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Anvisa autoriza testes do primeiro soro anti-Covid produzido pelo Butantan

Medicamento foi desenvolvido pelo Instituto Butantan a partir do plasma de cavalos que receberam coronavírus inativado

Foto: Divulgação

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou nesta terça-feira (25) o início dos testes do soro desenvolvido contra a covid-19 pelo Instituto Butantan. Este é o primeiro medicamento do tipo no país e, com a autorização, poderá ser aplicado em humanos.

O Butantan tinha documentações pendentes junto à Anvisa desde o dia 24 de março, quando foi feito o pedido para iniciar o estudo em humanos. A autorização foi concedida após o protocolo clínico com as adequações necessárias ser entregue à agência.

Fabricado a partir do plasma do sangue de cavalos que receberam o coronavírus inativado, o soro foi descrito pelo diretor do Butantan, Dimas Covas, como “altamente potente” . 

Os trabalhos começaram em agosto do ano passado, e pelo menos 3.000 ampolas já estão disponíveis para a primeira rodada de testes clínicos.

A avaliação da proposta de pesquisa foi feita integralmente pela Anvisa, sem a participação de outras agências estrangeiras, já que as fases iniciais de testes clínicos do soro serão feitas apenas no Brasil.

Entenda a diferença entre vacina, soro e plasma

De acordo com a diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do Butantan, Ana Marisa Chudzinski, o objetivo principal dos três é minimizar os danos que um agente estranho possa causar ao corpo.  

“A vacina prepara o organismo para responder quando houver uma infecção, por meio da imunidade celular. Quando a pessoa tiver contato com o vírus, formará uma grande quantidade de anticorpos”, diz Ana Marisa.

De acordo com a pesquisadora, o soro e o plasma não conferem imunidade duradoura como a vacina, porque já se utilizam de anticorpos prontos. “Eles têm em comum a finalidade de reconhecer o vírus e bloquear seu efeito, reduzindo a capacidade de infectar mais células e ajudando a reduzir a gravidade dos casos”, explicou. 

Vacina

A vacina é um imunobiológico que atua de forma preventiva. Para produzir a resposta imune, inocula-se um agente patogênico em um organismo, que prepara o sistema imunológico para se defender quando o corpo tiver contato com esse micro-organismo novamente. Normalmente, os imunizantes utilizam vírus fragmentados ou vírus inteiros inativados (mortos), que não são capazes de adoecer o indivíduo. A resposta imunológica induzida pela vacina é chamada de imunidade ativa.

Para que serve: Prevenir o adoecimento quando a pessoa entra em contato com o vírus.

Prós: A vacina confere imunidade duradoura e diminui casos graves da doença e evita óbitos e internações.

Contras: Nenhuma vacina é 100% eficaz, então o indivíduo pode adoecer, ainda que não desenvolva a forma grave da infecção.

Soro

O soro é também um imunobiológico mas, diferentemente da vacina, é uma forma de tratamento, não de prevenção. Geralmente, o agente causador da doença é inoculado em um animal – no Instituto Butantan é produzido em cavalos -, que responde produzindo anticorpos. Depois, utiliza-se o plasma do animal para separar as imunoglobulinas, que atuam contra organismos invasores. Trata-se, então, de uma reação chamada de imunidade passiva.

Para que serve: Tratar pessoas já infectadas.

Prós: Controlar de forma precisa a quantidade de anticorpos introduzidos no paciente.

Contras: Por ser um produto, ainda precisa passar por testes clínicos antes de obter autorização para ser utilizado.

Plasma

O plasma convalescente, também um tratamento, tem uma finalidade parecida com a do soro. Porém, nesse caso, não houve injeção do vírus inativado no organismo. A pessoa teve contato direto com o novo coronavírus e adoeceu. O organismo do indivíduo reconhece o micro-organismo como estranho e se defende, produzindo anticorpos que a protegem. A ideia de utilizar o plasma como tratamento é fazer um processo parecido com uma transfusão de sangue de uma pessoa curada para uma pessoa infectada. Como o doador tem anticorpos, a pessoa que recebe o plasma será capaz de reconhecer o vírus e combatê-lo mais rapidamente.

Para que serve: Tratar pessoas já infectadas.

Prós: Ser uma alternativa rápida para tratar a doença e diminuir a gravidade dos casos e as internações enquanto não há tratamento específico.

Contras: Não é possível saber a quantidade de anticorpos que são passados ao receptor da doação.