Por Alexandre Ruschi*
Tema recorrente nos debates que tratam das questões sociais que afligem a população mundial, o acesso à saúde de boa qualidade, traduzida especialmente por uma longevidade saudável, representa um desafio permanente e quase sempre negligenciado. Como podemos transformar essa realidade?
Mais recursos financeiros destinados à sustentação das políticas de saúde nos seus diversos modelos constituídos? Melhor qualificação dos profissionais de saúde? Acesso garantido a médicos especialistas a qualquer tempo e hora? Se considerarmos o PIB mundial próximo de U$100 trilhões e algo próximo a 7% destinados à saúde mundial, estaremos próximos de U$7 trilhões para garantir acesso pleno, desde a atenção primária (base dos modelos melhores sucedidos no mundo) até a atenção terciária (aquela que garante acesso às mais modernas tecnologias e tratamentos disponíveis).
Seriam esses recursos financeiros suficientes para prover uma saúde de boa qualidade para a população mundial, garantindo-lhes uma longevidade saudável? Qual contexto deveríamos avaliar para que o conceito pleno de saúde fosse alcançado?
Certamente, estamos diante de um dilema de solução inalcançável se insistirmos em uma visão pontual, restritiva, com foco exclusivo no controle e tratamento de doenças, como assistimos mundo afora. E, no Brasil, não é diferente!
Com iniciativas acanhadas tanto na gestão pública como na gestão privada, continuamos resistindo na adoção de um modelo de atenção à saúde que seja sustentado por iniciativas de promoção de saúde e prevenção de doenças, em detrimento de um modelo que privilegia a atenção terciária.
Com recursos financeiros ilimitados, que esgotam a capacidade dos entes envolvidos na consolidação de um modelo capaz de coordenar o cuidado e privilegiar o acesso via atenção primária,o atual modelo fracassou não somente no seu desempenho econômico-financeiro como nas entregas de indicadores que traduzam evolução na qualidade da saúde entregue as populações.
Já passou da hora de mobilizarmos toda a sociedade brasileira e mundial, conectando as iniciativas de saúde pública com a saúde privada, buscando soluções perenes, que promovam a saúde no seu conceito amplo de bem-estar social, físico e mental, como legado de todo ser humano. Nem mesmo os EUA, maior economia do mundo, que destina hoje, algo em torno de 18% de seu gigantesco PIB para a saúde (o maior de todos os países do mundo), alcançou um mínimo de equidade no acesso à saúde, convivendo com indicadores de saúde populacional sofríveis.
Como desconsiderar realidades que estão ao nosso dispor ao reconhecer regiões do mundo, que, com a simples adoção de hábitos alimentares e de vida saudáveis, são reconhecidas como modelos de longevidade, menor taxa de doenças como cancer,diabetes,doencas cardiovasculares dentre outras.
Estas são as “5 zonas azuis” mundo afora: Okinawa (Japão); Loma Linda (EUA); Icária (Grécia); Península de Nicoya (Costa Rica) e a Sardenha, na Itália.
Vale a pena ler algum dos livros do pesquisador Dan Buettner.
Não fosse o meu amor pelo Brasil, minha origem italiana me levaria para a Sardenha!
Quem sabe um dia incluiremos alguma região do Brasil nesta lista.
Depende de nós!
*Alexandre Ruschi – Médico Cirurgião Geral e Coloproctologista. Presidente Executivo da Federação das UNIMEDs do ES