuma de 6 claras em neve com as gemas.

4. Quando se adicionarem os temperos aos mariscos, deve-se colocar o bacalhau para enxugar e dar liga à massa.

5. Cozinhe à parte 6 ovos, que servirão apenas para enfeite juntamente com azeitonas e rodelas de cebola.

6. Coloque a massa em uma panela de barro e a leve ao forno, retirando-a quando a espuma estiver bem coradinha. Bom apetite!