Após três meses com as áreas de lazer fechadas, em função da pandemia do novo coronavírus, alguns condomínios da Grande Vitória começaram a flexibilizar o uso de academias, quadras de esporte e de outras áreas comuns. A flexibilização, no entanto, ocorre seguindo uma série de regras.
É o que aconteceu em um condomínio localizado em Bento Ferreira, Vitória. Desde março, ninguém mais pôde frequentar áreas de lazer, como a piscina, o salão de festas e a churrasqueira, uma das áreas mais disputadas do prédio, assim como a quadra de esportes, que hoje passa até os fins de semana vazia.
“Sempre foi muito usada pelos moradores, principalmente pelas crianças, durante todos os dias da semana e, em maior número, no final de semana. Tinha até disputa. Era um número bem volumoso de pessoas que vinham aqui. O condomínio criou, com uma empresa, um aplicativo exclusivo aqui para o prédio que faz os agendamentos de festas, dos encontros, reserva de espaço”, contou o síndico Paulo Roberto Marangoni.
A decisão foi tomada pelos próprios moradores, para respeitar o isolamento social durante a pandemia. Agora, após três meses sem lazer nem atividades físicas, os mesmos moradores repensaram e voltaram a discutir a interdição de algumas áreas comuns.
Em uma assembleia virtual, eles decidiram flexibilizar o uso da quadra de esportes e da academia. No entanto, os espaços funcionam apenas com agendamento e com limite de uma família por vez.
“Piscina, salão de festas, parquinho não são usados. Eventualmente no parquinho uma mãe vem com uma criança e, assim mesmo, obedecendo aqueles critérios de distanciamento social, distância de dois metros. Então vem a criança com a mãe ou com o irmão, descem aqui, brincam um pouco e depois vão embora”, disse Marangoni.
Segundo o advogado Yuri Iglezias, o acordo entre os moradores é a melhor forma de adotar medidas como o fechamento ou reabertura de áreas de lazer. “O síndico tem poder, mas ele é restrito às decisões da assembleia, do regimento e da convenção. Ele pode até proibir, no início, o uso para resguardar a segurança, mas deve chamar uma assembleia extraordinária para decidir como vai ser o uso dos equipamentos do prédio: piscina, academia, sauna, área comum, jardim, brinquedoteca, etc”, explicou.
O médico infectologista Roberto Figueiredo diz que flexibilizar o uso de áreas comuns nos condomínios é possível, mas alerta que são necessários muitos cuidados. Usar máscara e álcool em gel, além de respeitar o distanciamento entre uma família e outra, são medidas fundamentais, segundo ele.
“O importante é as pessoas utilizarem máscara, evitar que elas fiquem numa distância inferior a um metro e meio, manter essa distância em relação às pessoas, álcool em gel. Nos elevadores também eu indico colocar, do lado dos botões, um desses equipos com álcool gel, para que a pessoa possa apertar o botão do elevador e já passar álcool gel na mão”, destacou Figueiredo.
O também infectologista Carlos Urbano se preocupa também com a ventilação dos ambientes. “Qualquer medida de abertura de áreas comuns de condomínio terá que ser feita com extremo cuidado. Eu consigo entender que as pessoas querem praticar seu esporte, que as crianças querem descer, brincar numa área de lazer, mas o cuidado vai ter que ser rigoroso. Se a gente não tomar essas medidas com rigor e com cuidado, certamente nós teremos surtos dentro dos condomínios”, alertou.
Restrições mantidas
Outros condomínios, no entanto, preferem manter todas as áreas de lazer interditadas, pelo menos por enquanto. Em um prédio em Itapuã, Vila Velha, ninguém entra na sauna, piscina, quadra de esportes, parque das crianças, nem no salão de festas. Já a área de churrasqueira fica sempre trancada, para que ninguém tenha acesso.
A área de lazer do condomínio está completamente fechada há três meses e não tem previsão de reabrir. O síndico, Elson Amaral Garcia, afirma que tomou a decisão junto com um conselho de moradores.
“Felizmente temos o apoio de todos os moradores e, graças a Deus, até então nós não tivemos nenhum fato, pelo menos que sabemos, de contágio ou alguém que foi contagiado em nosso prédio”, frisou.
Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV