Geral

A Vida é o Primeiro Direito

Editorial Rede Vitória

Foto: Diego Simão/TV Vitória

Eu tenho direito a colocar em risco a sua vida? 

Não, não tenho. Ninguém tem. 

O direito à vida suplanta todos os demais direitos. Aliás, todos eles são oriundos propriamente do direito à vida.

Como vivemos em sociedade, em uma Federação e sob o regime presidencialista, o Governo Central tem a obrigação e a prerrogativa de estabelecer e orientar políticas públicas para mitigar riscos.

E é sob esse princípio basilar que medidas sanitárias devem ser avaliadas e adotadas quando há um risco eminente para a população, como no caso da pandemia de Covid e o surgimento da variante mais recente do vírus, Ômicron.

Uma nova onda de infecção se tornaria uma ameaça concreta às conquistas obtidas até aqui, e diga-se, com muitos sacrifícios.

A normalidade da vida social e a retomada econômica estão em andamento justamente porque as taxas de transmissão caíram, resultado dos avanços da testagem e da vacinação.

No Espírito Santo, quase 80% da população recebeu a primeira dose ou dose única, e pouco mais de 65% está vacinada com a segunda dose.

A população, de maneira geral, entendeu a lógica de quanto mais gente vacinada, menor a taxa de transmissão e isso impulsiona a retomada das atividades sociais e econômicas.

Dito isso, quando o Presidente da República, Jair Bolsonaro, nas suas inúmeras manifestações, coloca em dúvida a eficácia da vacina ou se nega a seguir orientações da Anvisa, como por exemplo, a exigência de passaporte vacinal para aqueles que chegam ao Brasil, flerta com a ameaça de uma nova escalada de transmissão do vírus e põe em xeque a economia.

O ministro da Saúde, Marcelo Quiroga, chegou a dizer durante a semana, que “às vezes é melhor perder a vida do que perder a liberdade”, numa alusão ao direito de ir e vir.

Não ministro, não! A vida de todos é o primeiro dos direitos e a liberdade de ir e vir só faz sentido sob a perspectiva da própria vida.

A postura do Governo Federal de não assumir o protagonismo no combate à pandemia de Covid deixa a população insegura e rompe o equilíbrio entre os poderes. Na prática, significa transferir as próprias decisões e depois reclamar de interferência, bem ao gosto do eleitorado mais radical.

O partido Rede entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal e, no sábado, o ministro Luís Roberto Barroso determinou que o comprovante vacinal será exigido a partir de agora.

Se trata, pois, de criar barreiras para a entrada de não vacinados e mitigar riscos para a população brasileira, condição fundamental para garantir o direito à vida e a liberdade.

É um direito nosso! Um dever do Estado.