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Após novo acidente, placas serão instaladas no Morro do Moreno para indicar proibição de voos

A rampa do Morro do Moreno contribui para que o espaço aéreo seja considerado de risco por pilotos e controladores de tráfego aéreo

Foto: Reprodução / TV Vitória

Na última segunda-feira (04), um piloto de parapente precisou fazer um pouso forçado em cima de um prédio na orla da Praia da Costa, em Vila Velha. O homem chegou a atingir e quebrar o vidro da cobertura do edifício, localizado na Avenida Antônio Gil Veloso.

Acidentes do tipo são recorrentes, já que o Morro do Moreno é um local muito procurado para a prática do esporte. No entanto, de acordo com a instrução do comando da Aeronáutica, práticas aerodesportivas não são permitidas no local.

Com a incidência, a Prefeitura de Vila Velha informou que irá instalar placas informativas no Morro do Moreno, alertando aos visitantes sobre a proibição.

“Atenderemos a orientação da Aeronáutica e vamos instalar placas no local, para orientar sobre a proibição da atividade esportiva no local. Placas bilíngues para que todos sejam informados da melhor maneira. O objetivo é proteger as pessoas, para evitarmos acidentes como os que vimos recentemente”, disse o secretário de Meio Ambiente, Ricardo Klippel Borgo.

Prática é perigosa para aviação

Em dezembro do ano passado, o jornal Folha Vitória já havia produzido uma reportagem sobre os perigos que rondam o Morro do Moreno. O local é rota de aviões que decolam e aterrissam no Aeroporto de Vitória. 

A rampa do Morro do Moreno, em Vila Velha, com 274 metros de altitude, utilizada por praticantes de voo livre e parapente, contribui para que o espaço aéreo seja considerado de risco por pilotos e controladores de tráfego aéreo.

Na época, a reportagem do Folha Vitória recebeu queixas e denúncias de profissionais do setor de transporte aéreo. Eles se preocupam com a presença dos parapentes no caminho das aeronaves.

“Temos um problema sério. Há rotas que passam próximas depois que a nova pista do aeroporto passou a ser utilizada. Se atletas e amadores querem saltar por ali, as rotas aéreas terão que ser alteradas”, informa um controlador de tráfego aéreo, que trabalha no Aeroporto de Vitória e que pediu para não ser identificado.

“Recebemos avisos apreensivos da parte de pilotos que utilizam essa rota. Ali não se deveria haver saltos”, reforça.

Os pilotos, acrescenta o controlador, afirmam que muitos praticantes de voo livre acabam por ultrapassar a altura das torres de telefonia móvel, implantadas no alto do morro.

“Isso é muito arriscado, o que acarreta uma situação de risco para a segurança dos pilotos, tripulantes, dos atletas e de todos em geral”, desenvolve.

Acidentes são recorrentes

No dia 15 de novembro de 2021, um homem ficou preso na cobertura de um prédio na Praia da Costa, após saltar de parapente na rampa. O Corpo de Bombeiros foi acionado. Ele ficou suspenso por uma corda no último andar do edifício até ser resgatado por moradores e policiais militares.

Em agosto de 2019, um homem ficou preso, dessa vez, em uma árvore na região de mata. Antes, em abril de 2019, também um casal passou por horas difíceis após perder o controle do parapente e ter as cordas do equipamento também enroscadas em árvores.

Atividades de voo livre não são permitidas

Em dezembro, procurada pela reportagem, a Aeronáutica informou que “nas proximidades de Vila Velha (ES) não existe espaço aéreo regulamentado para atividades de voo livre, como parapente”.

A nota ainda afirmou que ao tomar conhecimento de atividade aerodesportiva em espaço aéreo não destinado a este fim, o Comando da Aeronáutica reporta o fato aos órgãos de segurança pública locais visando impedir a prática irregular.

“As áreas destinadas para atividades de parapente são publicadas nas compilações de informações aeronáuticas, de forma a dar ampla divulgação dos limites aos aeronavegantes”, conclui.

A Secretaria de Meio Ambiente de Vila Velha, responsável pela gestão do Morro do Moreno, respondeu que toda atividade de voo livre no local é regulamentada e controlada pela ANAC e está proibida pelo órgão.

Federação de Voo Livre quer a área própria para uso

A Federação Capixaba de Voo Livre (FCVL), que reúne as associações dos praticantes do esporte no Estado, foi procurada para se manifestar a respeito do uso da rampa.

Em seu site, inclusive, há uma matéria de abril de 2016, em que a FCVL se reuniu com autoridades de segurança aérea no Aeroporto de Vitória e decidiram por “suspender as atividades de voo livre do Morro do Moreno até que seja feita a regularização do sítio de voo no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta)”.

O presidente da FCVL, Marx Loureiro, explicou que a entidade tenta junto aos órgãos de controle aéreo regulamentar a área.

“A rampa no Morro do Moreno é utilizada há mais de 20 anos. Ela não está homologada junto aos órgãos da Aeronáutica. O processo de homologação está em análise após tentativa e negativa do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle Aéreo (Cindacta) e pelo DECEA -Departamento de Controle de Espaço Aéreo (Decea), com base em Recife, responsável por essa região”, avisa.

No plano de uso da rampa do Morro do Moreno, proposto pela FCVL, os atletas não ultrapassariam a altura das torres de telefonia, evitando risco para a aviação civil

Loureiro detalha os planos de uso da rampa. Para garantir segurança para aeronaves, os praticantes teriam como limite de altura máxima de voo o comprimento das antenas de telecomunicação e telefonia instaladas ali.

“Nesta região, temos uma SBR, ou Espaço Aéreo Restrito (S = South America / B = Brazil / R = Restricted) referente às antenas o que proíbe que as aeronaves voem a uma altitude inferior à altura das antenas. Neste caso, nosso objetivo é a regulamentação por uma área de vôo restrita com decolagem na rampa (abaixo das antenas e vôo no lift dos prédios (área de sustentação ) com pouso na praia”, explica.

Sobre os acidentes, o presidente diz que se trata de pilotos não conveniados. A federação, segundo ele, não tem poder de impedir o uso.

“Quem está voando por lá são pilotos sem habilitação. A federação não tem poder de polícia e nem de punir atletas não-federados. Os federados estão conscientes. Estamos em contato com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e com a Infraero sobre pessoas que estão voando em áreas proibidas. Entendemos que é um desrespeito. Decolar do Morro do Moreno é considerado crime”, reforça.

A federação alerta que, para segurança tanto dos praticantes quanto das aeronaves, é recomendado que o voo seja comandado por instrutor homologado. Há uma listagem no site da instituição.

Denúncias sobre uso irregular da rampa devem ser feitas junto à Anac pelo telefone 163 ou registrando pelo site da agência.

Onde é permitido decolar de parapente

De acordo com a Federação Capixaba de Voo Livre, atualmente, no Espírito Santo estão homologadas as seguintes rampas:

– Alfredo Chaves
– Baixo Guandu
– Barra de São Francisco
– Caravággio (Santa Teresa)
– Castelo
– Goiapaba Açu (Fundão)
– Mantenópolis
– Vargem Alta
– Pancas
– Serra das Andorinhas (Santa Leopoldina)
– Vila Valério