Após quatro anos, uma barragem que ficava entre a Lagoa Juparanã e o Rio Doce, em Linhares, foi totalmente retirada. Foram dois meses de obra e, agora, o curso da água, que até então estava bloqueado por causa do barramento, foi retomado.
Segundo a Fundação Renova, responsável pela reparação dos danos causados pela Mineradora Samarco, com a retirada do bloqueio, a água represada na lagoa começa a ir embora. Por isso, o nível do Rio Pequeno, que liga a Juparanã ao Rio Doce, está em 6,93 metros. Já a vazão em 40 metros cúbicos por segundo, ou seja, o equivalente a 40 caixas d’água de mil litros por segundo.
De acordo com a fundação, o fluxo é considerado normal devido ao represamento de água no local, que está acima do nível do rio Doce. A situação é temporária e o Rio Pequeno deve atingir um equilíbrio até o fim de janeiro de 2020, prevê a Renova. A obra começou em outubro.
Entenda
A obra de retirada da barragem do Rio Pequeno veio depois de uma decisão da justiça. A 12ª Vara Federal de Belo Horizonte, MG, que julga casos que envolvam a tragédia de Mariana, determinou a remoção do barramento depois de laudos de especialistas apontarem riscos de a estrutura se romper.
A barragem foi construída em 2015. Na época, uma decisão liminar, emitida logo após o rompimento da barragem de Fundão, determinou a construção do bloqueio no Rio Pequeno para impedir o contato das águas do Rio Doce, sujas de lama, com a Lagoa Juparanã. Era para ser temporário, mas o barramento permaneceu lá por força de uma sentença da justiça de Linhares, à época competente para o julgamento da ação, o que trouxe problemas.
Com a barragem, a Juparanã encheu por causa das chuvas. A água excedente não tinha para onde ir porque o único escape da lagoa é, justamente, o Rio Pequeno, que estava bloqueado. Por conta da cheia, casas em Patrimônio da Lagoa, no interior de Sooretama, de áreas baixas de Linhares e fazendas inteiras foram engolidas pela água.
O estudo, feito neste ano por duas empresas especializadas, mostrou que a cheia prejudicava a resistência da barragem. Em caso de rompimento da estrutura, casas ribeirinhas poderiam ser atingidas.
Ribeirinhos
Por causa das obras e outras intervenções na barragem, moradores ribeirinhos tiveram de deixar as casas. A Fundação Renova informou que, das 33 famílias que residiam na Avenida Beira Rio, 5 permanecem lá, mesmo com a recomendação para sair, e 28 estão em moradias provisórias. Tudo custeado pela Renova.