Está encerrada a saga de milhões de estudantes brasileiros que se prepararam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano de 2021. A segunda etapa da prova realizada no último domingo (28) fechou o calendário dos candidatos do maior vestibular do país. Além disso, historicamente, se revela como a fase na qual os alunos conseguem alcançar maior pontuação na escala do TRI (Teoria de Resposta ao Item). E, por isso, se torna o foco de estudos de muitos candidatos que almejam os concorridos cursos da área de biomédicas e exatas. Assim, analisaremos abaixo o histórico dessas áreas e como foi também a segunda parte do Enem 2021.
Ciências da Natureza e suas tecnologias
A área de Ciências da Natureza engloba três das disciplinas mais extensas do ensino médio: Biologia, Química e Física. Dessa forma, é importante o candidato ter ideia de quais conteúdos aparecem mais na prova, para que isso o ajude a priorizar os estudos durante a nova preparação.
No que tange a parte de Biologia, maior matéria em termos de quantidade de conteúdo do ensino médio, percebe-se dois grandes blocos de assuntos que englobam boa parte das questões:
- Citologia, citogenética e seus derivados (como os tópicos de biotecnologia, entre eles melhoramento genético, terapias gênicas e celular);
- Ecologia e os tópicos de desequilíbrios ambientais.
Para se ter uma ideia do grau de relevância dessas áreas, ano passado, 14 das 18 questões de Biologia foram contempladas por esses dois blocos. Analisando a prova de 2021, percebe-se que, de uma forma geral, a prova não se preocupou em ser contextualizada com assuntos relevantes na atualidade. Essa sempre foi uma característica histórica do exame.
Segundo a professora de Biologia Franciane Cipriani, o nível de dificuldade das questões aumentou. Foi exigido, portanto, mais atenção e conhecimento específico dos alunos, deixando um pouco de lado aspectos mais interpretativos em prol de aspectos mais conteudistas.
Em relação aos dois grandes tópicos mais recorrentes, com exceção às pautas ambientais que continuaram presentes, apareceram em menos questões do que o de costume. Dessa forma, dando lugar a temas menos abordados ao longo da abrangência do Enem nos últimos anos, como botânica em cerca de 25% das questões de Biologia.
No que diz respeito a disciplina de Química, a edição desse ano deu um pouco mais de atenção aos tópicos de funções orgânicas e eletroquímica. Ao todo foram sete questões que abordaram esses dois temas.
De acordo com o professor de Química Julio Arvellos, neste ano o candidato não encontrou problemas envolvendo cinética química ou entalpia, bastante comuns na contextualização da Química com o dia a dia e também assuntos presentes em edições anteriores.
Outro tema que não deu as caras nesta edição foram as interações intermoleculares, sempre presente nas últimas edições do Enem. Um ponto que pode ter gerado dificuldade aos alunos foi a interdisciplinaridade da disciplina com conteúdos advindos da Física, o que ocorreu em algumas questões de eletroquímica – como a associação de pilhas em série e sua relação com circuitos, exigidos por duas questões da prova.
Em relação às edições anteriores, a prova manteve sua estrutura bastante contextualizada. Mas vem ganhando uma cara um pouco mais conteudista, o que se comprova por questões como a de ácido-base de Brönsted-Lowry, salienta o professor.
Já a Física, a grande vilã do segundo dia de prova para muitos candidatos, teve poucas surpresas em relação aos anos anteriores. Pois os conteúdos se mantiveram basicamente os mesmos e a forma de questionar a solução das questões também, explica o professor de Física Clístines Mariano.
“As questões em si continuam a focar mais na interpretação do fenômeno físico do que em resolução de equações. Isso significa que é exigida, por exemplo, a interpretação de circuitos elétricos, das formas de troca de calor de correntes de ar, além da relação entre o tamanho de um tubo sonoro e a frequência emitida por ele”, diz o professor.
E o docente complementa. “Para além dos exercícios de interpretação, algumas questões, como a de lançamento oblíquo, realmente necessita de uma operação matemática mais complexa. Mas quem se preparou e resolveu provas anteriores chegou preparado para enfrentar os desafios deste ano”.
Matemática e suas tecnologias
Nos últimos anos, a prova de Matemática teve diretrizes bem definidas acerca do que cobrar dos candidatos. A prova de maior coerência pedagógica de acordo com o TRI, aborda constantemente tópicos da aritmética – como razão e proporção, porcentagem e escalas –, bem como tópicos da álgebra – como funções e equações –, além de estatística e geometria plana.
Esses conteúdos nas últimas edições do Enem (em ambas, a primeira e a segunda aplicação) contemplaram cerca de 80% das questões do exame, revelando o grande foco da prova.
A prova de matemática por si só já é uma batalha cansativa. Enfrentar 45 questões em que o candidato tem que manter 100% da atenção para não errar nenhum detalhe, lidando com muitas contas e relações lógicas, realmente não é fácil.
No que tange à Matemática no Enem 2021, a prova não destoou dos anos anteriores. Ela apresentou uma quantidade razoável de exercícios de geometria (incluindo projeções ortogonais), análise de tabelas e gráficos, funções e aritmética básica.
Assuntos como análise combinatória, que aparecem de maneira mais contida na prova, mas sempre entre as questões mais difíceis, também tiveram presença na edição atual (incluindo uma questão sem resposta correta, posteriormente anulada).
Vale ressaltar que essa questão anulada parece ser uma boa notícia para alguns, pois ela não era um exercício fácil de ser resolvido. No entanto, também houve surpresas, pois o conteúdo de Matriz que foi cobrado não costumava cair tão frequentemente. Apesar de não tão complexa de ser resolvida, estudantes que deixaram de lado o estudo de matrizes podem ter enfrentado grandes dificuldades com essa questão.
O segundo dia de exame do Enem teve cerca de 70% dos inscritos realizando as provas de Ciências da Natureza e Matemática e já na quarta-feira (01) foi publicado pelo Inep o gabarito oficial da prova (que pode ser consultado aqui). Para ter uma simulação de nota confiável no TRI e conhecer as possibilidades de aprovação nas diferentes faculdades brasileiras por meio do Sisu, também já está disponível (clique aqui). Acesse, confira e boa sorte na última etapa sua jornada rumo à tão sonhada universidade.
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*artigo escrito por Lorenzo Ferrari Assú Tessari, especialista em aprendizagem e metodologias de ensino e diretor e cofundador da Gama Ensino e da Anole.