O Vale do Silício, nos Estados Unidos, região conhecida por ser o berço das inovações tecnológicas, está vendo surgir uma tendência de responsabilidade digital por parte dos pais: eles estão começando a criar seus filhos restringindo o uso de tecnologias. Um artigo do Google for Education fez um excelente questionamento sobre o papel da tecnologia na educação. Mas, quero ir além. As escolas e os pais estão preparados para lidar com a tecnologia e o aprendizado das crianças?
Parece estranho pensar que Steve Jobs, Mark Zuckerberg e outros grandes empresários do ramo restrinjam seus filhos em relação ao uso da tecnologia com “telas”, principalmente tablets e celulares. Entretanto, essa é uma realidade que acontece há alguns anos em solo norte-americano. De acordo com uma reportagem da BBC, a Waldorf, uma escola da região do Vale do Silício, vem defendendo o que se chama de “educação holística para o coração e a mente”. O currículo dessa escola é focado em “habilidades do século XXI”: confiança, autodisciplina, pensamento independente, trabalho em equipe e expressão artística.
Todavia, podemos entender o porquê disso. As empresas, hoje, compreendem que as habilidades chamadas de soft (comportamentais) são extremamente importantes, talvez mais do que as chamadas hard (técnicas), já que as empresas são compostas por pessoas que precisam se organizar em equipes para alcançar os seus objetivos. Essas habilidades, porém, são pouco trabalhadas, ficando, cada vez mais, como um plano B.
Mark Zuckerberg relata, quando escreveu uma carta de alerta à filha, dizendo para que ela “saísse de casa e brincasse”. Essa é uma ótima reflexão para os pais. Analisar, periodicamente, se o seu filho está realmente usando a tecnologia com responsabilidade. A linha tênue entre o remédio e o veneno é a dose. Então, creio que esse é um dos pontos que a responsabilidade digital vem nos alertar.
Equilíbrio é necessário
A tecnologia, mais do que nunca, faz parte do nosso cotidiano. Hoje, não apenas computadores, tablets e smartphones, mas quase todos os aparatos digitais estão integrados na internet, principalmente o advento do loT. A própria forma de aprender é buscando informações na internet. Nas salas de aula, os professores usam recursos tecnológicos para ajudar na transmissão de conhecimento.
No ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um guia inédito com orientações para crianças com menos de 5 anos. De acordo com o documento, crianças de até 2 anos não devem ter contato com telas, enquanto que as de 2 a 5 anos podem ter contato por até uma hora diária.
Isso nos faz pensar que a internet é um local livre e bem complicado de ser fiscalizado, devido a tamanha quantidade de navegação. Porém, será que o mais importante é fiscalizar as crianças ou ensiná-las o modus operandi do mundo on-line e os seus riscos?
Vejo um enorme desafio em conseguir restringir totalmente sites e criar uma bolha nas crianças. Entretanto, uma geração que está vivendo a era da informatização há pouco mais de 50 anos ainda não está preparada para ensinar as responsabilidades comportamentais on-line. Por isso, enxergo duas vertentes nessa responsabilidade:
- Responsáveis: os pais são responsáveis pelos valores, por moldar a criança. É incumbência deles acompanhar, cobrar o dia a dia e ensinar os direitos e deveres. Portanto, eles precisam se preparar para esse papel;
- Escolas: têm o papel de socializar, trazer os problemas causados, “martelar” os prós e contras, ensinando sobre a tecnologia atual, o futuro e como lidar com o lado bom e ruim.
Portanto, não adianta esperar que os outros gerem a responsabilidade digital. É importante que os pais e/ou responsáveis pelas crianças e adolescentes ensinem e eduquem os valores corretos.
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