Crianças que aprendem segundo idioma têm melhor desenvolvimento cognitivo

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Estudos neurocientíficos mostram que, ainda na primeira infância, a imersão em mais de uma língua impacta positivamente o desenvolvimento linguístico. Médias mais altas no desempenho cognitivo e maior habilidade em bloquear distrações, reter a atenção, analisar e organizar as informações são algumas das habilidades adquiridas por crianças que aprendem um segundo idioma. 

Uma pesquisa feita pela Universidade de Stanford, na Califórnia, intitulada “Bilingual Brains”, revela que crianças bilíngues desenvolvem essas habilidades com mais facilidade e em níveis mais elevados. 

Cientistas descobriram que dominar dois idiomas provoca mudanças anatômicas no cérebro, aumentando a densidade da massa cinzenta. Assim, quanto mais cedo as crianças aprenderem a falar uma segunda língua, maior será o tamanho da massa.

Até os quatro anos, o cérebro da criança está em pleno momento de plasticidade, neurodesenvolvimento e formação de sinapses no sistema nervoso central. Esse processo permite que ela desenvolva o idioma em vez de aprender uma nova língua.  

Vale lembrar que o inglês é o idioma mais falado no mundo. Segundo dados da Ethnologue (2022), são 1,452 bilhão de pessoas que dominam a língua — sendo que mais de 50% dos falantes não são nativos, ou seja, nasceram em países onde o  idioma é secundário e não a língua materna.

Apostar num curso de inglês para crianças, portanto, pode ser um caminho importante para o futuro dos pequenos. 

Comportamento orientado para metas, foco e memória

De acordo com a pesquisa de Stanford, quando comparado aos menores que dominam apenas seus idiomas maternos, as crianças bilíngues que tiveram de cinco a dez anos de exposição a outro idioma alcançaram médias mais altas em desempenho cognitivo. Para isso, foram aplicados testes que detectaram também maior foco de atenção, resistência à distração e mais certeza para tomada de decisões. 

O estudo mostrou maior atividade nas redes do córtex pré-frontal, que apoiam o comportamento orientado para metas. Esse aspecto inclui direcionamento do foco atento, automonitoramento, julgamento, priorização, controle inibitório, planejamento, memória de trabalho e análise.

Em entrevista à imprensa, Sulene Pirana, otorrinolaringologista e membro do Núcleo de Estudos de Desenvolvimento e Aprendizagem da Sociedade de Pediatria de São Paulo, afirma que o aprendizado de mais de um idioma ao longo da infância fornece benefícios físicos, sociais e emocionais. 

Como esclarece a médica, o cérebro de uma criança bilíngue é mais rico em informações. Isso porque quando o pequeno tem que usar mais de uma língua, ele precisa tomar decisões sobre qual idioma usar a todo momento. É essa dinâmica que auxilia no desenvolvimento da capacidade de tomada de decisões, inclusive em outras situações do cotidiano. 

Já o benefício social, segundo a especialista, dá-se por conta da capacidade dessa criança em se comunicar em diversos ambientes e com pessoas de diferentes nacionalidades. 

Estímulo para além das salas de aula

Também em entrevista à imprensa, Fernando Gomes, neurocirurgião e neurocientista do Hospital das Clínicas de São Paulo, diz que não ter estímulos constantes no ambiente domiciliar é o maior desafio para a criança durante o processo de aprendizado de outra língua.

Gomes afirma que é importante ir além do conceito, apostando na imersão e na prática diária. Quando o reforço positivo ocorre em todos os momentos nos quais se experimenta a vivência, mais se consolida o aquilo que foi aprendido.

Assim, além do curso de inglês e das aulas tradicionais, é importante inserir atividades lúdicas e prazerosas no contexto da aprendizagem infantil. Para isso, pais ou responsáveis podem incorporar práticas simples no momento de lazer que incentivem o interesse das crianças pelo idioma.

As experiências são também momentos de troca afetiva com as crianças. Dinâmicas cotidianas e imersivas fazem a diferença para a aprendizagem durante as brincadeiras e de maneira espontânea. Cantar, ler livros infantis, jogar e assistir a filmes, desenhos animados e séries apropriadas para a idade são alguns exemplos.  

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