Estamos nos aproximando do maior vestibular do Brasil, e muitos candidatos ainda não têm conhecimento de alguns aspectos relevantes sobre o Enem. Dessa forma, nas próximas semanas, faremos um “Especial Enem”, onde daremos dicas do que pode ser feito para uma preparação mais efetiva. Abordarei alguns mitos e verdades a respeito desse exame que sanará várias dúvidas que ocupam a cabeça dos vestibulandos nessa caótica reta final.
O Enem PLL tem o mesmo nível do enem regular: verdade
Uma das melhores formas de se preparar para um vestibular é simulando as condições que o candidato terá no dia da prova. O Enem não é diferente, pois fazer simulados é um ponto fundamental para uma boa preparação. Resolver questões de provas antigas do Enem é a forma mais próxima que se pode chegar as questões que de fato serão aplicadas no dia da prova.
Também sabemos que se o candidato se dedicar e fizer muitas provas antigas, logo esgotará o estoque de exames. Além disso, na primeira década do Enem, a forma como os conteúdos eram cobrados diferem da forma atual, restando então poucas provas recentes fiéis ao modelo vigente.
O que muitos candidatos não sabem é que o Enem PPL (Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade), de acordo com o INEP, tem o mesmo grau de dificuldade que o Enem regular. E contrariamente ao que muitos acham, ele pode ser sim usado como prova extra. Desse modo, dobra-se o número de provas antigas disponíveis para treinamento.
A nota máxima na prova é mil: mito
Muitos candidatos acham que a maior nota possível nas áreas do exame é mil. Esse fato, entretanto, só é verdade para a prova de redação. Para as outras quatro áreas do conhecimento, a nota pode sim ultrapassar a barreira dos mil pontos. Mas desde que a coerência pedagógica da prova seja alta e o TRI (Teoria de Resposta ao Item) eleve a nota do candidato a tal pontuação.
Inclusive, em 2015, um candidato conseguiu a marca de 1008,30 pontos na prova de Matemática e suas Tecnologias, o que, na ocasião, deixou o estudante confuso e o fez ficar suspeito com o seu resultado que poderia derivar de um erro no site do INEP. Seguindo a mesma lógica, também não é possível tirar a nota zero nas provas objetivas, com exceção da redação.
Dica: qual a melhor ordem para resolver as questões?
Para quem vai fazer o Enem, esse é um grande dilema a ser solucionado. Obviamente não existe uma fórmula mágica que é aplicável para todo mundo. Mas já que falamos acima sobre o TRI, temos como utilizá-lo a nosso favor.
De maneira simples, o TRI se importa não só com quantas questões foram acertadas, mas também com quais foram as questões acertadas. Assim, faz-se um ranqueamento das questões em níveis de dificuldade e são dados pesos diferentes para essas questões.
As mais fáceis têm um maior peso, e as mais difíceis tem um menor peso, isso tudo para privilegiar a “coerência pedagógica” do exame. Nesse sentido, também são prevenidas incongruências: se um candidato erra as questões mais fáceis e acerta as mais difíceis, subentende-se que ele pode ter chutado as questões mais difíceis já que não tem domínio das fáceis.
Como a prova do Enem possui muitas questões para serem feitas em um tempo reduzido e pelas próprias diretrizes que regem a elaboração do Enem, fica complicado resolver toda as questões, da 1ª a 90ª, sem uma estratégia formada.
Afinal, muitas vezes o candidato não consegue chegar ao final do teste e acaba deixando de fazer questões fáceis que poderiam somar muitos pontos em seu resultado final. Nessa lógica, para maximizar a nota é necessário acertar as questões fáceis. Logo, é pela seguinte ordem que a prova deve ser feita:
- 1° questões fáceis;
- 2° questões médias;
- 3° questões difíceis.
Mas como saber quais questões são as “fáceis”?
Não temos como saber exatamente quais serão as fáceis e as difíceis. Mas com uma estratégia conseguimos tendenciar o tempo para que ele seja primariamente destinado a resolver as fáceis.
Por exemplo, se temos uma questão que o candidato saiba resolver mesmo levando um bom tempo para isso, é possível presumir que essa questão não é “fácil” para a maioria dos candidatos e ficar tentando a resolver por vários minutos, leva a uma perda de tempo precioso na prova.
Em termos práticos, é um tempo gasto com questão que pouco pontua. Para resolver esse problema, precisamos classificar as questões antes de resolvê-las. Para isso, vamos dividi-las em dois grupos que exigem diferentes estratégias de resolução: as de texto (questões que trazem conceitos e frases nas alternativas), e as de cálculo (questões que envolvem cálculos matemáticos, via de regra destinadas a área de exatas).
Questões de texto: o foco deve ser em eliminar alternativas
- 1) Se o candidato conseguir eliminar quatro alternativas, entende-se como fácil;
- 2) Se o candidato conseguir eliminar duas ou três alternativas, entende-se como média;
- 3) Se o candidato conseguir eliminar zero ou uma alternativas, entende-se como difícil.
Questões de cálculo: o foco deve ser em esquematizar a resolução
- 1) Se a questão pode ser resolvida com a interpretação de tabela e gráfico ou envolve apenas um passo de cálculo, entende-se como fácil;
- 2) Se a questão pode ser resolvida com dois ou mais passos de cálculo, entende-se como média;
- 3) Se o candidato não consegue resolver a questão de pronto, entende-se como difícil.
Nos dois modelos, as questões fáceis são resolvidas pelos alunos no ato da classificação. E ao identificar as médias e difíceis, é interessante marcá-las com o nível e seguir adiante. Nesse plano de eficiência, o candidato chegará ao final da prova tendo resolvido todas as “fáceis”, tendo classificado as questões médias e difíceis, além de já ter eliminado as alternativas que não devem ser marcadas e esquematizado os passos lógico-matemáticos que devem ser operacionalizados.
Vale ressaltar que nesse primeiro momento a cabeça do candidato está fresca e seu poder de julgamento está no ápice para eliminar alternativas e esquematizar a resolução de problemas. Por isso é importante pular questões para conseguir ter uma noção geral de todas elas. Após isso, retorna-se ao início fazendo as questões médias e, então, caso exista tempo útil, também as difíceis.
Mas cabe aqui uma informação importante: qualquer estratégia empregada deve ser treinada exaustivamente anteriormente e não deve ser realizada pela primeira vez no dia da prova. Caso o candidato já tenha domínio de uma estratégia que funcione, deve-se ponderar se há necessidade de mudança nessa reta final.
E quanto às áreas, qual fazer primeiro?
Dessa forma, cada candidato tem o seu ponto forte e ponto fraco. Ou seja, iniciar pela área que se tem mais segurança é o mais indicado para ganhar confiança e garantir o acerto de um maior número de questões que são de domínio daquele estudante específico. Em outras palavras, para não se correr risco de errar uma questão que se tem domínio por estar cansado mentalmente.
Na próxima semana, traremos mais uma verdade, um mito e uma dica no “Especial Enem” que podem agregar na sua preparação para o maior exame vestibular do Brasil.
Veja mais conteúdos sobre educação e tecnologia no EducaTech.
*artigo escrito por Lorenzo Ferrari Assú Tessari, especialista em aprendizagem e metodologias de ensino e diretor e cofundador da Gama Ensino e da Anole.