A mãe “carrega” o filho na barriga durante os nove meses, mas o pai também possui um papel fundamental na vida dessa criança. Papel este que está cada vez mais participativo e afetivo na sociedade contemporânea. Se nos séculos passados, bastava a ele ser o provedor de autoridade, segurança física e financeira, em exemplo da família patriarcal, hoje o pai tem procurado participar mais e dividir com a mãe os prazeres e as responsabilidades de ter filhos. E é assim mesmo que vai se formando os novos arranjos familiares.
“O papel do pai é muito importante no desenvolvimento da criança e tem se transformado nas últimas décadas. O pai que desempenhava basicamente uma função educadora e disciplinadora hoje tem acrescentado em sua autoridade mais proximidade e afeto”, explica a psicóloga Gabrielli Rocha.
A mãe possui papeis que são exclusivos dela, é verdade, mas a função de pai também é profunda e exerce com mais autoridade a tarefa de estabelecer limites, ajudar o filho a ter noção de certo e errado, com atitudes decisivas para a formação do caráter, e até mesmo facilitando a capacidade de aprendizagem e a integração da criança na comunidade. Inclusive, Gabrielli cita alguns estudos que revelam que a presença do pai no desenvolvimento da criança e a interação entre pai e filho é um dos fatores decisivos para o desenvolvimento cognitivo, psico-afetivo e social da criança.
Freud explica
Quanto menor a criança, maior sua necessidade de referência e valores que estarão sempre presentes em sua vida. O pai precisa de um tempo efetivo para estar com o filho, aquele momento para contar história, brincar no chão, rolar de rir, conversar sobre as novidades que estão começando a fazer parte da vida do filho. Esses minutos de amizade são fundamentais para criar os vínculos afetivos e ajudar o desenvolvimento do comportamento da criança.
Segundo a Psicanálise, a presença do pai mostra à criança que existe vida além da mãe, um “corte” necessário para o bom desenvolvimento infantil que promove autonomia e autoconfiança. Por outro lado, a rejeição ou ausência do pai gera ansiedade e insegurança, e a criança pode vir a se tornar hostil, agressiva e insegura em relação às demais.
No caso dos meninos, a presença do pai ajuda-o a construir sua própria imagem masculina. Quanto às meninas, o pai é a figura de como o homem é e como ele deve ser. “Ele pode ser modelo de homem a ser amado ou odiado. Diante disso, é fundamental que o pai participe da vida do filho, de seus momentos importantes, sejam estes bons ou ruins, que exista diálogo, troca de ideias, conselhos, lazer. É necessário que tenha compreensão em seus momentos adversos, com orientações sobre sua vida e apoiando suas decisões”, ressalta Gabrielli.
A psicóloga destaca algo muito importante para os casos de pais separados. Se a situação for essa, o pai deve participar o máximo possível da rotina de seu filho, perguntando para a pessoa que fica mais tempo com o ele sobre seus gostos e suas preferências. “Fazer parte da vida de um filho é fazer parte de seu mundo, é conhecê-lo de forma autêntica”, cita a especialista.