A tradicional loja de discos de vinil no Centro de Vitória vai ser vendida após a morte de seu dono, Valter Vieira da Silva, o Golias. A informação foi confirmada ao Folha Vitória pelo funcionário e amigo de Golias, Erakson Meira Alves, 50 anos. Ele conviveu com Golias nos últimos 33 anos.
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“A família decidiu vender a loja, mas vai ser uma negociação cuidadosa, com interessados em manter o negócio e o acervo”, explica. Golias faleceu aos 76 anos na manhã do último sábado (05). Amigos e familiares estranharam quando ele não apareceu para abrir a loja naquele dia.
Ele foi encontrado já morto dentro de casa, no bairro Bela Aurora, em Cariacica. A suspeita é que ele tenha sido vítima de um ataque cardíaco.
Segundo Alves, o acervo chega a casa de 80 mil itens. Além dos “bolachões”, também estão lá fitas VHS, CDs e fitas-cassete, além de revistas e livros.
Conhecido como o Rei dos Discos de Vitória, Golias era figura de referência na vida cultural da capital. Ele começou na venda de discos em 1964 e abrindo a sua loja na avenida Jerônimo Monteiro em 1971.
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Ele também era DJ quando a profissão era chamada de “discotecário”. Animava festas e eventos da alta sociedade nos clubes e bailes de Vitória e Vila Velha ao longo da década de 70.
Resistente, sofreu com a chegada dos CDs nos anos 90 e foi vendo a clientela minguar. Em 1998, com lágrimas, teve que fechar a loja, já que quem mandava era o CD.
Mas com o interesse pelo vintage, que ficou mais forte na primeira década do século XXI, ele voltou com força para o mercado dos vinis. Colecionadores do Rio de Janeiro e São Paulo eram presença constante na lojinha do Golias.
Entre seus clientes, Ed Motta, além de Sérgio Reis, Amado Batista passaram por ali para levar um bolachão.
“Golias era um cara com um coração grande, que alegrava as pessoas e sempre disposto a dividir o conhecimento que tinha de música com quem chegasse na loja só para bater um papo. Podia não sair com disco, mas saía com mais informação sobre cultura”, relembra Alves.
A loja será reaberta na próxima semana, com previsão após o feriado da Proclamação da República. Fica na rua Gonçalves Dias, no número 75, no Centro da capital.