A importância da neuropsicopedagogia clínica e institucional no desenvolvimento das pessoas com TEA

Artigo científico escrito por Cláudia Rodrigues dos Reis

A Neuropsicopedagogia é uma ciência que envolve o saber, psiquê e a mente. O neuropsicopedagogo, têm o papel de orientar, ensinar, dar assistência ao autista tanto clínico como institucional. A inclusão das crianças com TEA no espaço escolar consiste em um processo de adaptação, formação de identidade, desenvolvimento de confiança e socialização. Desta maneira, a relação desta criança com os professores, os demais alunos e a equipe de funcionários são fundamentais para promover a sua comunicação, interação e inclusão e isso pode ser feito por um neuropsicopedagogo.

Saibamos que, nenhum Autista é igual. Portanto, nenhum tem uma fôrma, mas uma forma de ensino aprendizagem para cada um.

Existem vários desafios para a inclusão das crianças com deficiência, que vão desde a disposição dos recursos físicos, a promoção da acessibilidade até a formação de atitudes favoráveis à inclusão outras crianças.

Em nenhum momento criança com deficiência, (o autista) deve ser vetado a sua participação, pelo contrário, a criança deve ser incentivado, tanto pela escola, quanto pela família, a participar de todas as atividades juntamente com seus amigos de sala, ele tem o direito de estar presente e participando ativamente, com auxílio e acompanhamento dos professores e profissionais como pedagogos, neuropsicopedagogo, psicopedagogo entre outros, de todas as atividades escritas e lúdicas, dos momentos de brincadeiras, das atividades de educação física, das atividades de projeto, de saídas pedagógicas e das atividades comemorativas.

É importante ressaltar que esse aluno, além do apoio escolar e familiar, teve também, acompanhamento com neurologista, psicólogo, neuropsicopedagogo e fonoaudiólogo, que são essenciais para auxiliar no desenvolvimento da criança com autismo.

Com relação aos procedimentos técnicos, é uma pesquisa bibliográfica e o assunto que se deseja esclarecer. O tema e o problema do artigo, estão relacionados as aptidões e respostas necessárias para as dificuldades das Crianças Com Deficiências. Segundo Manzo (apud LAKATOS; MARCONI, 2007, p.185).

‘A bibliografia pertinente oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente’ […]. Dessa forma, pesquisa bibliográfica não é uma mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia um exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.

O objetivo da Neuropsicopedagogia e a Educação Inclusiva será de unificar a teoria e a prática de uma educação com equidade, efetiva e afetiva orientar e explorar as potencialidades das crianças com deficiência, utilizando técnicas pedagógicas, jogos interativos com ajuda do professor/mediador, envolver a criança em brincadeiras interativas juntamente com as outras crianças, onde o professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE) deve identificar a habilidade e as necessidades delas para seu efetivo desenvolvimento/aprendizagem.

A neuropsicopedagogia e a inclusão do autista no âmbito escolar, precisa haver uma parceria de todos os dias, têm pais que não conhecem os direitos dos seus filhos com autismo e agem de forma ignorante ou simplesmente não agem por não aceitarem que seu filho tenha uma deficiência, o que acaba prejudicando seus filhos, deixando-os sem o devido acompanhamento e cuidado, dificultando assim sua aprendizagem e sua socialização.

A importância da Neuropsicopedagogia e a Educação Inclusiva nas instituições de educação ajudará a formar uma sociedade mais humana e preparada para a aceitação dessas crianças que serão futuros adultos, onde, como qualquer ser humano, terão o direito de exercer a sua cidadania como cidadãos de bem. Quanto mais cedo incentivar a socialização da criança com autismo com as outras crianças, melhor será a aceitação perante a sociedade, pois o autista já terá o entendimento da vida em sociedade, se esforçando para não se isolar, e a sociedade tendo essa convivência com o autista, saberá respeitar o seu limite.

Segundo a Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia – SBNPp, a Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociência aplicada à educação, com interfaces da Psicologia e Pedagogia que tem como objeto formal de estudo a relação entre cérebro e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e escolar:

A Neuropsicopedagogia é uma área de conhecimento e pesquisa na atuação interdisciplinar, voltada para os processos de ensino-aprendizagem, que integra avaliação e a intervenção em situações que envolvam esses processos no plano individual ou coletivo. Ela ainda é considerada uma práxis (prática fundamentada em 8 referenciais teóricos) e não uma ciência.

Entende-se como: “Área de estudo das neurociências na qual objetiva a análise dos processos cognitivos, potencialidades pessoais e perfil sócio – econômico, a fim de construir indicadores formais para a intervenção clínica frente aos educandos padrões com baixo desempenho e que apresentam disfunções neurais devido a lesão neurológica de origem genética, congênita ou adquirida.” (ROTTA Apud COSENZA:2010).

A contribuição da neuropsicopedagogia para a inclusão das crianças com autismo no século presente é uma persistente batalha, a porta da igualdade social e suas superações, capaz de observar não só o comportamento, mas o que se passa dentro da mente. Pois ainda há discriminação preconceito e a não aceitação de crianças com autismo, já que a rejeição da sociedade desinformada é constante, pois a dor nem sempre vem através de uma ferida visível, para intrínseco na mente e na alma.

Pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, artigos 58 e 59, define como crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um aluno por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou privado.

Por isso, é importante a capacitação e a especialização dos professores nesta área, para saberem como incluir, ensinar e socializar essas crianças com deficiência em um ambiente normal. O ideal seria que todas as escolas, públicas e particulares, tenham professores de educação especial, pois essas pessoas se especializaram nesse tipo de atendimento, a crianças com deficiências, tendo assim, uma facilidade para esse tipo de trabalho.
Existem bases para que a neuropsicopedagogia, entre elas estão:

• Lei 3124/97 – Senado Federal. • Certificado de especialista com registro no MEC – CNE; • Estar devidamente registrado na ABPp;

Em dezembro de 2012 alguns dos direitos dos autistas no Brasil passaram a ser assegurados pela já citada Lei nº 12.764, chamada de “Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista”.

Resumidamente, a lei reconhece que as pessoas com este transtorno possuem os mesmos direitos que todos os outros pacientes com necessidades especiais no Brasil. Entre outros aspectos, a legislação garante que os autistas podem frequentar escolas regulares e, se necessário, solicitar acompanhamento nesses locais.

A neuropsicopedagogia possui um código de ética, nela o profissional tem o dever de jurar cuidar dos seus pacientes de forma imparcial e comprometedora com a profissão:

CONSIDERANDO ser o Código de Ética Técnico Profissional da Neuropsicopedagogia, sobretudo, um código de ética humano, que contém normas, princípios e diretrizes que devem ser seguidos, e se aplicam às pessoas físicas e jurídicas devidamente associadas à Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia – SBNPp, por adesão, demonstrando, portanto, a total aceitação aos princípios nele contidos.

Os alunos com necessidades especiais de aprendizagem se desenvolvem quando não são rotulados. A escola é o primeiro lugar que a criança frequenta fora de seu círculo familiar e a maneira como ela é tratada lá pode marcar toda a sua vida. Por isso, é preocupante quando, em encontros de formação com professores, perceber que alguns – muitas vezes, de forma inconsciente – rotulam os alunos, principalmente os que têm necessidades especiais de aprendizagem.

É possível perceber isso ao ouvir, deles mesmos, expressões fortes, capazes de marcar os estudantes. Por exemplo: “O Marcos é Down”. Melhor seria que o verbo fosse “ter” no lugar de “ser”, como “o Marcos tem Down”… “Quando dizemos que alguém é, automaticamente imputamos a ele um significante que o distingue dos outros. Quando os educadores agem assim, petrificam o estudante numa identidade que pode mortificá-lo.” (UNISEB, p.79)

O neuropsicopedagogo não só atende um ser humano, mas tem a função de olhar o individual, a singularidade de cada aluno/paciente. Tem o papel de criar rotina, materiais pedagógicos para o bom desempenho e desenvolvimento da criança com autismo, gerando a curiosidade, comunicação e contato.

Segundo Bosa:

Relacionado à questão das rotinas, Kanner identificou as dificuldades das crianças autistas a lidarem com a mudança. Ou seja, algo que pudesse alterar uma organização, situação seria sentido por estas crianças. Conforme Bosa (2002) estas considerações de Kanner são fundamentais para que hoje se compreenda a necessidade de previsibilidade na educação e socialização de crianças autistas (BOSA, 2002, p. 03).

O neuropsicopedagogo está em fazer com que a real inclusão aconteça, o ideal é aplicar as mesmas atividades feitas com as crianças neurotípicas, também sejam feitas com as crianças/alunos/pacientes autistas, sejam elas manuais, psicomotora e sensoriais, para que assim haja equidade e igualdade para com todas as crianças, pois essa inclusão os torna um participante ativo nas atividades escolares, clinicas e na vida.

Porém, é necessário incentivar e acompanhar a criança com autismo em suas atividades manuais e físicas, para que ela se desenvolva como as demais crianças, aguçando suas habilidades, criatividade e desenvolvimento psicomotor, além de estimular à livre expressão, a cooperação mútua, a iniciativa, a curiosidade, ação e socialização.

CONCLUSÃO

A importância do desenvolvimento da criança com autismo( TEA), necessita de um olhar atento de um excelente profissional, essa função tão privilegiada dos neuropsicopedagogos, não traz apenas às necessidades de cada aluno/criança/paciente, mas também traz um foco em suas potencialidades, responsável para estruturar a rotina da criança. Todas as estratégias são fundamentais para que a criança autista cresça cognitivamente e socialmente. Nesse sentido, o neuropsicopedagogo tem o dever de compreender como as crianças com espectro autista (TEA), interagem com as pessoas, objetos em ambientes institucionais e clínicos e como são realizadas as mediações por esses profissionais. Nesses momentos são aspectos de grande relevância para a elaboração de estratégias de intervenção que favoreçam a interação social e o processo de inclusão escolar e clínico.

A importância é uma via de mão dupla. O neuropsicopedagogo é um profissional de suma importância para cada Autista. A sociedade precisa valorizar um bom profissional, conscientizar-se que, apesar da criança ter alguma deficiência, não significa que ela seja incapaz. A obrigação, se especializar para entender a dificuldade que essa criança tem, após isso, deve-se trabalhar com atividades pedagógicas diferenciadas, com o objetivo de atrair a atenção e a concentração dessa criança para a aprendizagem. O tipo de atividade e o modo a ser trabalhado varia de acordo com o tipo de deficiência que a criança apresenta (seja alunos com deficiência física, intelectual, visual, auditiva, múltiplas, transtornos do espectro autista (TEA), altas habilidades / superdotação), pois cada uma delas tem uma necessidade especial diferente. Afinal, todo autista nasce ser humano, mas nem todo ser humano nasce autista, pois o neuropsicopedagogo ajuda para que todos sejam, não apenas aceitos, mas, respeitados não por suas condições de vida vitimizada, mas pela importância dela, sem segregação, sem exclusão.

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