As instituições de ensino do Espírito Santo já estão se preparando para o retorno das atividades presenciais. No último dia 10, por meio de uma Portaria, o Governo do Estado estabeleceu medidas administrativas e de segurança sanitária para a volta às aulas nas escolas.
Ao longo dos últimos meses, muitos estudantes precisaram recorrer aos mais diversos aparatos tecnológicos para continuar os estudos, enquanto outros tiveram o ano letivo completamente interrompido. Dito isso, dá para mensurar o tamanho do prejuízo que a pandemia trouxe à vida acadêmica desses jovens?
De acordo com Fabrício Silva, diretor do Darwin de Vitória, o dano é incalculável e permanecerá por algum tempo. Ele, no entanto, confia que a perda a qual os alunos foram submetidos nos últimos meses é totalmente recuperável a médio prazo.
“Mensurar o prejuízo não é fácil. Ele (prejuízo) está acontecendo e vai continuar por um tempo. Mas o que os gestores escolares precisam entender é que esse prejuízo pode ser recuperado. Entretanto, essa recuperação não tem que ocorrer no mês que a criança tenha voltado à escola, mas, sim, de forma gradativa”.
O trabalho das escolas nessa retomada será fundamental, porque são elas as responsáveis pela execução de medidas que vão buscar preencher as lacunas deixadas pela suspensão das aulas presenciais na vida acadêmicas desses alunos.
No caso do Darwin de Vitória, os alunos do 1° ao 9° ano estão sendo monitorados antes mesmo de as aulas presenciais voltarem. Pois, dessa forma, a escola já terá um diagnóstico pronto dos alunos no retorno às aulas, o que facilitará o seu trabalho na hora de atacar as defasagens dos estudantes.
“Antes da volta às aulas, nós já estamos fazendo um diagnóstico com as crianças. Portanto, a partir do momento que elas chegarem na escola com esse diagnóstico em mãos, nós vamos separá-las, para que a gente possa reforçar aquilo que elas não conseguiram fazer durante a quarentena”, explica Fabrício.
Tecnologia e presença do pais: realidade na vida acadêmica dos filhos na volta às aulas
A principal saída encontrada pelas instituições de ensino durante a quarentena foi a de lecionar suas aulas de forma remota, através de plataformas digitais. Fabrício acredita que muitos instrumentos tecnológicos utilizados nesse período vão ganhar um protagonismo na vida dos estudantes a partir de agora.
“É claro que nem todos os aparatos tecnológicos que estamos usando durante a pandemia vão ficar, mas uma parte permanecerá. Por exemplo, quando as aulas presenciais voltarem, o reforço escolar que detectamos que o aluno precisará fazer poderá ser feito pela nossa plataforma digital”.
Outro ator fundamental durante todo esse cenário, e que ganhou muito protagonismo na vida acadêmica dos alunos, são os pais. Com os filhos estudando dentro de casa, os responsáveis foram quase que obrigados a mergulhar de cabeça nos estudos dos filhos.
Essa aproximação expôs uma dificuldade por parte dos pais de estar lado a lado dos filhos na questão educacional. Mas, segundo Fabrício, ela terá que permanecer mesmo após o retorno das aulas presenciais. Esse trabalho de “volta ao normal” terá que realizado pelas três partes: escolas, pais e estudantes.
“O que a gente percebeu durante a pandemia foi uma dificuldade dos pais de acompanhar a vida acadêmica das crianças. Porém, nesse retorno, os pais vão ter que entender que eles terão que continuar acompanhando a vida acadêmica dos filhos. Esse é o grande detalhe. Alguns pais estão ansiosos para que as aulas presenciais voltem, então eles pensam: ‘bom, agora eles (filhos) estão na escola’. Não, eles estão na escola, mas vão continuar em casa, porque as escolas vão precisar de um tempo para fazer com que esse aluno fique na escola em tempo integral” finaliza.
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Acredito sim que esse tempo possa ser recuperado, mas vai ficar uma cicatriz no sistema como um todo, na medida em que nem todos os estudantes tiveram ou terão a mesma oportunidade de acesso aos aparatos tecnológicos referidos. E aí vem a grande contradição no papel que sempre atribuímos à educação: o de diminuir as diferenças entre os que podem mais e os que nada têm. Que falta faz uma educação pública com a qualidade que me foi oferecida por um Brasil muito mais pobre há cinquenta ou sessenta anos.
Você tocou numa grande ferida, José Armando, mas foi muito feliz. Se as distâncias já eram grandes, agora estão imensuráveis. Enquanto as escolas particulares se adiantaram em recorrer aos recursos tecnológicos e oferecer aulas on line, a educação pública entendeu que era melhor não oferecer o mesmo nem exigir dos alunos já que muitos dos alunos não tem sequer internet ou smartphone…..ou seja, nivelou todos os alunos pela pior condição financeira e social. Os alunos tiveram que se contentar com vídeos gravados de aulas de Manaus (outra cultura e roteiro diferente das apostilas locais) e hoje, exercícios e filmes que são enviados 1x por semana… gostaria de dizer diferente, mas os alunos perderam o contato com seus mestres.😔 o que será desses jovens confinados? Síndromes, vícios, desinteresse nos estudos…. estou profundamente triste com a gestão estratégica quanto à educação do nosso governo.