Aos 80 anos, a dona de casa Ophelina Pereira Alves dos Santos tem a arte, como hobby. De toda a experiência de vida, 10 anos já foram dedicados à pintura, realizada em diversos tipos de toalhas, quadros e lençóis. Tudo é feito à mão, e foi como forma de se livrar da depressão, que ela começou a praticar a arte.
A moradora de Marechal Floriano, na região Serrana do Espírito Santo, se casou aos 16 anos e tem 9 filhos: quatro rapazes, incluindo dois gêmeos, e cinco mulheres. Atualmente, ela mora com uma filha e passa boa parte do tempo sozinha, por isso, utiliza a pintura para passar o dia ocupada.
O dom e o gosto da pintura sempre foi um interesse pessoal da dona Ophelina. Tudo começou quando uma amiga da família se ofereceu para ensiná-la a pintar, já que dava aulas de pintura para outras pessoas.
Além de ser uma diversão e um passatempo, Ophelina contou que também começou a pintar para entreter a mente e fugir da depressão. Agora, ela presenteia os amigos com seus trabalhos.
“A Aparecida (professora) era muito amiga da gente e eu sempre tive vontade de aprender a fazer pintura, que era uma diversão para mim. Ela falou que dava aulas e perguntou se eu queria aprender com ela, aí eu fui e comecei as aulas com ela”, contou.
Apesar da diversão e o passatempo durante as aulas, Ophelina contou que também começou a pintar para entreter a mente e fugir da depressão, além de presentear os amigos com seus trabalhos.
“Para entreter, não me dar depressão. Fazer uma lembrancinha para uma amiga ou pessoa e aprender, para eu ocupar a minha mente. É para aprender mesmo, não deixar a mente parada”, disse.
Mesmo sem as aulas na pandemia, ela não deixou de pintar
Ophelina contou que durante esses anos teve que arrumar outra professora para dar continuidade às aulas, mas precisou parar por causa da pandemia. Mesmo sem as aulas presenciais e sem auxílio de uma instrutora durante o isolamento social, ela não parou de praticar e continuou fazendo suas artes em casa.
“Quando eu comecei a pintar, pagava uma menina para me ensinar. Depois que ela parou de dar aula, eu comecei com outra pessoa e até hoje faço as minhas atividades, mas eu não tinha terminado de fazer o curso com ela também, por causa da pandemia. Eu continuo fazendo em casa”, contou.
Em muitas pinturas, a inspiração e a criatividade sai da própria cabeça. Ela contou ao Folha Vitória que pegava os desenhos de livros escolares infantis para refazer sozinha em casa.
“Eu fiz a história de Adão e Eva, quando a serpente enganou eles. Fui tirando do livro e colocando na pintura. Depois, eu fiz o livro de Gênesis e depois o livro do evangelho de Jesus”, relatou.
A exposição de suas artes para mais pessoas é um sonho
A idosa nunca chegou a expor seus trabalhos publicamente, embora seja um sonho. Questionada sobre o motivo de não vender as peças, ela diz que quando tem encomendas, ela vende, mas muitas pessoas não dão valor à mão de obra.
“Se achar de vender, eu faço. Mas a gente faz e muitas pessoas não se dão ao trabalho. Eu faço minhas toalhinhas de prato. Às vezes já compro o saco por R$12 a R$15 e aí, às vezes, eu peço R$25 nas toalhas prontas, mas eles acham que é caro. Eu faço para vender também, mas eles não dão valor”, explicou.
Além do mundo das tintas, dona Ophelina frequenta o clube da terceira idade há 28 anos. Por lá, ela canta músicas com outros idosos, troca mensagem, alegra o dia, conta algumas piadas e também faz viagens em grupo.
“Eu fui para (o clube da) terceira idade e levei aqueles quadros na semana passada. Eles ficaram encantados. Ontem eu levei mais, levei lençol de cama, mais toalhinhas de prato e mostrei”, contou.
Ela aproveita as oportunidades das idas ao clube para mostrar seus trabalhos para os colegas. A idosa aconselha as pessoas a se entreterem com algo para ocupar a mente, principalmente para pessoas idosas que não têm uma rotina de trabalho.
*Texto feito pela estagiária Gabriela Vasconcellos, com supervisão de Gabriel Barros.