por Vinicius Vieira Mota
A intervenção terapêutica ocupacional objetiva minimizar os efeitos debilitadores no comportamento, aprendizagem e desenvolvimento do sujeito com TEA, promovendo a ele o maior nível de autonomia, independência e engajamento em suas ocupações, ou seja, nas atividades de autocuidado (alimentação, vestuário, higiene pessoal), nas atividades de lazer, na escola, no trabalho, o que implica na sua participação social e na sua qualidade de vida, bem como de seus familiares.
A partir do tratamento adequado, a pessoa com TEA pode aumentar sua concentração, brincar funcionalmente, atender aos comandos, resolucionar problemas, ter consciência do seu corpo e da sua força, melhorar desempenho em atividades físicas, ser capaz de realizar encaixes, quebra cabeças, pintar, recortar, escrever de forma adequada. Com as devidas orientações e treinos, pode aumentar o nível de independência para alimentar-se, vestir-se, amarrar o cadarço, abotoar roupas, usar o banheiro, tomar banho, escovar os dentes, pentear-se, preparar as refeições, reconhecer e dar uso ao dinheiro, fazer compras, cumprir tarefas domésticas.
O tratamento pode acontecer em contexto clínico, escolar, nos espaços públicos e até no próprio domicílio. Nesse caso, a grande vantagem do atendimento é conseguir fazer o ensino de habilidades no ambiente natural, levando em consideração o contexto real que a pessoa está inserida na maior parte do seu tempo, observando todas as variáveis que estão envolvidas em sua dificuldade, fazendo as adaptações necessárias para facilitar o ensino, desde mudanças arquitetônicas e de mobiliário, quanto na estrutura da atividade. Por exemplo, ao verificar a execução de uma atividade de higiene oral sendo feita dentro do chuveiro, o terapeuta pode sugerir a mudança do local para o lavatório, inserindo um espelho e um banco que faça a pessoa estar na altura adequada para enxergar a si mesma e acessar a torneira de forma ergonômica. Dessa forma, aumentará a probabilidade dela conseguir executar com êxito essa tarefa, facilitando o ensino.
Além disso, nos casos mais graves, estando no próprio domicílio, a pessoa com TEA sente-se mais segura e confortável, permitindo com mais naturalidade o ensino, sem precisar passar pela adaptação ao ambiente novo, como costuma acontecer no contexto clínico e institucional.
Tendo em vista a dificuldade de algumas famílias acessarem à Amaes, por motivos diversos, desde problemas de mobilidade à comportamentais, agravados ainda mais pelo contexto pandêmico, foi criado um projeto para atendimento de dez famílias munícipes de Vitória-ES em seus domicílios.
Esse primeiro e grande passo representa de fato a inclusão que tanto lutamos, levando o tratamento àqueles que estão impedidos de vir até ele. Dessa forma, além de não ficarem desassistidos, ainda recebem todos os benefícios da intervenção terapêutica ocupacional realizada em ambiente domiciliar descritos anteriormente.
Vinicius Vieira Mota é Terapeuta Ocupacional, Atuante na Amaes, Clínica Protea, Clínica Máximo Varejão e atendimento domiciliar.