Se tem um anime que deixou sua marca no Brasil, esse anime foi Os Cavaleiros do Zodíaco, durante a era de ouro da saudosa TV Manchete, pioneira em nos introduzir à cultura oriental, até então inexplorada pela maioria de nós.
Se você já é mais velh…experiente como nós da NDN, provavelmente curtiu muito essa época repleta de animes e Tokusatsus que marcaram história.
Num universo onde constelações se convertem em tramas épicas, Os Cavaleiros do Zodíaco, com sua narrativa intrincada e personagens memoráveis, reserva curiosidades que arremessam os fãs a dimensões pouco exploradas.
Como intrigante calça azul de Seiya, uma peça de vestuário que desafia a lógica ao desaparecer misteriosamente nas batalhas mais intensas, mas que a gente nunca se importou muito com esse “truque” de trocar a cor da roupa XD.
DE BRINCADEIRA DE CRIANÇA AO SUCESSO
Masami Kurumada, criador da série, não apenas traçou os destinos dos Cavaleiros, mas imprimiu suas próprias experiências de infância na tapeçaria mitológica.
Fascinado desde jovem pela mitologia grega, Kurumada adorava brincar de cavaleiros com seus amigos, um prelúdio para a epopeia que mais tarde ganharia vida nas páginas e nas telas das tvs de nossas casas.
Deixando as ruas vazias por um momento, fazendo todo mundo correr pra casa pra não perder nenhum episódio para que no dia seguinte, pudéssemos brincar na escola gritando os poderes e fazendo de conta ser um de nossos cavaleiros favoritos. (pra mim, Saga de Gêmeos XD)
O mangá Saint Seiya, que mais tarde seria conhecido no ocidente como “Os Cavaleiros do Zodíaco”, teve sua origem nas páginas da revista Weekly Shonen Jump, sendo concebido por Masami Kurumada e lançado no mês de dezembro de 1985.
De maneira intrigante, embora o anime tenha alcançado o status de verdadeira febre no Brasil, sua popularidade não atingiu os mesmos níveis em sua terra natal. Mas é claro, com o tempo foi ganhando mais relevância no mercado oriental.
UM NOVO PROTAGONISTA?
A reviravolta cósmica, onde Aiolia de Leão quase se tornou o protagonista, ganha uma nova perspectiva quando consideramos a inspiração pessoal do criador.
A série não é apenas uma narrativa mitológica; é uma manifestação de brincadeiras infantis transformadas em epopeia galáctica.
Originalmente, o personagem central de Cavaleiros do Zodíaco estava destinado a ser Aiolia de Leão.
Essa escolha originou-se do fascínio de Kurumada ao descobrir que uma chuva de meteoros cruzava a constelação de Leão.
Ele imaginava que esse fenômeno seria a inspiração para o golpe principal desse cavaleiro. Entretanto, em uma reviravolta inesperada, Kurumada alterou seus planos, determinando que o verdadeiro protagonista do mangá seria proveniente da constelação de Pégaso.
Contudo, o interesse persistente de Kurumada na ideia da chuva de meteoros permaneceu. Ele decidiu transferir essa concepção para o novo protagonista, Seiya, dando origem aos renomados Meteoro de Pégaso.
Quanto a Aiolia, o conceito inicial de tê-lo como protagonista foi posteriormente resgatado em anos subsequentes, no mangá derivado “Episódio G” e também em “Os Cavaleiros do Zodíaco – Alma de Ouro”.
OS DESAFIOS DA VIDA REAL
Nos bastidores dessa produção, a Toei Animation enfrentou desafios orçamentários, adotando truques criativos como a reutilização estratégica de animações.
Uma estratégia econômica que, de certa forma, conferiu uma camada única à estética das batalhas.
Os episódios “filler”, embora não tenham respaldo no mangá original, não são simples interlúdios.
São desvios que preenchem os espaços entre as sagas principais, proporcionando um respiro antes do próximo embate, são um saco para a maioria das pessoas, mas tem quem curta cada um dos 114 episódios.
A trilha sonora, regida pelo maestro Seiji Yokoyama, adiciona uma dimensão emocional à saga, elevando cada confronto a um espetáculo digno do Olimpo.
MANGÁ vs ANIME
As diferenças entre o mangá e o anime, revelam nuances na visão dos Cavaleiros. Enquanto o mangá é a fonte primordial, o anime, ao trazer ajustes e adaptações, cria um universo expandido que cativa e desafia os fãs.
E por falar em anime, ele omite uma informação crucial do mangá, embora não seja algo tão difícil de entender o motivo – afinal, é tranquilamente a coisa mais bizarra da obra de Kurumada.
Bom, todo mundo sabe que o milionário Mitsumasa Kido, ao encontrar Athena e receber a armadura de Sagitário das mãos de Aiolos, e depois decide enviar 100 jovens crianças para se tornarem Cavaleiros, nos lugares mais absurdamente sinistros, certo?
Até aí tudo bem (se não considerar a loucura que é isso)… mas e se eu te falar que essas 100 crianças eram todas irmãs? Pois é.
Mitsumasa Kido teve 100 filhos ao redor do mundo, e enviou todos eles para os lugares mais perigosos da face da Terra para ganharem suas armaduras.
Obviamente, muitos morreram no processo, considerando que os que voltaram são apenas os 10 Cavaleiros de Bronze.
Então, sim, Seiya, Shiryu, Hyoga, Shun e Ikki e todos os outros cavaleiros de bronze são todos meio-irmãos, filhos de Mitsumada Kido.
E por falar em adaptação, existe uma lenda bizarra, que se espalhou por aí, de que no mangá o mestre de Hyoga é Milo de Escorpião.
E isso foi uma viagem sem tamanho, não, nunca foi. O que aconteceu foi que Kurumada realmente considerou isso, e inclusive desenhou o vulto de Milo afundando o navio onde descansava o corpo da mãe de Hyoga.
Mas logo ele desistiu da ideia, e quando esse capítulo saiu na versão encadernada, o autor redesenhou a cena, colocando Camus de Aquário como Mestre de Hyoga. O motivo, é que ele acreditava que a relação com a água teria mais a ver com os poderes de gelo do Cavaleiro de Cisne.
E por falar em mestre, essa questão do Mestre de Hyoga fica ainda mais complicada no anime, onde criaram o “Cavaleiro de Cristal” para ser mestre do Cavaleiro de Cisne.
E aí depois tiveram que inventar que esse Cavaleiro de Cristal havia sido discípulo de Camus, o que gerou alguns diálogos sem sentido algum do Hyoga, como dizer ” se é mestre do meu mestre, é meu mestre também”. Pois é, não faz sentido, mas foi a saída que encontraram.
Tiveram diversas mudanças do mangá para o anime, e isso é comum acontecer, personagens são retirados, outros são criados, além do Cavaleiro de Cristal, o Mestre Arles e também os Cavaleiros de Aço foram personagens criados exclusivamente para o anime.
É possível que alguns tenham notado, mas June de Camaleão, a companheira de Shun, tem uma armadura que bagunçou um pouco a mente dos jovens, com uma armadura que mais lembra uma dominatrix.
Mas isso foi algo totalmente planejado, pois, em uma entrevista dada por Kurumada para uma revista adulta chamada “June”, ele fez uma promessa de que iria criar uma personagem em homenagem à revista.
Não demora muito para surgir June, com um chicote e um visual dominatrix, que em sua primeira aparição no mangá, não usava nada por baixo da armadura, deixando a molecada ainda mais pirada.
Mas por algum motivo, na versão final encadernada, foi adicionado um traje para a personagem, ou foi alguma restrição editorial ou o próprio Kurumada pensou melhor sobre o assunto, nunca saberemos.
O 13° CAVALEIRO DE OURO
Em 1995, a astrônoma Jacqueline de Mitton balançou o mundo da astrologia revelando a existência de um décimo terceiro signo do zodíaco, Ofiúco.
Apesar de vários fatores apresentados, a comunidade não deu muita bola, e resolveram não incluir Ofiúco, mantendo assim os 12 signos. Mas é claro que Kurumada não ia perder a oportunidade de aproveitar essa informação para criar um novo personagem.
Surge então o Odisseu de Ofiúco, o lendário 13° Cavaleiro de Ouro e principal antagonista do mangá Next Dimension. O personagem chegou com um objetivo já certeiro: se tornar um deus, usurpar o lugar de Athena e ter controle total do Santuário.
ZACK DE PÉGASUS?
Não é novidade que geralmente as adaptações americanas de animes não são lá essas coisas, e acabam nos deixando com traumas que marcam nossas memórias cof cof Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco: O Começo.
Mas se vocês soubessem a quantidade de produções ainda piores que teríamos tido contato antes, e tivemos a grande sorte de não ter contato, vocês ficariam surpresos.
E usando os Cavaleiros do Zodíaco, tem duas adaptações americanas, medonhas que por força do destino, quase ninguém soube que existiam até pouco tempo atrás.
Uma dessas coisas foi o Guardians of the Cosmos, e provavelmente você não deve conhecer esse nome certo?!
A produção tinha como objetivo trazer Saint Seiya para o ocidente, mas para isso, teriam que reformular muita coisa para que a série fosse aceita no mercado americano.
Começando pela mudança dos nomes, onde Seiya se tornou Zack, Ikki virou Quinn, Hyoga era Jake, Shun ficou Max e Shiryu se tornou Clint.
O formato mudou completamente e ficou mais parecido com uma versão de G.I. Joe, e só ficamos sabendo dessa animação, graças a youtuber Ray Mona que é a responsável pela série documental Tales of the Lost.
Ela acabou descobrindo a animação durante a sua pesquisa sobre a outra produção bizarra em live-action chamada StarStorm. Essa versão com atores musculosos vestindo apenas as armaduras e soltando raios pelas mãos enfrentou desafios e nunca chegou a ser completamente realizada, foi feita pela Renaissance-Atlantic Filme em 1994.
Ambos os projetos acabaram sendo cancelados antes mesmo de ganhar algum espaço no mercado (para a sorte de todos nós).
Sabemos que existem muitas coisas ainda para serem pontuadas, a lista de curiosidades é bem longa, mas vamos trazer mais curiosidades sobre Os Cavaleiros do Zodíaco no futuro. Falaremos mais sobre a chegada no Brasil pela TV Manchete, os bonecos que eram os sonhos de toda criança, a dublagem e muito mais.
Mas agora, só queríamos reviver algumas boas lembranças, trazendo fatos curiosos sobre essa obra que marcou a vida de muita gente. E para os que não tiveram a oportunidade de conhecer, deem uma chance, vocês vão gostar bastante.
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