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Alfabetização auxilia crianças em Vitória a adquirirem habilidades

Meta do Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece que, até 2024, todas as crianças devem ser alfabetizadas, no máximo, até o 3º ano do ensino fundamental

Foto: Gabriela Valdetaro | TV Vitória
Em Vitória, a meta é alfabetizar todas as crianças até o 2º ano do Ensino Fundamental

É comum que todo pai tenha expectativas para ver seu filho ou filha começar a ler ou escrever, certo? Essa ansiedade também acaba afetando os pequenos, que devem ser encorajados desde cedo tanto no ambiente familiar quanto escolar.

O desenvolvimento cognitivo e intelectual começa ainda na infância. É nessa fase que a criança faz sua primeira identificação das letras, seja através de brincadeiras, músicas e histórias que se adequem ao contexto infantil.

Ana Julia Miranda, de 8 anos, passou por isso em sua família. Devido à pandemia do novo coronavírus, ela ficou cerca de dois anos sem frequentar a escola presencialmente, mas foi incentivada em casa a iniciar seu processo de alfabetização.

“A avó e a tia dela compraram as letrinhas do alfabeto e isso acabou despertando curiosidade na Ana. Como ela frequentava a casa da avó, foi se interessando e aprendendo aos poucos”, explica a mãe, Jeane Miranda.

Antônia Pinheiro, também de 8 anos, teve uma experiência semelhante, mas com o incentivo vindo da escola. A professora enviava um livro por semana para que os alunos lessem.

“Ajudou muito. Na escola onde ela estuda, em Vitória, eles trabalham com diversas atividades para conhecer o alfabeto. A professora incentiva bastante com brincadeiras, recortes, desenhos. É muito importante para nós, que somos mães. Percebo que a Antônia melhorou até em atividades do cotidiano por conta da leitura”, conta a mãe, Eliana Pinheiro.

Foto: Gabriela Valdetaro | TV Vitória
Além do aprendizado adquirido em sala de aula, Ana Julia (esquerda) e Antônia (direita) tiveram incentivo dentro de casa para que começassem a ler e escrever

Sala de aula precisa estar preparada

O ambiente escolar também desempenha um papel essencial nesse processo, fornecendo estímulo para a alfabetização. A sala de aula deve ser organizada e estruturada para despertar o interesse dos alunos no mundo das letras e da escrita.

O uso de atividades lúdicas desperta o desejo pelo conhecimento, incentivando a participação e a alegria das conquistas. As brincadeiras se tornam interessantes no processo de alfabetização, melhorando a concentração do aluno e facilitando a assimilação dos conteúdos de forma mais natural.

Foto: Gabriela Valdetaro | TV Vitória
Cleonara Schwartz, pós-doutora em Educação

Cleonara Schwartz, pós-doutora em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), destaca a importância de valorizar e abordar a alfabetização na infância com atenção.

“A alfabetização é um processo em que a criança é inserida de uma forma mais sistemática ao mundo da cultura escrita, é onde ela aprende a lidar com a cultura escrita para interagir com o mundo. É um momento muito importante, inicial da etapa da educação, que precisa ser valorizado e incentivado”, ressalta Cleonara.

Em Vitória, foram criadas salas de aula para os primeiros anos do ensino fundamental com o desenvolvimento da criança em mente, incentivando os professores a despertar a curiosidade dos alunos.

Um exemplo é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Custodia Dias de Campos, em Bairro de Lourdes, onde o alfabeto é exibido no quadro e cartazes são espalhados pelo ambiente.

Lana Emerich, professora do 2º ano, enfatiza que a alfabetização deve ser vista pelas crianças como um processo natural.

“Nós aproveitamos esse momento de curiosidade das crianças para explorar e desenvolver as habilidades, seja com músicas, poesias ou projetos de literatura que acabam enriquecendo esse processo com as crianças”, destaca.

Ainda segundo a professora, o ensino oferecido é resultado do trabalho em equipe, e é graças ao preparo do corpo docente que as escolas municipais de Vitória conseguem atingir a alfabetização completa até o final do segundo ano do ensino fundamental.

“Eu não faço a alfabetização sozinha, é todo um trabalho da escola e de toda a equipe, bibliotecárias, professora do projeto de leitura. Também é necessário que haja pensamento único dos Poderes. O governo federal tem uma meta, mas é necessário que as esferas estaduais e municipais tenham apoio com políticas públicas favorecendo o trabalho feito nas escolas”, ressalta a professora.

Plano estabelece metas para a Educação

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais caiu para 5,6% em 2022, representando uma redução de mais de 490 mil analfabetos em relação a 2019.

O Plano Nacional de Educação (PNE), elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), prevê a erradicação do analfabetismo absoluto no país e a redução em 50% da taxa de analfabetismo funcional até 2024.

O plano também estabelece que até o mesmo ano, todas as crianças sejam alfabetizadas até no máximo o 3º ano do ensino fundamental.

Cleonara Schwartz explica que esse prazo foi estabelecido para dar oportunidade às crianças que ainda não se desenvolveram plenamente.

“É importante entender que esse tempo foi pensado para dar mais um ano às crianças que não aprenderam a ler e a escrever até o segundo ano e, aquelas que já haviam sido alfabetizadas poderiam ter mais um ano para consolidar a aprendizagem. Não existe uma idade certa para ser alfabetizado, mas é necessário que as crianças saiam das idades iniciais alfabetizadas”, explica a pós-doutora.

Em Vitória, a meta é que os alunos estejam alfabetizados até o fim do 2º ano do ensino fundamental. Essa meta supera a proposta pelo MEC e é trabalhada com dedicação pela Secretaria de Educação.

“É importante garantir a todos os nossos estudantes o direto à aprendizagem. Por isso, trabalhamos com as avaliações de fluência em leitura e, a partir dos resultados, organizamos as formações de professores, dialogando sobre conceitos e práticas adequadas para cada grupo de estudantes. É preciso ter intencionalidade nas ações”, afirma a secretária de Educação de Vitória, Juliana Rohsner.

Como incentivar os pequenos fora da escola?

As brincadeiras lúdicas são essenciais para despertar atitudes e reações diante do desconhecido nas crianças. Além disso, elas ensinam a lidar com emoções, construir sua própria personalidade e estabelecer suas individualidades.

Jogos motores, como o pique-pega, jogos cognitivos, como os jogos de tabuleiro, e jogos afetivos, como a tradicional amarelinha, são exemplos dessas brincadeiras.

Todas essas atividades acabam por potencializar a capacidade de resolução de problemas, criatividade e habilidades de investigação das crianças. Além disso, ajudam os pequenos a aprender sobre limites, regras e organização.