Genius Hour: conheça a mais nova tendência da educação

Genius Hour
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As metodologias ativas de aprendizagem têm se tornado uma relevante pauta quando pensamos na evolução da educação. Isso se dá pois cada vez mais os alunos demandam métodos de ensino-aprendizagem centrados em si, nos quais o protagonismo traria também melhora significativa no desenvolvimento efetivo de competências e habilidades para não somente a vida profissional, mas também pessoal do discente. Sendo assim, vemos a necessidade de aproximarmos e deixarmos a educação mais coerente com a realidade dos alunos. Uma alternativa promissora que vem se enquadrando como tendência é a Genius Hour. Nela os estudantes possuem liberdade necessária, promovendo a criatividade e entusiasmo também tão importantes no processo de aprendizagem.

É complicado ter exatidão de quando a Genius Hour (Hora do Gênio) foi criada, mas é fácil observar como ela tomou grandes proporções. No livro “Como o Google funciona” (How Google Works), Eric Schmidt e Jonathan Rosenberg contam como uma das maiores empresas do mundo consegue ter uma cultura tão forte e padrões de inovação tão irreverentes e precursores em seu tempo.

Dentre os vários pontos curiosos sobre a empresa, um deles é o fato de os funcionários poderem destinar 20% do seu tempo para projetos pessoais. Em outras palavras, além de gerar produto e recurso importantes para o Google, são também valorizadas as coisas que as pessoas aprendem quando tentam fazer algo novo.

Trazendo a ideia para a educação, a Genius Hour tem uma premissa simples, dar aos estudantes 20% do tempo de aula para aprender o que eles querem. Isso faz com que eles explorem suas próprias paixões e incentivem a criatividade dentro da sala de aula.

A metodologia fornece ao aluno o poder de escolha do conteúdo enquanto aprimoram suas habilidades e atingem padrões e requisições acadêmicas. Com a Genius Hour, os alunos também são responsáveis pela sua jornada, escolhendo os tópicos baseados nos seus interesses – não tendo necessariamente que estar atrelado a área acadêmica, como por exemplo: moda, música, esportes, culinária, jogos, entre outros.

Os estudantes são então desafiados a gerarem um produto ou projeto partindo da elaboração de perguntas e se responsabilizando pela pesquisa que trarão as respostas aos seus questionamentos iniciais.

Ao longo do processo, os alunos elaboram o planejamento levantando em consideração pontos como:

  • Fontes de pesquisa;
  • Objetivos a serem atingidos;
  • Prazo do projeto dentro de um certo limite estipulado;
  • Se vão trabalhar sozinhos ou em pequenos e grande grupos.

Ao final, os alunos terão que entender o que eles irão produzir, o impacto que o projeto terá e como irão compartilhar o mesmo com a escola e o mundo. Outro ponto importante é o papel do professor em facilitar os projetos e mediar os prazos, garantindo que os alunos estejam em dia com as suas tarefas.

6 pontos que mostram o porquê de a Genius Hour ser uma tendência

  • Apesar de muitas escolas e professores já aplicarem a Genius Hour (mesmo que às vezes nomeada de outra forma), com a evolução do ensino-aprendizagem mostra-se necessário a difusão desse tipo de metodologia trazendo o aumento da conexão entre educação e a realidade, formando alunos não só para a jornada acadêmica, mas também para a vida;
  • Outra forma de valor desse método é a possibilidade de descoberta de talentos que muitas vezes são suprimidos pelo modelo de ensino tradicional;
  • O fato de o aluno fazer algo que é de seu interesse e não simplesmente algo que é obrigatório, pode estimulá-lo a realizar diferentes atividades fora do horário de aula;
  • Assim como outras metodologias que geram engajamento, a Genius Hour tem o potencial de ser uma alternativa que mude a percepção dos alunos sobre a escola e o processo de ensino-aprendizagem;
  • A liberdade dada a cada aluno respeita as singularidades presentes entre eles. Por ser uma metodologia que se adequa aos estudantes, a Genius Hour respeita os limites de cada um nivelando-os de acordo com o seu próprio potencial;
  • Por ser uma metodologia completa, exige dos alunos vários níveis de domínio cognitivo pedagógico, desde lembrar até criar (como prescrito na Taxonomia de Bloom) o que, por sua vez, promove o aprendizado profundo, diferente de boa parte dos métodos tradicionais que se atém a superficialidade de decorar um conteúdo.

Dificuldades

Assim como toda metodologia, a de que tratamos aqui também possibilita alguns contratempos:

  • A Genius Hour não é uma atividade 100% livre ou um recreio para os alunos. Para que ela funcione adequadamente é necessário que seja estruturada para empoderar os alunos promovendo o seu esforço e dedicação, de outra forma, não funcionará;
  • É necessário que o grau de complexidade dos projetos esteja de acordo com a idade do aluno. Isso tudo para que não haja uma disparidade entre a exigência e a capacidade de realização do estudante e, consequentemente, o desmotive;
  • Se cada aluno tem um interesse diferente e cabe o professor ajudá-lo, nem sempre o docente terá um entendimento profundo de todos os assuntos escolhidos. Nesse caso, uma solução pode ser a criação de pontes entre os alunos e os especialistas da área. Isso traz uma luz para o professor e maior dinamicidade para a metodologia;
  • Se por um lado, é algo bom gerar interesse e dedicação extraclasse no aluno, por outro, a flexibilidade da metodologia pode preocupar muitos pais. Com frequência afirmamos que o ensino precisa ser atualizado. Entretanto nem sempre tal percepção mais moderna é a dos pais que ainda podem estar ligados à forma tradicional com que aprenderam, exigindo que o seu filho ou filha tenham o seu mesmo modelo de ensino.

Qualquer semelhança é mera coincidência

A Genius Hour é um método muito empregado em países como os Estados Unidos, por exemplo. Mas vem ganhando forças no Brasil e tem potencial para ser mais empregado nos próximos anos. De fato, algo que se assemelha bastante a esse modelo é a recente implantação dos itinerários formativos no novo ensino médio.

A Lei 13.415 de fevereiro de 2017 estabeleceu uma mudança na última etapa do ensino básico brasileiro propondo. Ademais, a Formação Geral Básica comum a todos os estudantes e o complemento da carga horária com a vivência flexível de Itinerários Formativos. Isso garantiu o protagonismo e a diversidade de perfis juvenis, possibilitando que os alunos se aprofundem naquilo que mais os interessa.

Apesar de os itinerários passarem por apenas quatro eixos estruturantes (Investigação Científica, Empreendedorismo, Processos Criativos e Mediação e Intervenção Sociocultural), a combinação entre eles gera um leque maior de possibilidades, e sua implantação mostra uma tendência de flexibilização e de geração de mais valor no processo de ensino-aprendizagem.

É inegável a importância do ensino teórico em sala de aula. Mas a opção pela aplicação exclusiva desse método pode limitar a capacidade cognitiva do estudante. Além disso, desestimula a buscar e desenvolver o seu próprio talento e mostra-se inconsistente com as necessidades atuais.

Em seu livro What’s the Use of Lectures? (1998), Donald Bligh mostra através de várias pesquisas que aulas padrões são importantes. Mas tem fatores limitantes, principalmente quando não há variação do tipo de estimulação. Bligh também relata que a frequência cardíaca dos alunos reduz significativamente com o passar do tempo na aula, trazendo consigo sonolência e desatenção.

Dessa forma, a Genius Hour é uma alternativa que traz uma experiência significativa para o processo de aprendizagem, alinhando engajamento e resultado, e – quem sabe? – aumentando os batimentos cardíacos do aluno agora incentivado ao trabalhar com aquilo que mais gosta.

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*artigo escrito por Lorenzo Ferrari Assú Tessari, especialista em aprendizagem e metodologias de ensino. Formado em Ciências Biológicas pela Ufes, mestre em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia pela UFPR, e diretor e cofundador da Gama Ensino e da Anole.

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