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Após explosão em plataforma, Sindipetro denuncia condições de trabalho de petroleiros

O Sindipetro-NF alerta que está em curso a retomada de uma investida política do patronato, no Congresso Nacional, pela flexibilização ainda mais acentuada das regras para a terceirização.

Após explosão em plataforma, Sindipetro denuncia condições de trabalho de petroleiros
José Maria Rangel (de óculos), diretor do Sindipetro-NF, se reúne com diretores do Sindipetro-ES Foto: Divulgação

Um manifesto será publicado pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) a partir deste sábado e pretende mostrar para a sociedade, segundo eles, os problemas enfrentados pelos trabalhadores, principalmente depois da tragédia ocorrida no dia 11, em Aracruz, com o navio-plataforma Cidade de São Mateus, que deixou cinco pessoas mortas.

A preocupação do Sindipetro-NF é que, embora os editais de concursos para a Petrobras tenham sido retomados, a proporção de concursados e terceirizados ainda é discrepante. De acordo com os números do Sindipetro-NF, são 86 mil empregados da estatal para cerca de 300 mil indiretos, ou seja, de empresas contratadas.

O sindicato denuncia ainda a contratação de navio e tripulação para operar na produção de óleo e gás, que são atividades fim da empresa.

O coordenador geral da FUP e diretor do Sindipetro-NF, José Maria Rangel, está no Espírito Santo para acompanhar os desdobramentos da tragédia. Ele se reuniu com os diretores do Sindipetro-ES e deverá integrar o comitê de crise formado pela Petrobras.

Leia a íntegra do manifesto.

Confira abaixo o manifesto do Sindipetro-NF

Tragédia no ES expõe terceirização assassina

Mais uma vez o setor petróleo expõe de modo trágico as consequências de opções gerenciais equivocadas. A explosão do FPSO Cidade de São Mateus, na costa do Espírito Santo, no último dia 11, que deixou mortos, feridos e desaparecidos, é a evidência dos riscos da acentuação de uma política de terceirização e de descaso com a vida dos trabalhadores.

O Sindipetro-NF tem denunciado recorrentemente o crescimento da terceirização na Petrobras. Mesmo com o crescimento da contratação direta da mão de obra, com a retomada recente dos concursos públicos para a empresa, a relação entre próprios e terceirizados ainda é alarmante: são cerca de 86 mil empregados diretos da Petrobras, para aproximadamente  300 mil indiretos.

Somado a isso, a política de afretamento, quando a Petrobras contrata um navio e toda uma tripulação para operar em seu lugar na atividade fim (produção de óleo e gás), e mantém, quando muito, um empregado próprio na fiscalização, foi crescente nos últimos anos e o Sindipetro-NF tem informações de que a empresa tem planos de ampliá-la também na Bacia de Campos — substituindo plataformas próprias por navios afretados.

Evidente que acidentes também ocorrem em unidades próprias e atingem empregados diretos da Petrobras, como ocorreu em 2001 com os 11 mortos da plataforma P-36, mas a vulnerabilidade que envolve a terceirização eleva em muito o risco e os dados assim o demonstram. Desde 1995, ainda não contabilizados os mortos da atual tragédia do Espírito Santo, 344 petroleiros morreram em razão de acidentes nas instalações da Petrobrás, destes, 64 eram próprios e 280 terceirizados.

Neste sentido, o Sindipetro-NF alerta que está em curso a retomada de uma investida política do patronato, no Congresso Nacional, pela flexibilização ainda mais acentuada das regras para a terceirização. É o que prevê o Projeto de Lei 4330, que acaba de ser desarquivado pela nova mesa diretora da Câmara Federal, e poderá ir a plenário a qualquer momento.

Caso aprovado, este projeto amplia quase ao nível do desregramento a possibilidade de terceirizar qualquer atividade, inclusive no setor petróleo.

Os sindicatos e os movimentos sociais não vão admitir que as vidas dos trabalhadores continuem a ser tratadas como detalhes diante da exploração voraz e do lucro fácil.

Em nome dos mortos no Espírito Santo. Em nome dos mortos na Bacia de Campos. E para que novas vidas não sejam perdidas em decorrência da estupidez e da ganância, o Sindipetro-NF chama a todos a se manterem em alerta e a exercerem pressão sobre o Congresso Nacional.

No dia 24 de fevereiro, às 18h, a Federação Única dos Petroleiros e sindicatos filiados vão promover ato nacional em defesa da Petrobras e do Brasil, na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro.

Petroleiros em Luto, mas sempre na luta. Basta de mortes na indústria do petróleo.