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Aquecimento global ameaça manguezais e restingas do ES

O relatório do clima da ONU aponta que o planeta deve ficar um grau e meio mais quente até 2030

Foto: pexels

Constantemente abordado por toda a mídia, o aquecimento global tem sido um problema cada vez mais presente na atualidade e os impactos podem estar mais próximos do que você imagina. 

De acordo com o relatório de clima da Organização das Nações Unidas (Onu), até o ano de 2030, o planeta deve ficar 1,5ºC mais quente

O número pode parecer pequeno, mas os impactos são grandes e os ecossistemas mais vulneráveis à este cenário são os manguezais e as restingas, dois territórios bem conhecidos pelos capixabas.

Aquecimento global já está dando sinais

Longos períodos de seca, chuvas torrenciais, dias extremamente quentes e outros com frio fora do comum. Talvez você não saiba, mas essa vida de extremos é um dos impactos do aquecimento global.

“A temperatura influencia todo o clima. Isso é suficiente para você desorganizar todo o regime climático do planeta, então isso quer dizer que locais que não choviam, vão chover mais, e locais onde chovia muito, não vão chover. Locais onde a temperatura é mais amena, passam a ter temperaturas mais extremas. Esse aumento de temperatura influencia a distribuição de umidade no planeta e, consequentemente, altera todo o padrão climático que nós temos em diferentes regiões”, explicou o doutor em Ecologia, Marcelo da Silva Moreti.

De acordo com um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, publicado na segunda-feira (09), o aquecimento global está cada vez mais forte e com um crescimento mais rápido do que o previsto.

Para o doutor em Geografia e pesquisador do Instituto de Estudos Climáticos do Espírito Santo, Wesley Correa, a humanidade precisa urgentemente rever certos costumes e padrões de vida.

“De uma certa forma, esse relatório assustou as pessoas porque uma mudança de tal magnitude prevista para 2050, está programada para 2030. Isso mostra que, enquanto humanidade, estamos errando feio. Nós precisamos rever nossa forma de consumo, rever as nossas atividades, sobretudo, a partir da queima de combustíveis fósseis e até mesmo nossas formas de uso e ocupação do solo”, apontou

Ecossistemas capixabas são vulneráveis

No Espírito Santo, alguns dos ecossistemas mais vulneráveis ao aquecimento global são os manguezais e as restingas, por abrigarem espécies bastante sensíveis de plantas e animais.

De acordo com os especialistas, com o aquecimento é como se essas espécies morressem aos poucos.

“Esse aumento de temperatura pode afetar não só a ocorrência das espécies, mas também pode afetar a contribuição delas para o ecossistema, ou seja, a função que ela exerce pode alterar a forma que o ecossistema funciona como um todo”, afirmou Moreti.

Para o Sudeste do Brasil, o relatório mostra que a frequência de extrema precipitação e chuvas deve aumentar se a temperatura global subir dois graus ou mais.

“As temperaturas podem subir, em um primeiro cenário, até um 1,5ºC e chegar até 8ºC, sobretudo nas regiões Norte e Noroeste do Espírito Santo. Podem ser ocasionadas condições extremas do clima, como um maior quantitativo de dias quentes e também eventos extremos de chuva. Com isso, nós teremos um impacto na agricultura, na energia, e em vários outros setores”, disse Correa.

* Com informações do repórter Álvaro Zanotti, da TV Vitória/Record TV.

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