A taxa de ocupação de leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) exclusivas para pacientes infectados pelo novo coronavírus vem caindo no Espírito Santo. De acordo com o Painel Covid-19, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), atualmente ela está em 73,68% em todo o estado. Segundo profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra a doença, um dos motivos dessa redução é a experiência que eles adquiriram ao longo dos últimos cinco meses.
Para esses profissionais, a medicina intensiva pode ser dividida em duas fases: uma pré-covid e outra pós-covid. Segundo eles, esse intervalo de tempo foi um período desafiador e de muito estresse, mas também de muita evolução.
O médico intensivista Cleberson Ovani, presidente da Sociedade de Medicina Intensiva do Espírito Santo, conta que o início da pandemia foi de tensão extrema. Segundo ele, a equipe trabalhava no limite, ao se deparar com um inimigo desconhecido. “Isso foi um estresse muito grande, porque você vai enfrentar uma doença que, teoricamente, mata muito e que você não sabe nada dela”, afirmou o intensivista.
Relato semelhante ao do enfermeiro Háquila Soares, que atua na UTI de dois hospitais em Vila Velha. “Às vezes você tinha um paciente ali respirando normal, conversando com você, e aí, de repente, ele descompensava e, quando você via, já estava perdendo o paciente”, relatou.
Os dois profissionais contam que, na ausência de um tratamento definido para a covid-19, foram feitas muitas experimentações para recuperar os pacientes. “Era tudo muito novo. Era sempre uma nova portaria de medicação, de antibióticos, de corticoides, e era uma experimentação para ver o que iria dar certo”, contou Háquila.
“Antes a gente não sabia como tratar [a doença] e todo remédio as pessoas falavam que funcionava bem. Hoje a gente já sabe que tem alguns que não funcionam e tem alguns que já estão mais pacificados, como é o exemplo do corticoide”, destacou Cleberson.
Quase cinco meses após o início da pandemia, não surgiram medicamentos milagrosos. Entretanto, a experiência das equipes, hoje mais treinadas para receber e tratar um paciente da covid-19, aumenta a segurança e as chances de recuperação.
“Era aquela loucura dentro da UTI, de paciente chegando, paciente vindo a óbito, já chegando dois esperando e aquela turbulência. Então hoje a gente vê como isso melhorou. A linha de raciocínio, no sentido do tratamento, tem sido mais ágil e, ao mesmo tempo, mais eficaz”, frisou o enfermeiro.
“O que teve impacto foi o tratamento intensivo bem instituído e o conhecimento da evolução dos pacientes. Antes você chegava e não sabia se aquele paciente iria evoluir tão rápido para um tubo, e você ficava naquela angústia, naquele estresse. Hoje você já consegue antecipar um pouquinho as coisas e tratar melhor o paciente”, ressaltou o intensivista.
Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV