Geral

Aulas presenciais são suspensas por mais 30 dias no ES; atividades à distância começam a contar

Com mais um mês sem aulas presenciais, pais e alunos precisam continuar em uma rotina que não tem sido fácil para muitos: a educação em casa

Foto: Divulgação/MCTIC

O governo do Estado prorrogou por mais 30 dias a suspensão das aulas presenciais em escolas, faculdades e universidades públicas e privadas no Espírito Santo. Com isso, as aulas estão suspensas pelo menos até o dia 31 deste mês. Além disso, desde esta quarta-feira (1º), as atividades pedagógicas remotas passaram a contar como carga horária letiva na rede estadual.

“O programa EscoLAR foi lançado em abril, mas somente a partir deste dia 1º de julho é que nós passaremos a computar essas atividades como carga horária. Nesse sentido, faremos também avaliações diagnósticas, ao longo do mês de julho, para convalidar, eventualmente, no que couber, as atividades que foram realizadas nos últimos três meses no âmbito do programa EscoLAR”, ressaltou o secretário estadual de Educação, Vitor de Ângelo.

Com mais um mês sem aulas presenciais, pais e alunos precisam continuar em uma rotina que não tem sido fácil para muitos: a educação em casa. É o caso da doméstica Gidiane Oliveira, que esperava com ansiedade as primeiras letras da filha Hanna, de 7 anos. A fase chegou, mas a mãe não imaginava que ela mesma teria de ser a professora.

“Além de trabalhar fora, nós temos também que cuidar da educação deles. Para a gente, que está fora da escola há um bom tempo, fica complicado para a gente entrar na rotina que tem uma escola. Ainda mais ela, que começou a ser alfabetizada agora. Então eu estou fazendo o que eu posso e o que eu não posso para ensinar”, afirmou.

Gidiana, que mora no bairro Maria Ortiz, em Vitória, afirma que o ensino online não funcionou na casa da família. Ela conta que precisa sair para o trabalho com o único celular que funciona. O outro aparelho da casa está quebrado. Sem acesso à internet, o jeito foi improvisar as aulas de mãe para filha.

“Eu só consegui pegar uma cartilha e a outra ainda não tive acesso, porque toda vez que você vai à escola, você não encontra ninguém. Hoje mesmo, por exemplo, eu estive duas vezes na escola e não encontrei ninguém para pegar o material didático dela”, reclamou.

A também doméstica Silvana Santos é vizinha de Gidiane e reveza nos cuidados das crianças do pequeno prédio onde elas moram. Silvana conta que está preocupada com a mudança, já que o filho, Heitor Santos, de 11 anos, não tem conseguido acompanhar o ritmo das aulas.

“O aprendizado, realmente, não é o mesmo. Mesmo que tenha um acompanhamento, mas não é a mesma coisa. A evolução dentro da sala, com o acompanhamento de um professor, é bem melhor do que em casa. Principalmente a questão da cobrança mesmo, porque manusear ele até consegue, mas tem sempre que estar lembrando, ficar ali no pé o tempo todo”, disse.

Heitor se explica. “Lá eu tenho meus amigos, eu tenho a professora, que pode me ajudar mais, e tenho vários estudos diferentes. Aqui está sendo um pouco difícil, porque é mais difícil se concentrar. Às vezes seus vizinhos podem estar brincando e fazendo barulho, aí você não consegue se concentrar”, alegou o garoto.

Com os filhos desconcentrados, as mães já não sabem mais o que fazer. “Eu acho que a gente precisa tentar pelo menos se organizar, para ver se consegue nem que seja 40%, 50% de atingir esse objetivo de fazer essas aulas online”, afirmou Silvana.

Escolas particulares

De acordo com o superintendente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES), Geraldo Diório Filho, as escolas não receberam o novo calendário com surpresa. No sistema privado, as aulas online estão valendo para o ano letivo desde o começo da educação online. Os estudantes fazem até prova de casa. 

No entanto, segundo o superintendente, os pais e alunos não devem se preocupar com notas, mas sim com o rendimento. “Até para ele se assegurar que ele pode voltar no fluxo normal. As escolas estão fazendo avaliações. Ela está fazendo a medida de como estão acontecendo as aulas remotas, até porque a escola é híbrida no segundo semestre. Então você vai ter aluno que vai continuar em casa, tem aluno com opção de continuar remoto e tem aqueles alunos que não poderão voltar”, destacou.

Já o estudante Henrique Ferreira Leal afirma que se adaptou bem ao plano de educação remota. Ele, que está no terceiro ano do ensino médio e quer uma vaga na faculdade de Medicina, diz que até aumentou o período de estudos.

Henrique conta que estudava, em média, oito horas por dia, entre sala de aula e revisões em casa. Hoje, sem perder tempo com deslocamentos, são 10 horas de dedicação às apostilas e aulas online. Mesmo assim, ele admite que o formato presencial faz falta.

“Além de ter as pessoas ali do lado, que estão junto de você te dando um apoio, você também tem os professores, que estão ali para tirar a dúvida na hora que você tem. Então se você tem alguma dúvida, é só levantar a mão. E, às vezes, no EaD, você não tem essa oportunidade”, frisou.

Segundo o estudante, driblar as tentações em casa têm sido o desafio mais difícil. “Estudo no quarto e tem a cama ali do lado, tem a cozinha, que a gente pode comer alguma coisa. Aí às vezes fica mais puxado para conseguir manter”, afirmou.

Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV