Se no início da pandemia os professores estavam quebrando a cabeça para entender como promover o conhecimento à distância e dar continuidade aos cursos, hoje eles se preocupam com o aprimoramento do aprendizado, para que seja mais efetivo na formação dos estudantes. Os desafios continuam – e são muitos. De acordo com levantamento inédito do SerProf, da Kanttum, as 5 principais dificuldades dos professores nesse processo de transição educacional são:
- Avaliação da aprendizagem;
- Autonomia do aluno;
- Atividades desenvolvidas na aula remota;
- Interação na aula online;
- Organização da aula.
A edtech compilou os dados de 450 aulas analisadas e de 175 professores participantes de programas de mentorias desenvolvidos em duas grandes redes de ensino brasileiras, entre março e novembro de 2020, através da plataforma.
“Foram duas rodadas de observações: a primeira no início da pandemia, com todos apreensivos com a adoção do modelo de ensino-aprendizagem remoto, e o segundo quando já estavam mais adaptados, mas cujas mediações tradicionais não atendiam às novas necessidades”, observa Ana Maria Menezes, head pedagógica da Kanttum.
O processo consistiu na análise de aulas reais gravadas por professores de diferentes regiões do país, na observação da própria aula, na autorreflexão e na marcação na rubrica e mentoria a partir da prática, para a proposta de soluções. Um novo ciclo foi realizado meses depois, para apuração dos resultados.
“Os dados levantados nos permitem obter insights importantes a respeito dessa experiência tão singular vivida pelos educadores. Além disso, podem nos apontar caminhos para a educação em 2021 e anos vindouros”, diz Ana Maria.
Conheça as 5 principais dificuldades dos professores nas aulas remotas
avaliação da aprendizagem
Uma das principais dificuldades dos professores está na avaliação da aprendizagem, que foi indicada como um espaço de melhoria na prática pedagógica do professor em 34% das aulas observadas. Ele tem de ampliar sua visão de avaliação para além das provas e trabalhos ao final das unidades de estudo e partir para um acompanhamento mais contínuo.
“Essa é uma dificuldade de virada de chave que o educador já enfrentava mesmo no contexto presencial. Nas aulas online, é necessário que ele adicione momentos de checkpoint ao planejamento, possibilitando observar o que e como os alunos estão aprendendo”, indica a head pedagógica.
autonomia do aluno
A autonomia cria condições para que o aluno exerça uma liberdade responsável, participando efetivamente da construção do próprio conhecimento. Essa habilidade é citada de forma recorrente na descrição das competências gerais para a Educação Básica propostas pela BNCC, por ser fundamental para que o cidadão do futuro possa atuar em cenários complexos e em constante transformação. Incentivar esse autogoverno, no entanto, é uma dificuldade apontada em 33% das aulas.
“Os educadores ainda precisam sistematizar práticas pedagógicas que possibilitem o maior desenvolvimento de autonomia pelos alunos, como oferecer mais opções de escolhas significativas, fortalecer a autoconfiança deles para que possam tentar novas opções sem a culpa do erro, permitir que expressem suas opiniões e necessidades e pesquisem temáticas diferentes das propostas pelo material didático”, lista Ana Maria.
atividades desenvolvidas na aula online
Outro aspecto que pode ser melhorado são as atividades desenvolvidas nas aulas online, como apontado em 22% delas. Antes da pandemia, a utilização de recursos digitais na educação era rotineira apenas a uma pequena parcela de instituições brasileiras. Mas com o fechamento repentino das escolas e a constatação de que o modelo transmissionista não consegue manter os alunos engajados à distância, os educadores têm aprendido, na prática, como tornar as aulas remotas mais interessantes e efetivas por meio das ferramentas digitais.
Esse aprendizado leva tempo, mas já é possível constatar que os professores têm buscado e implementado cada vez mais atividades que possibilitam a construção colaborativa do conhecimento e a conexão entre os estudantes.
interação na aula online
Muitos formadores ainda se apoiam na participação oral dos alunos como principal ferramenta para promover interação, como constatado em 20% das aulas analisadas. O uso sistemático e proposital do chat, a ativação ou não das câmeras, a utilização de ferramentas que permitem edição colaborativa de textos, o uso intencional de mídias sociais e a utilização planejada das salas simultâneas são recursos que podem – e devem – ser mais explorados.
organização da aula
Em 2020, os professores brasileiros enfrentaram o grande desafio de desenvolver um modelo de aulas remotas. Utilizando recursos virtuais e outros espaços de interação ainda que muitos não estivessem habituados a utilizar estas tecnologias e a fazer a gestão de uma sala virtual. As mentorias mostram que 20% deles ainda estão lidando com as transformações e adaptando a organização das aulas, um ciclo de formação continuada, em constante evolução.
Empatia do professor é ponto alto em 95% das aulas e acolhe alunos
O levantamento da Kanttum também mostrou que a atmosfera em sala de aula foi um dos pontos altos do material coletado. Isso porque em 95% das aulas, foi observado que os educadores priorizaram a empatia no trato com os alunos, preocupando-se em acolhê-los e ajudá-los.
“Em momentos de transformações e incertezas, nos quais a saúde emocional e mental foi colocada em cheque, essa competência demonstrada pelos professores foi fundamental para transmitir segurança e tranquilidade – primordiais para os processos educativos”, afirma Luciana Ferruzzi, líder da Rede de Mentores SerProf, programa da empresa.
Os esforços e experimentações realizados pelos professores direcionam a um sistema educacional mais ajustado às necessidades do ensino-aprendizagem do século XXI. Entretanto, é importante que se continue investindo em qualificação docente. Não apenas para capacitar os educadores para lidarem com as tecnologias digitais, mas, sobretudo, em uma formação que parta das experiências reais de sala de aula, que estimule uma postura reflexiva sobre a própria prática e que incentive esses profissionais a trocarem vivências, buscando respostas em ambientes colaborativos.
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Ótimas dicas. Parabens
Parabenizo os responsáveis pela pesquisa e como profissional da área, concordo plenamente com os dados levantados. É isso mesmo, é real o resultado da pesquisa. Agora é continuar na busca pelo aperfeiçoamento das ferramentas digitais e se reinventar.
Sou professora me sinto presa sem saber o certo o que fazer para os meus alunos aprenderem.