A adaptação é a principal reação de toda e qualquer mudança. Quando ela ocorre de forma abrupta, então… E foi exatamente isso que aconteceu neste ano com muitos professores espalhados por todos os cantos do Brasil.
A pandemia da Covid-19 fez com que as escolas suspendessem as aulas presenciais por tempo indeterminado. As aulas on-line, portanto, se tornaram a alternativa das instituições de ensino para contornar o problema.
No entanto, o processo de trocar o quadro pela tela do computador e a sala de aula pelo escritório de casa não foi fácil para os alunos, como também não foi para os professores.
De acordo com a professora de inglês Naylla Dal’Col Fabres, a mudança causou temor e uma série de adaptações para que as aulas on-line fossem tão produtivas quanto as presenciais. No caso dela, que leciona uma disciplina de língua estrangeira, o trabalho foi ainda mais cuidadoso.
“A mudança não foi fácil, porque eu não tinha um conhecimento prévio de aulas on-line, em relação a ferramentas, metodologia, era tudo muito novo. Eu estava acostumada a dar aulas presenciais. No começo foi difícil para ver o que iria funcionar e o que não iria funcionar. Foi um momento de adaptação, principalmente no inglês, por causa do nível, o que funcionaria para cada idade de aluno”.
Na mesma linha da Naylla, a professora de biologia Amandda Rangel, no primeiro momento, teve uma reação de medo com a mudança. “No começo foi assustador. Não sabia no que ia dar tudo isso. Me lembro que as primeiras aulas foram estressantes e eu estava morrendo de medo de perder a qualidade das aulas”, admite.
O que muda?
As aulas on-line, obviamente, acarretam no isolamento físico entre professores e alunos. Essa é a mudança mais escancarada para todos os envolvidos. Porém, para o professor, segundo Naylla, três são os aspectos que mais exigidos: dinâmica, preparação e interação.
“A dinâmica das aulas muda, principalmente se for para crianças do Ensino Fundamental. Para o Ensino Médio a abordagem tem que ser diferente. A preparação das aulas também muda bastante, pois o professor, com a aula on-line, tem que ter uma improvisação e criatividade sem perder o conteúdo que o aluno precisa aprender. A interação também se perde um pouco, por isso é importante a criação de atividades interativas.
A professora de inglês acrescenta. “Nas aulas on-line é muito comum o professor falar muito e os alunos escutarem, mas isso está errado. A gente precisa sempre colocar o nosso aluno como protagonista”.
Aula individual
Amandda tem experiência em lecionar tanto para uma turma com dezenas de alunos, em escola regular e de cursinho, quanto de forma individual, por meio de aulas particulares. Por isso, segundo ela, as aulas on-line tornam-se mais produtivas quando é focada em apenas um aluno.
“Eu me sinto tranquila em dar aulas para um único aluno ou para uma turma cheia. Mas estar com um aluno por vez se torna mais vantajoso, pois consigo montar a dinâmica da aula conforme as particularidades de cada um.
De acordo com Naylla, que também tem experiência em aulas particulares, professores que lecionam para apenas um aluno têm vantagem em relação aos de escolas regulares. Isso porque a interação é mais direta e melhor com o aluno.
“Lecionar aulas on-line para apenas um aluno é uma vantagem em relação aos professores que lecionam para dezenas de alunos ao mesmo tempo. Isso porque é muito mais fácil para o professor ter o controle sobre a aula quando há menos alunos. Muitos alunos não querem ligar a câmera, e a gente não pode obrigá-los. Então nem sempre o professor consegue ver o que o aluno está fazendo.
Permanência das aulas on-line
O debate em torno da permanência ou não das aulas on-line após o término da pandemia da Covid-19 é grande. Alguns acreditam que os aparatos tecnológicos vieram para ficar, enquanto outros acham que a modalidade de ensino vigente permanecerá ainda por bons longos anos.
Naylla acredita e torce para que as aulas remotas permaneçam na vida acadêmica dos alunos. A professora enxerga nessa modalidade eficácia tanto para os estudantes quanto para os professores.
“Vejo com bons olhos (permanência das aulas on-line), e creio que essa modalidade vai permanecer. A pandemia mostrou que as aulas on-line podem ser eficaz, sim, se feita da maneira certa e bem entendida por todos. Muitos professores podem não concordar com isso, pelo tamanho da sala de aula e pela interatividade. Mas creio que aulas particulares, de reforço e de idiomas (aulas remotas) vão permanecer”, finaliza.
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