Após uma fala do secretário de Governo do Estado Tyago Hoffmann durante entrevista numa rede de TV do Estado na última segunda-feira (08), a Associação Médica do Espírito Santo (Ames) divulgou uma nota de repúdio.
Na ocasião, Hoffmann disse que “os médicos terão a dura missão de escolher quem vai morrer e quem vai viver”, quando falava sobre a expansão de leitos de UTI para tratamento de pacientes com covid-19 no Estado.
A fala repercutiu negativamente entre os profissionais médicos, que nesta quarta-feira (10), divulgaram nas redes sociais da associação, o descontentamento com a afirmação.
Na nota, a Ames diz que a fala do secretário desmoraliza os médicos diante da sociedade e ressalta que a compra de materiais e insumos para hospitais é de responsabilidade do Estado. “A culpa atribuída aos médicos, em decidir quem vai viver ou morrer, por não terem materiais adequados para trabalhar e exercer dignamente sua profissão é leviana e coloca os profissionais numa situação desmoralizante diante de toda sociedade”, diz o comunicado.
Em entrevista ao Folha Vitória, o presidente da Ames, Dr. Leonardo Lessa Arantes informou que a fala do secretário gerou revolta entre os colegas de profissão. “É uma declaração totalmente inoportuna. É a intenção de transferir uma responsabilidade que é do Estado para os médicos. Além de causar revolta entre nós profissionais, cria uma sensação de pânico desnecessária para sociedade. O Estado está praticamente entregando que não vai dar conta de atender todo mundo e transferindo essa responsabilidade para o médico”, afirmou.
Confira a nota na íntegra:
Outro lado
Por nota, a Secretaria de Estado de Governo (SEG) disse que as declarações do titular da Pasta sobre a taxa de ocupação do sistema de saúde foram no sentido de “alertar e pedir à população que continue praticando o isolamento social, que é a única forma efetiva de combate ao novo Coronavírus (Covid-19). Desta forma, a rede de saúde terá capacidade de atender a todos os capixabas que vierem a precisar de um leito de internação”.
A nota informa ainda que o secretário de Estado de Governo, Tyago Hoffmann, tem profundo respeito e deferência a todos os médicos e demais profissionais da saúde, que estão travando duras batalhas em prol de salvar a vida dos capixabas.
A SEG também disse que o Governo do Espírito Santo “não está medindo esforços para abrir novos leitos, adquirindo insumos e investindo na contratação de mão de obra.
“A fala do secretário, em todo seu contexto, se remeteu a situações ocorridas em todo o mundo, em que o aumento do número de casos e a ocupação total de leitos causaram a infeliz situação de que os médicos tivessem que fazer a escolha de quem receberia a atenção necessária ou não. Isso aconteceu na Itália e caminha para ocorrer também no Brasil. Portanto, qualquer manifestação de repúdio às declarações do secretário se revela fora do atual contexto”, finaliza o comunicado.