O azeite de oliva, um dos produtos mais tradicionais e apreciados em diversas cozinhas ao redor do mundo, tem estado no centro de uma discussão preocupante: a crescente incidência de fraudes e o aumento expressivo dos preços.
Neste Dia Mundial da Oliveira, celebrado em 26 de novembro, a importância da produção sustentável e da garantia de qualidade do azeite de oliva torna-se ainda mais relevante. O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) aproveita a ocasião para alertar os consumidores e reforçar a importância do trabalho de fiscalização na garantia de um produto autêntico e seguro.
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A data, reconhecida pela Unesco em 2019, foi estabelecida para conscientizar sobre a relevância econômica, cultural e ambiental da oliveira, a árvore que dá origem ao azeite de oliva.
No entanto, além da celebração dos benefícios e da tradição que envolve este produto, há também a necessidade de uma abordagem mais séria sobre os desafios que o setor enfrenta em termos de qualidade e transparência.
SEGUNDO ALIMENTOS MAIS FRAUDADO DO MUNDO
O azeite de oliva ocupa uma posição alarmante entre os produtos mais fraudados globalmente, ficando atrás apenas do pescado. Essa vulnerabilidade se deve em parte à dificuldade de detectar misturas com outros tipos de óleos e a variabilidade dos padrões de qualidade em diferentes regiões produtoras e consumidoras.
No Brasil, onde a produção nacional de azeite representa apenas 1% do consumo, a maior parte do produto disponível é importada, o que requer uma fiscalização robusta e frequente para evitar que fraudes cheguem à mesa do consumidor.
Os auditores fiscais federais agropecuários desempenham um papel essencial nesse processo, realizando inspeções no mercado interno e em portos de entrada do país. Isso inclui visitas a supermercados, fábricas, e análises detalhadas – tanto físico-químicas quanto sensoriais – em laboratórios especializados.
Essas medidas são fundamentais para identificar lotes adulterados e garantir que o azeite oferecido ao consumidor esteja dentro dos padrões de qualidade e segurança estabelecidos.
FISCALIZAÇÃO E CUIDADOS NA HORA DA COMPRA
Em função do elevado número de fraudes, o Anffa Sindical reforça alguns cuidados fundamentais que os consumidores devem adotar ao comprar azeite de oliva. Desconfiar de preços muito baixos em comparação à média de mercado é um dos pontos mais importantes. Os consumidores devem ter consciência de que o custo elevado do azeite de oliva, especialmente em tempos de preços em alta, reflete o complexo processo de produção, desde o cultivo das oliveiras até a extração do óleo.
Outro cuidado é verificar o rótulo do produto. Helena Pan Rugeri, auditora fiscal federal agropecuária e coordenadora-geral de Qualidade Vegetal do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), explica que é necessário observar informações como lote, registro do importador, data de validade e ingredientes. Essas informações são fundamentais para a rastreabilidade e identificação de possíveis problemas de qualidade. Ela ainda recomenda um método simples para identificar fraudes grosseiras:
“Se, após adquirir o produto, o consumidor estiver em dúvida, pode colocar uma pequena quantidade do azeite em um copinho e deixar de um dia para o outro na geladeira. Se houver óleo na mistura, ele não vai solidificar; se for azeite puro, ele se solidifica parcialmente.”
Além disso, é importante evitar a compra de azeites a granel, já que a ausência de um rótulo e de informações claras sobre o produto aumenta consideravelmente o risco de adquirir um produto de qualidade duvidosa. Para maior segurança, os consumidores podem consultar a lista de produtos irregulares apreendidos, que está disponível no site do Mapa, onde são divulgadas as marcas consideradas impróprias para consumo.
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DESAFIOS E VULNERABILIDADES DO SETOR DE AZEITE NO BRASIL
Como a produção nacional de azeite é bastante limitada, o Brasil é o segundo maior comprador mundial do produto, o que aumenta sua vulnerabilidade às fraudes. Com uma demanda elevada e dependência de importação, há maior possibilidade de entrada de produtos de qualidade inferior ou adulterados no mercado nacional.
Em resposta a esses desafios, os auditores fiscais federais agropecuários são responsáveis por fiscalizar não apenas a qualidade dos produtos que entram no país, mas também a produção nacional, ainda que pequena, garantindo que o processo produtivo esteja alinhado com as exigências de qualidade e segurança alimentar.
CONSERVAÇÃO BENEFÍCIOS DO AZEITE DE OLIVA
Além dos cuidados com a compra, a correta conservação do azeite de oliva é essencial para manter suas propriedades. Os três maiores inimigos do azeite são o calor, a luz e o oxigênio. Por isso, ele deve ser conservado a uma temperatura entre 18 e 20 graus e em frascos bem fechados. A exposição ao calor e à luz pode oxidar o azeite e reduzir sua qualidade, comprometendo seus benefícios à saúde.
O azeite de oliva é conhecido por ser rico em gorduras monoinsaturadas, ômega 9, vitaminas e minerais. Também possui antioxidantes e propriedades anti-inflamatórias, que ajudam a prevenir doenças cardiovasculares e a reduzir o colesterol ruim (LDL).
Seja no preparo de pratos quentes, saladas ou até doces, o azeite de oliva é considerado um alimento funcional e benéfico à saúde. No entanto, para que esses benefícios sejam garantidos, é fundamental que o consumidor esteja atento às recomendações de qualidade e conservação.
TRANSPARÊNCIA E SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO DE AZEITE
A produção de azeite envolve uma relação complexa entre fatores ambientais, como o cultivo de oliveiras em condições adequadas, e sociais, como a valorização dos produtores e a garantia de práticas justas.
Nesse contexto, o papel dos auditores fiscais não se limita à fiscalização de fraudes, mas também envolve a garantia de que toda a cadeia produtiva respeite as normas ambientais e de segurança do trabalho.
A produção de azeite de qualidade deve ser sustentável, respeitando tanto o meio ambiente quanto as condições de trabalho dos envolvidos no cultivo e extração do óleo.
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O CONSUMO CONSCIENTE
Diante de um cenário de fraudes, altos preços e necessidade de maior fiscalização, o consumidor tem um papel importante em promover o consumo consciente. Ao buscar informações sobre a origem do azeite e ao seguir recomendações de especialistas, o consumidor contribui para um mercado mais transparente e justo.
O Anffa Sindical reafirma que a fiscalização é essencial, mas que a conscientização do consumidor também é uma peça-chave para diminuir a incidência de fraudes e estimular a oferta de produtos de qualidade. Ao escolher um azeite certificado e de origem confiável, o consumidor apoia não apenas sua saúde, mas também uma cadeia produtiva mais sustentável e ética.
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