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"A possibilidade de lockdown nas grandes cidades é real", diz secretário de saúde

Ele afirma que esta é uma medida extrema e disse que espera que não seja preciso, pois o impacto econômico e social seria muito maior

Foto: Reprodução / Youtube

Em coletiva realizada na manhã desta terça-feira (05), o secretário de Saúde, Nésio Fernandes, falou sobre o trabalho realizado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) para conter a pandemia de coronavírus. Uma das abordagens, foi a possibilidade da implantação do sistema lockdown em algumas cidades do Espírito Santo.

Para ele, o risco do fechamento total é real e pode ocorrer. “A possibilidade de lockdown é real. Ela não depende somente da existência ou não de uma boa ou pior taxa da ocupação de leitos. Se continuarmos tendo a quantidade de vítimas dobrando, não podemos assumir que a estratégia está correta”, disse o secretário.

“O lockdown é uma medida extrema. No entanto, se ocorrer um colapso simultâneo nas regiões no estado, não se descarta o decretamento mais amplo. Não queremos que ocorra. Isso tem que parar tudo. Indústria, transporte coletivo, toda atividade de comércio tem que parar. Esperamos não ter que decretar. É preciso que a sociedade entenda isso. Nosso estudo apontava a segunda quinzena de abril e a primeira de maio como aceleração da curva. Alguns estudos apontam que o pico da nossa curva possa ser em junho”, ressaltou.

LEITOS

Sobre a ampliação da quantidade de leitos de enfermaria e UTI no Espírito Santo, o secretário afirmou que a projeção é que, até o final do mês de maio, esse número chegue a 1300, espalhados em vários municípios do estado. “Podemos chegar até 1400 nos meses seguintes. Essa expansão não interfere no atendimento aos pacientes de outras doenças”, disse.

TENDAS DE CAMPANHA

Ainda sobre este assunto, Nésio Fernandes informou que o estado vai acoplar tendas de campanha às Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da Grande Vitória, além de municípios do interior, como São Mateus, Colatina e Linhares. Segundo ele, o estado ainda negocia a compra de 200 respiradores, além de ventiladores que estão em processo de finalização de compra.

O secretário ainda falou sobre o alinhamento das estratégias de combate à doença pelo Espírito Santo e o Brasil. Ele acredita que as decisões a nível nacional podem impactar diretamente nas estratégias no estado capixaba. “Se o país colapsar, o Espírito Santo vai colapsar junto. Parte da estratégia capixaba exige que a estratégia nacional seja acertada e é preciso assumir o caminho dos próximos 15 dias, para o enfrentamento da pandemia. Isso precisa acontecer, sob o risco de comprometer toda a estratégia dos estados”, afirmou.

ISOLAMENTO SOCIAL

Ele reforçou a importância do isolamento social como medida para conter a pandemia. “É necessário que a gente supere a polarização da sociedade. Estamos em um mês crítico para as cidades da Grande Vitória. As pessoas precisam entender que é preciso ficar em casa, reduzir a mobilidade urbana”, disse.

“Nosso objetivo é a proteção a vida. Não nos interessa apenas garantir que todo paciente tenha um leito. Nos interessa, como autoridade e como governo, que nós tenhamos menos mortes e menos pessoas precisando de leitos hospitalares. O distanciamento social é a estratégia que pode garantir que menos capixabas adoeçam e que, consequentemente, menos pessoas morram”, salientou.

CONTRATAÇÃO DE HOTÉIS

Sobre a contratação de hotéis para hospedar profissionais da saúde, o secretário afirmou que as negociações estão em processo de finalização. A medida visa atender aos profissionais que preferem ficar distantes da família durante a pandemia.

Questionado sobre a compra de mais testes, Nésio lembrou que 80 mil testes já foram adquiridos pelo governo do estado e que a capacidade de testagem do Espírito Santo é de, aproximadamente, 30 mil testes por milhão de habitantes. Segundo ele, o número pode ser comparado com o de países de primeiro mundo. A expectativa é realizar 200 mil testes no estado. Ele falou ainda sobre o inquérito sociológico que, a partir da próxima semana, será realizado com cerca de 32 mil capixabas em suas residências.

DENGUE X CORONAVÍRUS 

Nésio Fernandes comentou ainda sobre os questionamentos de muitas pessoas, que criticam a atenção dada ao coronavírus, alegando que outras doenças, como a dengue, também causam mortes. “Algumas pessoas me questionaram sobre as mortes da dengue. Ano passado, em 365 dias, foram pouco mais de 400 mortes. A covid-19, em pouco mais de 5 semanas, já foram mais de 100. A dengue, podemos matar o mosquito. As pessoas precisam entender a urgência de uma nova atitude para garantir o fim dessa pandemia, desse desastre epidemiológico”.

Confira a coletiva: