Geral

Alunos se revoltam, estouram rojões e aulas são suspensas em escola de Vitória

Funcionários contaram que ficaram acuados durante a confusão. Estudantes disseram que a manifestação foi motivada pela falta de professores, má qualidade da merenda e estrutura precária do colégio

Foto: TV Vitória

Professores e funcionários de uma escola municipal de Vitória viveram momentos de tensão, na tarde desta sexta-feira (18). Um grupo de alunos com idades entre 12 e 15 anos se revoltou e fez uma manifestação na unidade de ensino, com direito a rojões e muita gritaria.

O caso aconteceu na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Professor João Bandeira, no bairro Consolação. Equipes da Guarda Municipal de Vitória e da Polícia Militar estiveram no local para tentar conter os estudantes.

Uma funcionária da escola, que pediu para não ser identificada, contou à reportagem do Folha Vitória que o tumulto teve início por volta das 13h20 e durou mais de 2 horas, terminando pouco antes das 16h.

A funcionária contou que cerca de 30 alunos do ensino fundamental II participaram da ação e atiraram 21 rojões no interior da escola. Segundo ela, professores e funcionários ficaram acuados dentro da unidade de ensino.

“Quem estava na parte de cima não conseguia descer e quem estava embaixo também não subia. Teve muita gente que passou mal. Andaram a escola inteira, numa verdadeira desordem. A polícia foi chamada e esteve aqui. Mas eles não respeitam nem os policiais, partiram para cima deles também”, disse.

“É uma situação muito complicada, de total desrespeito desses alunos. Entramos em contato com as famílias deles, mas eles não comparecem à escola. Ninguém mais quer trabalhar aqui, até porque não foi a primeira vez”, completou a funcionária.

Alunos ouvidos pela equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV, que esteve no local durante a tarde, contaram que a manifestação foi motivada pela falta de professores na escola, pela má qualidade da merenda oferecida e pela estrutura precária da unidade de ensino.

“Está tendo falta de professores, falta de comida direito, falta de porta de banheiro de menina. Está faltando ventilador direito dentro de sala, professor está faltando muito”, disse a estudante Emily Silva da Vitória.

Foto: TV Vitória
Confusão aconteceu na Emef Professor João Bandeira, no bairro Consolação

Assustados com a confusão generalizada, muitos pais de alunos estiveram no colégio para buscar seus filhos mais cedo. As aulas foram suspensas e os estudantes liberados antes do horário normal.

Quem esteve na escola para buscar os filhos foi a dona de casa Eliane Alves, que recebeu uma ligação dos professores. “Me ligaram e falaram que iam liberar os meus filhos porque estava faltando merenda. Eu nunca vi uma escola da Prefeitura de Vitória estar faltando merenda”, reclamou.

Já a auxiliar de limpeza Safira Silva disse que recebeu uma ligação da filha. Ela saiu do serviço desesperada e, quando chegou ao local, viu a confusão. Ela também reclamou da situação do colégio.

“Eu estava no serviço e minha filha me ligou falando que era para eu vir à escola, porque estava cheia de polícia e tinham liberado as crianças mais cedo. Cheguei aqui, perguntei o que estava acontecendo e as meninas chegaram para mim e falaram que estavam sem comida, não tinham dado alimentação para eles, uma maçã cheia de bicho”, contou à reportagem da TV Vitória.

Por volta das 16 horas, foi realizada uma reunião entre pais de alunos e a direção da escola para tentar resolver a situação.

Estagiária teve ferimento no ouvido durante confusão na quinta-feira

A funcionária que conversou com o Folha Vitória contou que, na quinta-feira (17), houve uma situação parecida, porém de menor proporção. Ainda assim, segundo ela, uma estagiária que atende alunos especiais teve ferimentos em um dos ouvidos, após um rojão estourar do lado dela.

“Soltaram rojões também, mas muito menos. Só que um deles estourou do lado da estagiária, que na hora atendia uma aluna especial. O ouvido dela começou a sangrar, porque o tímpano dela rompeu. O médico disse que ela corre risco de perder a audição daquele ouvido”.

A mulher disse ainda que, durante a confusão de quinta-feira, funcionárias da cozinha da escola foram ameaçadas pelos estudantes. “A questão é que eles acham que mandam na escola. Não têm respeito por ninguém”, desabafou.

A dona de casa Cláudia Oliveira faz parte do conselho da escola e ressaltou a dificuldade de dialogar com os estudantes.

“Nós fizemos uma reunião entre o conselho, chamamos os pais das crianças que estão fazendo a baderna e eles não aceitam. Eles querem mandar. Tem professor saindo doente daqui”, destacou.

Já a cozinheira Maria da Penha, mãe de uma aluna, afirmou que as confusões desta quinta e sexta-feira não têm justificativa. Ela também fez um apelo aos pais dos alunos.

“A coordenadora me chamou aqui porque uma menina falou que tinha agredido minha filha, e não foi isso que aconteceu. Ela não agrediu minha filha. Ela estava tentando controlar uma situação muito séria que estava acontecendo dentro da escola, o que vem acontecendo todos os dias. É briga do lado de fora, os alunos não estão respeitando. Se a gente, como pais, não se unir para acabar com essa bagunça que está, a gente não vai conseguir”.

O outro lado

Por meio de nota, a Secretaria de Educação de Vitória (Seme) informou que, tão logo tomou ciência da ocorrência, na tarde desta sexta-feira, acionou a Guarda Civil Municipal de Vitória (GCMV) e enviou uma equipe técnica ao local. Disse ainda que a ocorrência estava em andamento.

A Secretaria de Educação, no entanto, não falou nada sobre a falta de professores, a má qualidade da merenda escolar e as condições precárias da escola, mesmo com os questionamentos feitos pela produção da TV Vitória.

Já a Secretaria Municipal de Segurança Urbana (Semsu) disse que agentes de Proteção Comunitária da Guarda Civil Municipal de Vitória (GCMV) foram acionados pela direção para prestar apoio no atendimento aos alunos e servidores da instituição.

LEIA TAMBÉM:
>> Escola de Vitória tem segurança reforçada após receber ameaça de ataque pela internet
>> Aluno de 15 anos ameaçou atacar escola de Vitória por não querer ir às aulas presenciais
>> Ex-aluno é preso após invadir escola, quebrar objetos e brigar com policiais em Vila Velha
>> Vídeo mostra momento em que PM ameaça e joga spray de pimenta em jovens em Cariacica

* Com informações da repórter Gabriela Valdetaro, da TV Vitória/Record TV