Todo ser humano nasce com a capacidade de aprender sozinho. Obviamente, alguns de nós possuem maior facilidade do que os demais nesse quesito. Mas, ao longo da vida, essa capacidade muitas vezes é menosprezada e pouco incentivada. Isso gera um nível de dependência e tutelagem primeiro da criança para com os seus pais, responsáveis ou professores.
No entanto, quanto mais maduros somos, melhor sabemos que as aulas e os professores são direcionadores e facilitadores para a assimilação de conteúdo, mesmo que não seja assim que boa parte dos alunos mais jovens os enxerguem. É um sentimento comum em adolescentes achar que a aula é a única fonte possível de conteúdo, utilizando qualquer outra ferramenta – como o livro, por exemplo –, como um componente secundário.
De forma geral, o estímulo ao autodidatismo é pouco visto no ensino básico. O baque acontece quando o aluno chega ao ensino superior, no qual ele se depara com uma realidade completamente diferente.
Aulas são primordiais, é claro, e fazem parte da estrutura pedagógica, contribuindo fundamentalmente na formação social e didática do estudante. Entretanto, uma estrutura formada apenas por aulas expositivas pouco estimula o pensamento crítico e a capacidade de resolver problemas do aluno.
E é sob essa premissa que as metodologias ativas têm sido pauta central da educação nos últimos anos. Junto a esta, também novas profissões, como o mentor de estudo, têm sido requisitadas por pais, escolas e alunos.
Mentor de estudos
Além de serem os facilitadores do aprendizado do aluno, os professores têm sido desafiados por uma nova tendência, qual seja, ter a responsabilidade de serem treinadores ou até mesmo mentor de estudos dos seus alunos, aumentando as suas habilidades e invocando padrões que tornam o engajamento e o diálogo significativos no processo de ensino-aprendizagem.
Por outo lado, os modelos tradicionais engessam a posição do professor, não deixando espaço para uma modernização ou aplicação de tais abordagens. Apesar de lenta, essa transição do papel do professor vem sendo percebida e empregada ao redor do mundo. Isso porque os educadores compreenderam que a essência da educação é uma relação próxima entre um polo bem informado e atencioso (tutor) e um polo seguro e motivado (aluno).
Essa relação de proximidade, mas ao mesmo tempo de liberdade por parte do aluno, permite ao mesmo andar com as próprias pernas. Além disso, potencializa a solução de necessidades individuais e ensina autonomia aos estudantes sem que surja o sentimento de ansiedade e desespero por estar perdido, tão comum em crianças e adolescentes.
O papel de mentor no ramo da educação pode ser análogo ao que conhecemos como o papel do personal em diversas áreas. Um exemplo é o personal trainer, o nutricionista ou o coach. A principal diferença do mentor para o professor é que o primeiro guia individualmente o aluno no como fazer, fornece as ferramentas e permite que o aluno ache a melhor solução para si.
O mentor de estudos atua de acordo com as necessidades de apoio do aluno. Normalmente, trata-se de ajudar o aluno a estruturar, planejar e organizar seus estudos. Ademais, também pode envolver a classificação e priorização de atribuições, estabelecimento de metas intermediárias e elaboração de planos semanais.
O mentor não funciona como um supervisor ou professor e os alunos devem sempre fazer o seu próprio trabalho de estudo, reportando seus avanços ou dificuldades ao mentor.
Principais qualidades que um mentor precisa ter:
- Boa capacidade de planejar e estruturar a carga de trabalho discente;
- Personalidade calma, segura e paciente;
- Experiência de motivação e coaching;
- Consciência de como deficiências e necessidades individuais podem afetar a situação de estudo de uma pessoa.
O avanço das tecnologias possibilitou ao professor recuar na sua obrigação de ser o detentor do conhecimento. Agora ele está em uma posição mais branda de guiar e avaliar o aluno de maneira individual.
Nesse sentido, hoje, plataformas fornecem acesso em tempo real aos dados dos discentes. Tornaram-se ferramentas valiosas para medir o progresso e identificar quaisquer lacunas de conhecimento.
O próprio conceito de adaptive learning (aprendizagem adaptativa) constrói o melhor trajeto individual para cada aluno aprender, algo que antes era impossível para um único professor fazer para os seus vários estudantes. Dessa forma, o aluno agora tem em sua mão ferramentas eficientes e formas diferentes de adquirir um mesmo conteúdo.
O visionário Elon Musk certa vez disse que quase todo o conhecimento está na internet, basta filtrá-lo. É justamente nesse ponto que se torna fundamental o papel do mentor. Por ter discernimento do que é adequado e do que não é, o mentor se torna o guia do aluno. Ele auxilia em sua trajetória, compartilhando conhecimento, desenvolvendo sua relação interpessoal, desafiando e apoiando seu pupilo, mas deixando-o caminhar com as suas próprias pernas.
Se possuímos personais e mentores em outras áreas da vida, por que também não um mentor de estudos? Ao invés de uma figura centrada em reproduzir o conhecimento, por que não uma figura que possa ensinar a como se adquirir e filtrar esse conhecimento agora disponível nos mais diversos formatos digitais? Por que dar o peixe se podemos ensinar a pescar?
Uma das habilidades essenciais do futuro, segundo o Fórum Econômico Mundial, é aprender a aprender. Quando conseguimos nos aproximar de maneira mais individualizada do aluno, em uma relação de um para um, entregamos o maior grau de personalização para que isso de fato aconteça.
Muitas vezes o que o estudante precisa é simplesmente alguém para guiá-lo e ajudá-lo a conquistar seus objetivos, dar suporte e motivação para que sejam alcançados esses objetivos pessoais, como faz, para dar apenas um exemplo, a studymentors.org, preparando, planejando e dando suporte para o aluno ao longo de sua carreira acadêmica.
No Brasil, destacamos a Anole Métodos de Estudo, que possui mentores voltados para ensinar práticas de estudo e organização pessoal ao longo do ano de pré-vestibular. Mas para além de empresas especializadas nesse serviço, como uma mudança de postura pode ser empregada de forma prática por professores hoje e aplicada ao modelo regular do ensino básico? Para saber a resposta dessa pergunta, convidamos você a ler o nosso próximo artigo.
Veja mais conteúdos sobre educação e tecnologia no EducaTech.
*artigo escrito por Lorenzo Ferrari Assú Tessari, especialista em aprendizagem e metodologias de ensino e diretor e cofundador da Gama Ensino e da Anole.