Geral

Bebê morre em parto e família denuncia negligência em Aracruz

Familiares registraram um boletim de ocorrência contra a equipe médica; hospital alega ter realizado os procedimentos adequados

Foto: Montagem / Folha Vitória

Um recém-nascido morreu durante o parto no Hospital São Camilo, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, no último sábado (28). A mãe, de 18 anos, que enfrentou uma gestação tranquila até a reta final, sonhava com a chegada de seu primeiro filho.

Após várias horas de tentativa de parto normal, os médicos realizaram uma cesariana, mas o bebê não resistiu.

LEIA TAMBÉM:

Casal é preso suspeito de matar garota de programa no ES e fugir para SP

Goleiro leva tiro na cabeça após pisar no pé de traficante em baile funk

Traficante que distribuía grandes cargas de drogas é preso no ES

A família registrou um boletim de ocorrência no domingo (29), na Delegacia Regional de Vitória, alegando possível negligência médica. 

Em entrevista a TV Vitória, a mãe do bebê, identificada como Isabelly Nascimento, de 18 anos, descreveu que a gravidez ocorreu tranquilamente, na maior parte do tempo. 

Foto: Reprodução redes sociais

Entretanto, na reta final a glicose dela aumentou bastante, o que fez com que o bebê crescesse além do normal. “Os profissionais que realizavam o meu pré-natal, decidimos optar por uma cesária. Isso era necessário, pois, não teria condições de ter o parto”. 

Conforme o relato dos pais, o bebê Heitor Rossi de França morreu aproximadamente uma hora após o nascimento, no dia 28 de dezembro de 2024. 

O laudo do hospital indicou que uma doença no coração poderia ter sido uma das hipóteses para a morte. Mas a certidão de óbito da criança aponta para hemorragia no cérebro e traumatismo. 

Foto: Divulgação

Além disso, a família acredita que o uso do instrumento fórceps causou ferimento na cabeça do bebê. A mãe também afirma que a equipe médica foi negligente. 

“Eu perguntei se seria uma cesária, mas a equipe afirmou que tinha passagem por parto normal, no local eu era mãe de primeira viagem, eu iria confiar em quem?”, disse Isabelly Nascimento. 

A Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES) foi acionada para recolher o corpo, que foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), em Vitória. O exame cadavérico determinará a causa da morte. A Polícia Civil (PCES) aguarda o laudo para dar continuidade às investigações.

O Hospital São Camilo, responsável pelo atendimento, afirmou em nota que seguiu protocolos clínicos baseados nas melhores práticas médicas. 

A unidade explicou que inicialmente tentou realizar um parto normal e utilizou um extrator a vácuo como parte do procedimento. Com isso, como foi constatada a impossibilidade, foi feita a cesariana.

Confira a nota na íntegra do Hospital São Camilo: 

“Manifestamos nossa mais profunda solidariedade e respeito à familia do bebê Heitor, que veio a óbito em nosso hospital, no dia 28 de dezembro de 2024.
Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a ética no cuidado prestado a nossos pacientes.
A mãe do bebê foi admitida em trabalho de parto e, durante todo o processo, nossa equipe seguiu protocolos clínicos baseados nas melhores práticas da literatura médica, com o objetivo de garantir a segurança da mãe e do bebê.
Após algumas horas de evolução no trabalho de parto, utilizando todos os recursos necessários e prerrogativas para o parto normal, a equipe observou a necessidade de intervenção e decidiu realizar uma cesariana.
Infelizmente, apesar de todos os esforços realizados, o desfecho foi o que todos não desejavam: o falecimento do bebê.
Entendemos o impacto emocional e a dor enfrentados pela família e nos colocamos à disposição para prestar os esclarecimentos necessários sobre os procedimentos realizados.
O caso está sendo analisado com a devida seriedade, e estamos aqui para garantir que todos os aspectos sejam avaliados com transparência.
Mais uma vez, lamentamos profundamente o ocorrido e reafirmamos nosso compromisso com a segurança, o acolhimento e o respeito em todas as etapas do cuidado prestado.
Com respeito e solidariedade”. 

Embora a família aponte negligência, a confirmação depende dos resultados periciais. 

O Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) informou que investigará o caso por ofício. Caso sejam constatados indícios de falta ética, um processo disciplinar será instaurado.

Leiri Santana, repórter do Folha Vitória
Leiri Santana Repórter
Repórter
Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Atua como repórter do Núcleo SEO da Rede Vitória no Folha Vitória.