Alfabetização em meio à pandemia: saiba o que fazer

Em tempos de pandemia, o maior conflito que vi entre os pais e responsáveis foi: meu filho está na alfabetização e não sabe nada. Mas ele sabe sim. Muito! Estar em casa realmente atrasa o processo de alfabetização, e é natural, pois estamos no meio de uma pandemia.

Esse período acarreta em muitas mudanças na vida escolar das crianças. Dentre elas o afastamento dos espaços escolares, do convívio com os colegas e professores, de toda uma rotina que incluía não só a alfabetização, mas a socialização, o brincar com os amiguinhos. Além disso, muitas crianças em período de alfabetização estão tendo que lidar com pais que não fizeram pedagogia e agora querem alfabetizar. Mas o que fazer? Dar o ano como perdido? Ou promover ações em casa que auxiliem na alfabetização quando o retorno seguro às aulas forem possíveis?

Não há receita mágica para a alfabetização. Cada criança tem um tempo e uma maneira de trilhar esse caminho. Mas há situações que o tornam mais fácil e prazeroso. Algumas dicas possíveis de serem feitas sem tornar o momento uma tortura para a família.

A alfabetização requer da criança muitas habilidades motoras, orais e de memórias. Elas podem ser estimuladas pelos pais. Abaixo tem uma pequena lista de ações para auxiliar as famílias nesse percurso.

Bingo de letras

Faça uma cartela com letras do alfabeto aleatórias e, a seguir, promova um bingo em família. Ganha quem completar a cartela primeiro.

Leia

Leia muito. Mostre onde está a parte escrita das imagens. Aponte para a capa e pergunte sobre o que a criança acha que o livro trata. Exiba o título e deixe que ela imagine sobre o que o livro fala. Exiba as gravuras e faça perguntas para a criança ao longo da leitura.

Ao final, permita que a criança crie uma outra conclusão. Escreva esse final para que ela perceba que a escrita tem função de memória. Peça, também, que ela ilustre esse final imaginado por ela.

Desenhe

Desenhar, para alguns estudiosos, é a primeira escrita da criança. Quanto menor ela for, mais a criança precisa de espaços amplos. Mas, aos poucos, ela irá aprimorar o traço, então os seus rabiscos vão tomar forma.

Crianças pequenas rabiscam pelo prazer do movimento. Elas não buscam formas, por isso que quando perguntamos, as crianças dão nomes variados ao mesmo desenho. Ofereça não só papel e lápis, mas outros materiais para pintar e desenhar. Elas costumam narrar o que desenham. Mesmo que você veja apenas rabiscos, há uma construção mental sendo realizada, que, mais tarde, vai auxiliá-la na criação da narrativa própria da criança.

Induza movimentos com as mãos

Dê à criança materiais para serem rasgados, amassados, esticados… Enfim, que faça com que ela pratique movimentos que fortaleça a musculatura das mãos. Isso porque a escrita também envolve firmeza nas mãos para segurar o lápis. Crianças pequenas amam rasgar e amassar sem motivos, apenas pelo ato em si.

Estimule a criança a falar

A fala auxilia na elaboração do pensamento. Por isso, instigue a criança a falar, dê a ela motivos para perguntar e responder.

Monte teatros

Montar teatros com as crianças usando textos conhecidos, ou criados na hora, permite à criança criar cenários e figurinos. A imaginação da criança, quando estimulada, pode surpreender.

Karaokê

Estimule a criança a cantar e dançar, mude melodias, ritmos, crie paródias.

O mais importante, no entanto, é divertir a criança. Os tempos de pandemia não estão sendo fáceis para ninguém. Mas imagina para crianças pequenas que de repente tiveram as suas rotinas totalmente modificadas, sendo afastadas de amigos e familiares. Portanto, cuidar do emocional delas é tão importante quanto qualquer outra aprendizagem.

Veja mais conteúdos sobre educação e tecnologia no EducaTech.

*artigo escrito por Ana Luisa Figueiredo de Abreu, professora de educação infantil há 27 anos, formada em Pedagogia pela Ufes, e pós-graduada em Psicopedagogia e Docência na Educação Infantil, e Autora do livro “Dialogando Com a Educação Infantil”