O Espírito Santo vive tempos difíceis de falta d’água. Época do ano em que normalmente as notícias costumavam ser de muita chuva e medidas emergenciais de socorro às vítimas de inundações. Este ano novos termos foram adicionados ao vocabulário dos cidadãos capixabas: seca, estiagem, queimada controlada, crise hídrica.
Focada em gerir os recursos hídricos e preocupada com o desabastecimento de água, a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) reuniu-se com os movimentos sociais e a sociedade civil organizada para colher as sugestões e saber de suas prioridades.
O diretor de Infraestrutura Hídrica da Agerh, Robson Monteiro, explicou que o momento vivido pelo capixaba é de conscientização.
Folha Vitória – Em meio a um feriado prolongado como o do Carnaval, como o governo do Estado se preparou para receber os turistas?
Robson Monteiro – Não existem medidas de curto prazo. Mas, o governo do Estado deu início a uma campanha de conscientização e também ao combate ao uso irregular da água.
FV – O que é mais urgente?
RM – Qualquer medida que vise de curto prazo dependeria do aumento da oferta hídrica, o que significa que depende de chuva. Nesse momento não tem como aumentar a oferta de água. Precisamos, sim, gerir a demanda.
FV – De que forma o governo do Estado trabalhou esta questão?
RM – Trabalhamos nessa frente de conscientização do uso doméstico da água. Foi priorizado o abastecimento humano, o último que deve ser impactado. Participamos das rodadas de discussões dos comitês das bacias.
FV – Como estão os níveis de água nas bacias que abastecem a região metropolitana?
RM – Vamos falar da bacia do Rio Santa Maria da Vitória. Há uma semana sua vazão era de 2.800 litros por segundo (em Carapina). Mas esta semana (referência é o dia 10), o cenário mudou e a vazão passou a ser de 5.300 litros por segundo.
FV – Quais são os rios que abastecem a região metropolitana?
RM – A região metropolitana é abastecida pelos rios Jucu, Benevente e Santa Maria da Vitória.
FV – Quais são as condições hídricas do Rio Doce?
RM – Embora o Rio Doce seja de gestão da União e não do Estado, sabemos que o rio já esteve com 41cm de profundidade. Mas no momento ele se encontra com 171cm de profundidade.
FV – Que regiões foram mais afetadas pela crise hídrica?
RM – Ainda é cedo para fazer um balanço final. Mas a região metropolitana, por ter um maior contingente humano, foi o mais atingido. Mas houve as regiões de Santa Maria de Jetibá, de Cachoeiro de Itapemirim que foram bem prejudicadas. A pior situação registrada foi a de Alto Rio Novo, que teve a captação da estação desligada por seis horas. A população não chegou a sentir muito porque possuía água em suas caixas e também nos encanamentos. Houve um caso em que um proprietário de imóvel rural drenou um córrego, mas teve o equipamento apreendido.
FV – Quais são as previsões climáticas mais próximas?
RM – Temos um indicativo de pancada de chuva para esta terça-feira. Existe uma previsão para os municípios próximos da divisa com o Rio de Janeiro, como Bom Jesus do Norte e Mimoso do Sul, de que chova aproximadamente 100 mílimetros.