Os setores de inteligência da Polícia Civil do Espírito Santo receberam do dia 1º de janeiro de 2023 até o dia 26 de abril, o total de 308 denúncias de supostos ataques nas escolas no Estado. A maioria dos casos envolvia fake news, como o de uma estudante de 24 anos, que propagou uma ameaça na internet para não ter que entregar um trabalho na faculdade onde estuda.
As informações foram repassadas para à imprensa nesta quinta-feira (27), em esclarecimento sobre as ações no Espírito Santo. O secretário de Estado da Segurança Pública (Sesp), coronel Alexandre Ramalho, detalhou como o caso da aluna de uma faculdade particular foi descoberto:
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“Imediatamente identificamos que a ameaça era falsa. Na ação, o único propósito da aluna era não entregar o trabalho. É lastimável, pois gerou um pânico para os estudantes e outros professores”, descreveu Ramalho.
A ação, segundo o secretário de Segurança, teve uma imediata investigação da Polícia Civil, com o êxito na identificação da autoria do crime. “Tomamos a declaração dessa pessoa, a partir disso, a situação está sendo acompanhada pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário”.
Segundo o delegado titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), Brenno Andrade, durante a apreensão, os familiares sequer sabiam da fake news.
“Foi uma surpresa até mesmo para os familiares da jovem, que pela idade já deveria ter consciência dos seus atos. Ela negou o fato, mas foi constatada a existência de um grupo de WhatsApp, com ela mais cinco pessoas, onde comentava a ideia de criar um perfil falso para a divulgação da ação”, destacou o delegado.
De acordo com a Polícia Civil, no total, 11 adolescentes e dois adultos, de 19 e 24 anos, estudantes de faculdades, foram identificados como autores das ameaças. Desse total, dois adolescentes foram apreendidos em flagrante durante as ações.
Mensagens são veiculadas em redes e jogos
De acordo com o coordenador do Núcleo Especializado em Segurança Escolar da PCES, delegado Eduardo Arcos, as ameaças são normalmente veiculadas em redes sociais como Instagram, WhatsApp, TikTok. Entretanto, também são distribuídas em jogos online, a exemplo de Minecraft ou Robox.
“Verificamos ameaças até mesmo em plataformas de streaming, como por exemplo Twitch, o adolescente pode conversar dentro dele. Por isso, deixamos o alerta aos pais, que ficam tranquilos pelos filhos não utilizarem a rede social, mas eles jogam. Eles podem se comunicar com outras pessoas maliciosas”, ressalta.
Núcleo especializado em segurança escolar será criado
Entre as medidas que serão criadas com o Plano de Segurança Escolar do Espírito Santo, está o batizado de Núcleo Especializado em Segurança Escolar.
O coordenador, delegado Eduardo Arcos, explica que a finalidade é dar uma maior agilidade na apuração das denúncias que são levadas para as agências de segurança, quanto para as Polícias Militar e Civil.
“Quando os autores forem identificados, serão tomadas as medidas necessárias. Não temos unidades policiais que abrangem a capilaridade do Estado inteiro, por isso, o núcleo vai tratar essas denúncias iniciais”, destaca.
Além disso, segundo o coordenador, uma vez verificada uma mínima procedência, a informação será repassada para os órgão competentes. “A partir disso, eles vão realizar os inquéritos e apurações necessárias para a solução da questão”, disse.
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