A queixa de pais que se sentem distantes de seus filhos é algo cada vez mais frequente. As famílias estão perdendo a luta contra as telas não importa a idade. É comum vermos crianças e adolescentes trocando brincadeiras e jogos coletivos e presenciais por conexões virtuais.
E como podemos combater isso?
Precisamos ofertar algo que seja mais atrativo e divertido do que o efeito prazeroso que as telas geram.
Estamos tendo que lutar com as armas que temos para compartilhar mutuamente a atenção no aqui e agora com pessoas reais diante de nós.
Pessoas virtuais, jogos virtuais, brincadeiras virtuais ganham espaço que deveria ser preservado.
O laço social está enfraquecido. Famílias se desconectam em presença física para se conectarem com pessoas virtuais.
Brincadeiras criam conexão
Uma boa saída para isso são os prédios com lazer completíssimos como aliados neste combate para não perdermos o essencial que é a troca entre pessoas.
Pode soar como saudosismo, mas é nas brincadeiras de rua que nos constituíamos. Podíamos experimentar na relação com o outro suas reações e emoções como resposta ao nosso comportamento.
Podíamos sentir o limite do outro e aprender sobre os nossos próprios, pois é no brincar que aprendemos sobre: regras; o tempo do outro; limites; ganhar e perder; prazer e desprazer; administrar a frustração; acolhimento; espírito esportivo e coletivo entre outras.
Com a violência crescendo nas ruas, é cada vez mais atrativa a ideia de deixar uma criança plugada nas telas para se proteger do mundo lá fora, expondo-as muitas vezes a outros riscos e perdas, dentre eles a dificuldade de se relacionar em sociedade devido à falta de contato com pessoas fora do seu círculo familiar.
Hoje em dia vemos empreendimentos que oferecem espaços de interação entre a pequena comunidade do condomínio que pode ajudar em muito no desenvolvimento das crianças e adolescentes.
É possível ver também espaços como sala de jogos e diferentes tipos de quadra que podem facilitar o tempo de brincadeira em família, criando vínculos e conexões mais fortes.
Vivemos em tempos onde o individual é soberano ao coletivo, e com isso estamos nos tornando uma sociedade cada vez mais egocêntrica e muitas vezes agressiva. A inversão dessa ordem tem nos custado caro enquanto sociedade.
Precisamos pensar em espaços capazes de proporcionar interação social real, segura e atrativa para que estes momentos de troca e aprendizado voltem a cena principal na vida de crianças e adolescentes em desenvolvimento.
Talita Espindula Passos Costa Medeiros Borges
Psicóloga e psicanalista, especialista em crianças e adolescentes; pós-graduada em Neurociências, Desenvolvimento e Educação. Atua na área clínica desde 2012