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Adolescência: psicólogo explica como driblar desafios na transição para a vida adulta

Fase é marcada pelas mudanças no corpo e as dificuldades de aceitação, conforme explica Alexandre Brito. Assunto é tema da série "Entrelaçados", da TV Record

Foto: Reprodução/Freepik

A adolescência é um tempo de mudanças. Surto de crescimento, alterações no corpo, na voz, e na personalidade. Afinal, é neste período da vida que muitas pessoas passam a se encontrar, entender do que gostam ou o que definitivamente não querem para as próprias vidas. 

É também neste período que surgem os conflitos, os dilemas, inseguranças e ansiedades para o futuro, onde aparece a tão famosa e temida rebeldia. Afinal, como driblar alguns destes obstáculos quando se conectar com o mundo parece tão complicado? 

Rusgas e desentendimentos são comuns durante essa fase da vida, aprender a respeitar e conviver com as diferenças é um desafio que precisa ser vencido por muitos jovens. 

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É neste ponto que ter opções de diálogo e enfrentamento destas mesmas diferenças é fundamental, de acordo com o psicólogo e palestrante Alexandre Vieira Brito. 

Para ele, o afeto é fundamental no momento de encarar essas mudanças que chegam com a idade. 

“É muito comum a convivência em grupo na adolescência, o que leva ao contato com pessoas com realidades muito diferentes. E um afeto importante para lidar melhor com o outro e com a diferença é a empatia, realizando um exercício de se imaginar no lugar do outro. Isso contribui para que haja mais respeito, interação e um contato mais saudável. A empatia resiste ao nosso impulso de exclusão e repressão diante da diferença”, disse. 

Ainda segundo o psicólogo, é importante desenvolver comunicação aberta e não violenta entre amigos e familiares, para que certos limites sejam estabelecidos, assim como em qualquer outro tipo de convivência saudável, isso significa enfrentar os próprios preconceitos e estigmas. 

O papel dos pais 

O papel dos pais é fundamental na vida de qualquer adolescente, principalmente para enfrentar as dificuldades da transição da infância para a vida adulta. Afinal, o apoio é sempre importante quando se trata de qualquer desafio. 

“Uma das coisas mais importantes na relação entre pais e filhos é a escuta e o acolhimento antes de qualquer tipo de repressão e julgamento! Estar disponível para escutar pode contribuir para que o jovem não passe por desafios de modo solitário e calado.”, afirma o psicólogo. 

De acordo com ele, este apoio precisa ser explícito, mas não inquisidor. Os pais podem mudar de postura diante de situações de decisão, proporcionado ao jovem ter um poder de escolher os próprios caminhos. “É preferível filhos que saiba lidar com responsabilidades do que filhos que simplesmente temem os pais”. 

Além disso, o profissional alerta: os genitores precisam compreender que os filhos não são cópias, têm seus próprios desejos e interesses e isso deve ser sempre respeitado. 

Introvertidos x extrovertidos: um antigo embate

Pessoas são diferentes e o que torna a cada ser humano um indivíduo, é justamente sua personalidade. Há quem seja tímido, quietinho, quem evite chamar atenção a qualquer custo. 

Mas também existem pessoas que são o oposto: adoram os holofotes, ser o centro das atenções. Quem fale pelos cotovelos, quem não perde uma piada. 

Este choque de personalidades pode ser um grande desafio durante um período em que os hormônios são muitos, mas a paciência é curta. Por isso, é preciso alguns cuidados para evitar conflitos desnecessários. 

“É preciso uma comunicação respeitosa e empatia para que haja um equilíbrio entre os jovens mais desinibidos e os mais introvertidos. Aliás, é importante que ambos entendam que todos nós temos a necessidade de momentos mais reservados, outros mais desinibidos, e vice-versa”, informa Alexandre. 

Mas ele alerta: é necessário que toda a comunicação seja confortável para ambos os lados, não adianta se esforçar apenas para caber em algum lugar, muito menos tentar “forçar a barra” com ninguém. 

Depressão, ansiedade, incertezas 

A depressão e ansiedade são transtornos comuns durante adolescência. Afinal, o peso de precisar tomar as próprias decisões e trilhar o próprio caminho para um futuro próximo pode ser desafiador para quem acabou de sair da infância. 

Por isso, alguns cuidados são necessários durante o período de transição e é fundamental, segundo o psicólogo, que os transtornos sejam encarados como sofrimentos reais e não apenas como um fricote ou uma frescura de adolescente. 

“Antes de mais nada, é importante que os transtornos mentais sejam entendidos como sofrimentos reais e que sejam combatidos todos os tipos de violências estigmas e preconceitos com pessoas que apresentam alguma dor da alma. O respeito é inegociável, bem como oferecer uma escuta sem julgamento! São passos que pode salvar vidas.”

Além disso, Alexandre afirma que uma rede de apoio é importante durante este período, e um dois papéis dos apoiadores é justamente incentivar o jovem a procurar ajuda: seja um hobby ou até mesmo auxílio psicológico ou psiquiátrico. 

Lidando com um rebelde sem causa 

Que atire a pedra quem nunca se rebelou na adolescência. Seja uma transformação radical no visual, consumir alguma bebida alcoólica escondido ou até mesmo ver as notas despencarem no boletim, acredite: a rebeldia vai aparecer. 

E este é um ponto delicado quando se trata de educar um adolescente. Muitas vezes um tanto intransigentes, os jovens podem não dar a devida atenção ao que dizem os pais. 

A rebeldia, segundo Alexandre, pode ser uma forma de procurar a própria autonomia.

“A rebeldia pode se dar quando o jovem resiste em se curvar diante de regras ou de expectativas que lançaram sobre ele desde a infância. Permitir que o jovem se expresse é parte do desenvolvimento da autonomia, mas alguns limites devem ser dialogados abertamente e quanto mais democrático, mais chances de um sucesso na educação”, alerta o psicólogo. 

Ele alerta: educar não significa constranger, e nem sempre quando um filho foge dos padrões de educação, quer dizer que os métodos fracassaram. Pode significar apenas uma busca por autenticidade. 

De acordo com ele, é necessário criar espaço para diálogo e para a disciplina, para que o jovem não se sinta mal com ele mesmo ou com os próprios pais. 

Respeito é essencial 

Por fim, o profissional pontua: para que existam relações familiares e de amizade prazerosas e frutíferas, uma palavra é essencial: respeito, pois só ele é capaz de criar relacionamentos duradouros. 

As boas relações devem primar pelo convívio saudável. Com isso, não há espaço para comparações maldosas, inferioridade e bullying. O respeito deve ser recíproco e sempre acompanhado de diálogo. 

“O diálogo é essencial para evitar mal-entendidos e construir confiança. Demonstrar interesse pela vida e desejos do jovem, pelos seus medos e pelas suas próprias expectativas, por exemplo, pode criar ou fortalecer laços.”

As dores e prazeres da adolescência são tema da série “Entrelaçados” da TV Record, que lida justamente com o enfrentamento das diferenças e sobre encontrar o próprio espaço no mundo. 

Afinal, os conflitos sempre vão existir quando se trata de adolescentes, seja na escola ou no ambiente familiar, e este é um ponto focal do programa: a convivência e a resolução. 

Para este tipo de situação, o psicólogo tem algumas dicas: dar uma chance aos outros, atividades em grupo. 

“Uma recomendação são os espaços, eventos ou atividades em grupo. Eles podem promover momentos de lazer e criar oportunidades para compartilhar momentos descontraídos e trocas de perspectivas e experiências”

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