Em menos de dez dias acontecerá a primeira prova do Enem 2021. Em meio a notícias de demissões de vários funcionários do Inep, é comum os candidatos se preocuparem com os bastidores do maior vestibular do Brasil.
Vale ressaltar, entretanto, que nesse momento a prova já está impressa e nada disso altera de fato o dia de prova do candidato neste ano. No entanto, existem outros aspectos que podem influenciar a preparação do vestibulando. Dessa forma, daremos sequência a esse Especial Enem com a parte 3 trazendo mais um mito, uma verdade e uma dica importante para essas últimas semanas.
Leia mais: Especial Enem: dicas, verdades e mitos (parte 1)
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A banca corretora não influencia na montagem e correção: verdade
Essa é uma verdade importante que pode tranquilizar vários candidatos. A elaboração da prova é responsabilidade do governo brasileiro por intermédio de funcionários técnicos do INEP.
Logo, independente de que seja banca A ou B, nenhum tipo de interferência direta ocorre nesse processo. Ao longo do tempo, as questões são elaboradas e postadas no Banco Nacional de Itens (BNI), um local extremamente seguro que pouquíssimas pessoas têm acesso.
Quanto à correção – área que os concorrentes mais se preocupam e onde, de fato, há o trabalho da banca corretora (formada pelo consórcio Cesgranrio-FGV) –, existem dois tipos de provas:
- Nas objetivas, a correção é feita por leitor óptico. Ou seja, de maneira automática direta no gabarito individual de cada concorrente. Por isso não se deve rasurar a filipeta e ser bem claro em qual alternativa está marcando. Assim, a correção automática não abre espaço para qualquer tipo de interferência externa, sendo bastante segura;
- Na redação, os corretores são selecionados por um processo rigoroso e treinados pela banca vigente (Fundação Getúlio Vargas, FGV). Ela tem a responsabilidade de operacionalizar todas as etapas de correção. Independente da capacitação dos corretores ser dada pela banca, o processo é acompanhado em todos os seus níveis seguindo as diretrizes e os critérios do Inep. Logo, não há tendência por parte da banca, pois caso haja uma mudança na composição dos elaboradores de uma edição para outra, desconfiguraria todas as premissas da redação que são impostas pelo INEP.
Melhor deixar a questão em branco do que chutar: mito
Esse, como outros mitos, perambula pelos pensamentos dos candidatos. Por achar que a ferramenta estatística Teoria de Resposta ao Item (TRI) tem um modelo diferente de atribuição de nota comparado a outros exames mais convencionais, muitos vestibulandos acreditam que quando não se tem ideia da resposta de uma questão, é melhor a deixar em branco do que “chutar” no gabarito.
Deixar uma questão em branco significa ter 0% de chance de acerto. Ou seja, aquela questão definitivamente estará errada. Mesmo a questão sendo considerada difícil ou fácil, a pontuação recebida por ela ao a deixar sem resposta é zero.
Por outro lado, chutar uma questão no gabarito dá ao candidato 20% de chance de acerto. Se o indivíduo “chuta” e erra, a pontuação recebida será zero. Mas se por acaso ele acerta, uma pontuação positiva será atribuída, a depender do padrão de acerto individual e geral das outras questões. Logo, deixar em branco nunca deve ser uma opção!
Dica: chutar nem sempre é uma ação desprovida de sentido
O que fazer quando não se tem a menor ideia da resposta da questão? Existe alguma forma de “chutar” de maneira “menos aleatória”?
Se você acompanhou o primeiro artigo dessa série especial do Enem, observou que a melhor forma de realizar as questões da prova é separando-as em fáceis, médias e difíceis. Sendo assim, podemos maximizar a pontuação utilizando o TRI a nosso favor.
Mas quando as questões difíceis são as últimas que restam a serem feitas, é provável que algumas delas o candidato não consiga fazer. Chegando nesse cenário, a última coisa a se fazer é chutar a questão e não a deixar em branco. Entretanto, chutar diretamente no gabarito não é o melhor caminho:
- O Enem, sendo uma prova de abrangência nacional, não pode em hipótese nenhuma ferir algum direito humano ou aspecto ético. Se o candidato observar nessas questões difíceis alguma alternativa que transgrida esses pontos, ou algo que beira o absurdo, evite de marcá-la. Ou seja, sobrando menos opções para o chute, logo, aumentando a chance de acerto;
- Pode acontecer das alternativas virem com um considerável grau de semelhança entre si, podem se tratar de sinônimos ou redundâncias. Se sabemos que apenas uma alternativa está correta, logo, inferimos que duas alternativas sinônimas têm altas chances de ambas estarem erradas. Vale ressaltar que em questões nas quais as alternativas são números, pequenas diferenças entre os valores não é motivo para eliminar as alternativas, pelo contrário, a diferença em uma casa decimal muitas vezes é o que diferencia a resposta correta daquela errada;
- O Enem foge de generalizações. Dificilmente uma resposta com “nunca”, “totalmente”, “absoluto(a)” e “sempre” será a resposta correta. Por isso fuja delas se for para chutar.
Eliminar qualquer alternativa para o chute é válido, por isso as dicas acima são valiosas. Mas existe ainda um último nível que o candidato não conseguiu eliminar nenhuma alternativa. O que fazer nesse caso?
Após terminar a prova, ter feito as questões fáceis, médias e difíceis, eliminado as alternativas que não se enquadram como padrão de resposta, só resta o chute direto. Se o candidato estiver com tempo sobrando, conte quantas vezes cada alternativa apareceu (e pra isso você tem que ter segurança de que as respostas marcadas estão corretas) e as questões de chute podem ser marcadas com as alternativas que menos apareceram na sua prova.
Uma prova de abrangência nacional igual o Enem, dificilmente terá todas as alternativas corretas concentradas em uma ou duas alternativas. Por isso, se o vestibulando tem consciência de que as outras questões estão certas (em sua maioria, pelo menos), as questões sobressalentes podem ter a alternativa que menos aparece como correta, caso essa alternativa não tenha sido eliminada pelos motivos anteriores.
Deve ficar claro para o candidato que esse passo é o último caso a ser tomado; se a alternativa foi eliminada por algum motivo, ela não deve ser alterada em consideração a essa etapa.
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*artigo escrito por Lorenzo Ferrari Assú Tessari, especialista em aprendizagem e metodologias de ensino e diretor e cofundador da Gama Ensino e da Anole.