O Estado está vivendo um desmonte de equipes médicas especializadas em hospitais da Grande Vitória. A afirmação é de Leonardo Lessa Arantes, presidente da Associação Médica do Espírito Santo (Ames). Em nota, a Ames disse que que o sistema de saúde público do Estado está em “um caos” em meio à pandemia do novo coronavírus.
“As equipes que atuavam como referência para ortopedia, neurocirurgia, cirurgia plástica, por exemplo, no hospital Jaime dos Santos Neves e no Dório Silva foram desmobilizadas em função do atendimento da covid-19. Então as equipes foram dispensadas. Significa que o paciente que precisar de atendimento para problemas cerebrais crônicos, retirada de câncer de pele, tratamentos crônicos ortopédicos, vai ficar sem atendimento”, disse o presidente da Ames.
Outra preocupação é que pacientes que precisarem de tratamento de equipes especializadas não vão encontrar nos hospitais. “Então o que eles vão fazer? Vão procurar os PAs, o São Lucas, que é referência para atendimento de trauma. Ou seja, os pronto-atendimentos vão ficar lotados e o risco de contaminação da covid-19 vai aumentar cada vez mais”, disse Leonardo.
O médico também alertou que a política adotada pelo Estado pode aumentar muito o número de mortes. “Foi o que aconteceu em Manaus. A solução seria implementar hospitais de campanha para isolar os casos de covid e manter o atendimento de quem precisa. Para se ter ideia, os profissionais que eram contratados por CNPJ ou por meio de cooperativas tiveram os contratos cancelados e foram dispensados. Ou seja, em todo o Brasil o movimento é de chamar mais médicos para o atendimento e no Espírito Santo o governo está dispensando médicos. Na contra-mão do País”.
Outro lado
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que modificou o perfil dos hospitais para ter uma resposta rápida contra a pandemia do novo coronavírus. A Sesa disse ainda que a suspensão de cirurgias eletivas seguiu recomendação das sociedades médicas e do Conselho Federal de Medicina dadas as características do vírus.
A Sesa também explicou que investir na abertura de leitos em hospitais já existentes, com equipe médica e de enfermagem capacitada e preparada para o atendimento, com fluxo médico e logístico já implantados, garante um atendimento de qualidade ao paciente de covid-19. No entanto informou que a implantação de um hospital de campanha é uma estratégia possível para o Estado.
Veja abaixo a nota na íntegra da Secretaria de Estado da Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informa que modificou o perfil dos hospitais para garantir uma rápida resposta de oferta de leitos para a Covid-19 (conforme Portaria 067/2020). “Houve a ampliação da capacidade de outras unidades para garantir o acesso aos serviços que antes eram ofertados pelos hospitais Dr. Dório Silva e Jayme dos Santos Neves. Estamos diante de uma situação de desastre epidemiológico e o conjunto de leitos expandidos, reorganizados na rede própria, somados aos leitos das entidades filantrópicas e hospitais privados, garantiram, até o presente momento, um adequado enfrentamento da pandemia no Espírito Santo”, destacou o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.
A Sesa esclarece que o Espírito Santo foi o terceiro estado do país a diagnosticar caso de Covid-19 e até o momento não colapsou, nem na demanda da Covid-19 e nem na carga gerada por outras doenças. Destaca, ainda, que grande parte dos vínculos de cooperativas foram transferidos para novas unidades hospitalares e outros foram suspensos em decorrência da redefinição de referências hospitalares.
“O recrutamento de generalistas assim como de especialidades nas áreas clínicas e cirúrgicas é fenômeno mundial no processo de reorganização da força de trabalho médica para atender diferentes complexidades de quadros clínicos dos pacientes com a Covid-19, ficando reservado para o atendimento nas unidades de terapia intensiva de especialistas e pessoal capacitado para situação geradas por pacientes críticos”, destacou Nésio Fernandes.
A suspensão de cirurgias eletivas seguiu recomendação das sociedades médicas e Conselho Federal de Medicina dadas as características do vírus.
A Sesa explica ainda que investir na abertura de leitos em hospitais já existentes, com equipe médica e de enfermagem capacitada e preparada para o atendimento, com fluxo médico e logístico já implantados, garante um atendimento de qualidade ao paciente de Covid-19. No entanto informa que a implantação de um hospital de campanha é uma estratégia possível para o Estado, à medida em que as outras estratégias que estão sendo implementadas (expansão de leitos nas redes própria, privada e filantrópica) para atendimento aos pacientes de Covid-19 se esgotem. A Secretaria explica que a abertura de leitos realizada no Espírito Santo representa praticamente a quantidade de leitos de três hospitais de campanha.
É importante lembrar que a secretaria está com processo emergencial em aberto para contratação de até dois mil profissionais da área da saúde para o enfrentamento da Covid-19. Cerca de 750 profissionais já foram contratados para reforçar as equipes.